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Reaproximação de Bolsonaro faz diálogo acontecer entre alas rivais do PSL

A reaproximação entre  Jair Bolsonaro (sem partido) e o PSL deu gás a uma articulação interna entre os grupos rompidos. O presidente nacional do PSL, Luciano

Reaproximação de Bolsonaro faz diálogo acontecer entre alas rivais do PSL
Reaproximação de Bolsonaro faz diálogo acontecer entre alas rivais do PSL

Redação Publicado em 27/08/2020, às 00h00 - Atualizado às 13h13


Presidente do partido, Luciano Bivar designou deputado aliado para gerir reconciliação e “aplacar os ânimos” do partido que elegeu Bolsonaro

A reaproximação entre  Jair Bolsonaro (sem partido) e o PSL deu gás a uma articulação interna entre os grupos rompidos. O presidente nacional do PSL, Luciano Bivar, incumbiu o deputado federal Felício Laterça (RJ) de ouvir os deputados bolsonaristas e tentar fechar as feridas abertas desde 2019.

Laterça foi escolhido por Bivar por ter se indisposto menos com o grupo de Carla Zambelli, Luiz Philippe de Orleans e Bragança, Bia Kicis, Daniel Silveira e companhia. Os principais nomes da chamada “ala bivarista”, como os deputados federais Júnior Bozzella e Joice Hasselmann e o senador Major Olimpio, estão insatisfeitos com a reaproximação. Eles foram os mais atacados pela militância bolsonarista após o rompimento de Bolsonaro.

“Minha missão é entender o sentimento geral e aplacar os ânimos. Amanhã se a gente entender que é benéfico termos de novo do presidente conosco novamente, tudo bem. Mas uma coisa é ter o presidente de volta. Outra coisa é ter os deputados bolsonaristas”, diz Laterça.

A principal solicitação do grupo de Bolsonaro é que o PSL derrube a suspensão dos deputados alinhados ao presidente. A ala mais ideológica confia também que Luciano Bivar possa interferir na eleição de São Paulo, tirando Joice Hasselmann da disputa pela Prefeitura e colocando um nome mais simpático a Bolsonaro.

Um interlocutor do deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança, o mais cotado pelos bolsonaristas para a vaga de Joice, diz que “agora os dados estão lançados”. O parlamentar se reuniu recentemente com Bozzella, que é presidente do PSL paulista e aliado da atual pré-candidata à Prefeitura, para defender sua candidatura. O PSL ainda não bateu o martelo.

A ala bivarista, no entanto, se mostra descrente de que o “namoro reatado” renda frutos para os deputados que brigaram para sair do partido e ajudar a construir o Aliança pelo Brasil .

Na semana passada, Joice Hasselmann deu indicativos de que o PSL está disposto a ter apoio de Bolsonaro sem precisar mexer na candidatura em andamento. Ela afirmou, em entrevista ao apresentador José Luiz Datena, ser a melhor candidata para ser apoiada por Bolsonaro.

Ao GLOBO, Joice afirmou que se o presidente quiser “resgatar as bandeiras com as quais foi eleito, será bem-vindo”. Mas disse que a reaproximação foi iniciativa exclusiva de Bolsonaro.

“O que não queremos é alguém que venha gerar mais divisão. Sempre defendi as bandeiras lavajatistas e do governo. Quem desvirtuou isso no meio do caminho foram os bolsonaristas”, declara.

A pré-candidata do PSL também disse que a reaproximação tem que ser feita “com respeito, e não no tapetão”, referindo-se à tentativa dos bolsonaristas de emplacar o nome de Orleans e Bragança ao pleito, em seu lugar.

Questionado se essa reaproximação tem vistas a uma candidatura de Bolsonaro a reeleição em 2022, Felício Laterça afirmou que a ideia é incipiente, mas defende que nenhuma outra sigla se encaixa melhor ao presidente que o PSL.

“Qual partido que não sente a saída do presidente da República? Eu acho possível (Bolsonaro concorrer à reeleição pelo PSL). Nenhum outro partido tem a estrutura do PSL na direita”, diz ele.

Retorno em suspensão

Jair Bolsonaro disse, em reunião convocada por ele mesmo com deputados do PSL na última quarta-feira, que só discutirá o eventual retorno ao partido após a eleição à presidência da Câmara dos Deputados no início do ano que vem.

“O PSL já fez o mais importante que nós pedimos, que é o compliance, a transparência nas contas”, afirma Bibo Nunes (RS) sobre a possibilidade de pacificação na sigla.

Segundo Bibo Nunes, Bolsonaro deixou claro na reunião que não quer influenciar nem nas eleições municipais, nem na eleição para a presidência da Câmara. Por isso, só depois deve discutir a filiação a algum partido.

Bivar e Bolsonaro se desentenderam no segundo semestre do ano passado, levando a um racha no partido. A bancada na Câmara se dividiu entre aliados de cada um dos dois e Bolsonaro organizou a criação da sua própria legenda, o Aliança pelo Brasil, que ainda não saiu do papel.

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Agência O Globo
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