Um problema que não se vê, mas que o coração sente! As cardiopatias congênitas são um grupo de doenças crônicas do coração que incidem, muitas vezes, no bebê
Redação Publicado em 18/06/2018, às 00h00 - Atualizado às 14h32
Um problema que não se vê, mas que o coração sente! As cardiopatias congênitas são um grupo de doenças crônicas do coração que incidem, muitas vezes, no bebê ainda em formação no útero materno. Entre 2015 e 2016, essas doenças levaram a óbito pelo menos 50 bebês de até um ano na região de São José do Rio Preto, de acordo com o Departamento de Informática do Sus (Datasus).
O alerta foi lançado na última semana com a realização da 1ª Caminhada da Cardiopatia Congênita, graças ao trabalho de excelência do Hospital da Criança e Maternidade, nas pessoas dos profissionais que integram a equipe do médico Ulisses Alexandre Croti, chefe do Serviço de Cardiologia e Cirurgia Cardiovascular Pediátrica de São José do Rio Preto e membro do Corpo Editorial do Brazilian Journal of Cardiovascular Surgery.
Professor Livre-docente e orientador na Pós-graduação da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (FAMERP), Ulisses Cotri tem trabalhado de forma incansável para salvar vidas e, também, para divulgar o Dia Nacional de Conscientização da Cardiopatia Congênita (12 de junho). A data foi instituída para reforçar a importância do diagnóstico precoce e os desafios do acesso integral à saúde aos portadores dessas doenças.
A cardiopatia congênita ocorre devido a uma alteração da estrutura cardíaca durante o desenvolvimento embrionário. Das seis milhões de crianças que nascem por ano no Brasil, em torno de 20 mil têm o problema, mas menos da metade são operadas, pela falta de diagnósticos precoces, e, principalmente, pela falta de estruturas hospitalares em nosso País. Esse total anual de cardiopatas representa número oito vezes maior do que a Síndrome de Down.
É considerada a doença congênita mais comum e a que mais leva a óbito. No Brasil, a cada 120 crianças que nascem, uma tem problema no coração. Pela relevância desses dados é que se faz indispensável à conscientização da doença através da realização de seminários, reuniões, palestras, caminhadas ou outros tipos de eventos de esclarecimento baseados no conhecimento de especialistas no assunto.
Como médico há mais de 40 anos, posso afirmar que o atendimento integral à criança com cardiopatia no Brasil ainda é um dos maiores desafios do Sistema Único de Saúde (SUS). As dimensões continentais de nosso País e a distribuição geográfica desigual dos insuficientes centros de referência de Cardiologia e Cirurgia Pediátrica são fatores determinantes neste processo.
É muito importante detectar a doença desde antes de o nascimento, entre o sexto e o sétimo mês de gestação. A família deve solicitar o exame do ecocardiograma fetal; caso esse teste não esteja disponível, a melhor opção é o teste do coraçãozinho, garantido por lei desde 2014. Ele deve ser realizado antes das 48 horas de vida e antes da alta hospitalar do bebê. O teste é simples, rápido, indolor e não tem custo.
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