O desempenho da economia brasileira em 2018 tem frustrado as expectativas de analistas e consumidores. Mesmo depois de superar a recessão de dois anos e
Redação Publicado em 20/09/2018, às 00h00 - Atualizado às 10h26
O desempenho da economia brasileira em 2018 tem frustrado as expectativas de analistas e consumidores. Mesmo depois de superar a recessão de dois anos e voltar a crescer em 2017, a atividade econômica vem apresentando crescimento lento nos últimos trimestres. O G1 ouviu as opiniões dos assessores econômicos dos candidatos à presidência sobre esse tema (veja mais abaixo).
Três perguntas sobre crescimento
Qual deve ser o motor do crescimento? | Qual a meta de crescimento? | Qual a proposta para o comércio externo? | |
Guilherme Mello (Fernando Haddad – PT) | Consumo e infraestrutura | Sem meta numérica | Reforçar protagonismo com parceiros, inclusive dos Brics, da África e da América Latina |
Marco Bonomo (Marina Silva – Rede) | Aumento da produtividade e infraestrutura | Sem meta numérica | Finalizar acordos em negociação; não existe predileção política por nenhum tipo de parceiro |
Nelson Marconi (Ciro Gomes – PDT) | Infraestrutura, incluindo investimento público | 5% ao ano a partir do 2º ano de governo | Câmbio baixo, juro competitivo, apoio a exportadores |
Paulo Guedes (Jair Bolsonaro – PSL) | O economista não respondeu ao pedido de entrevista; os assuntos das perguntas não são mencionados na proposta de governo e não foram comentados por Guedes na entrevista à Globonews. | – | Redução de muitas alíquotas de importação e das barreiras não-tarifárias |
Pérsio Arida (Geraldo Alckmin – PSDB) | Agronegócio e infraestrutura | Sem meta numérica | Ampliar acordos e reduzir tarifas de importação demandando reciprocidade dos países parceiros |
No começo deste ano, os analistas consultados pelo relatório Focus, do Banco Central, esperavam que o Produto Interno Bruto (PIB) fosse crescer 2,7% em 2018. Agora, a estimativa é de 1,5%. Órgãos, bancos e consultorias e o próprio governo também reduziram suas projeções de crescimento.
Em 2017, o PIB cresceu 1% após 2 anos de queda, puxado pela forte expansão do agronegócio. Já no primeiro trimestre de 2018, a alta foi de apenas 0,1%, seguida por avanço de 0,2% nos três meses seguintes.
Desde segunda-feira (17), o G1 publica ao longo desta semana uma série de reportagens sobre as propostas eleitorais em relação aos principais temas econômicos. Foram consultados os assessores econômicos dos cinco candidatos mais bem posicionados nas pesquisas.
Assim como os demais partidos, a campanha de Jair Bolsonaro (PSL) foi procurada com 2 semanas de antecedência, mas não aceitou conceder entrevista no prazo proposto pelo G1. As opiniões sobre os temas são as que constam do programa de governo do candidato e as expressadas pelo economista do partido em entrevista à Globonews.
A série de reportagens vai abordar os seguintes temas:
Veja abaixo a avaliação e propostas dos economistas (em ordem alfabética):
“A retomada do crédito é fundamental na economia brasileira. O Brasil tem um mercado consumidor muito potente e é exatamente o principal motor da economia brasileira. E hoje ele está muito machucado pelo alto desemprego e pela falta de crédito.”
“Nesse primeiro momento, o consumo é fundamental para tirar a economia da estagnação. Em paralelo, evidentemente deve haver um processo de recuperação do investimento. Num segundo momento, vai ocorrer a ampliação da capacidade produtiva junto com uma série de investimentos em infraestrutura, e aí haverá um crescimento maior do investimento do que do consumo, o que deixará a economia mais sustentável ao longo do tempo.”
“A gente evita trabalhar com número fechados. O crescimento econômico depende de mil fatores. De repente tem outra crise internacional e aí, pronto. Mas já neste primeiro ano a gente quer sair deste marasmo de 1%, 0,5%.“
“A proposta do partido está diretamente relacionada com a retomada de uma inserção externa ativa. É preciso construir relação comercial com os nossos parceiros prioritários que estão dispostos a comprar os nossos produtos manufaturados, não só os nossos produtos agrícolas. Precisamos reforçar o protagonismo com os nossos parceiros, com os Brics, África e América Latina.”
“Uma coisa é sair do buraco com crescimento medíocre. Ou a gente pode sair do buraco e ter um crescimento maior. Hoje em dia, todo mundo estima que a taxa de crescimento estrutural da economia brasileira no longo prazo não passa de 2%, 2,5%, o que é baixo.”
“Para estimular a economia a crescer no longo prazo, é preciso aumentar a produtividade da economia. E para aumentar a produtividade, precisa melhorar a eficiência. Uma coisa fundamental é a abertura comercial. O Brasil é um dos países mais fechados do mundo. Estamos cheios de regras na economia de conteúdo nacional. Na agenda da produtividade, ainda tem a reforma tributária. A educação também é fundamental porque a produtividade da força de trabalho depende da educação. A infraestrutura é outro gargalo para o nosso crescimento de longo prazo. O Brasil investe menos de 2% do PIB. Precisaria de 4,5% do PIB por duas décadas para recuperar a infraestrutura.”
“Eu acho que é atrativo eleitoralmente prometer o que não se pode controlar, prometer dobrar o PIB, dobrar a renda das pessoas. Essas promessas são baratas no sentido de que você está prometendo algo que não depende de você. Não trabalhamos desta forma.”
“Não existe predileção política por nenhum tipo de parceiro. O Brasil está trabalhando no acordo comercial com a União Europeia. É preciso tentar finalizar esse acordo. Há também acordo com a Aliança do Pacífico – com Chile, Colômbia, México e Peru. Ele também seria interessante.”
“O nosso objetivo é alcançar os indicadores de desenvolvimento humano de Portugal em 15 anos. É um país que está no grupo dos desenvolvimento, mas que tem indicadores factíveis de serem alcançados, além de ter um governo progressista. E não estou falando só da renda per capita, mas de vários indicadores sociais do país.”
“Num primeiro momento, precisa ter uma indução maior por parte do Estado (para gerar crescimento). O país precisaria investir 5% do PIB em infraestrutura para manter e recuperar o setor. Quando eu falo nesses 5%, estou falando tanto de investimento do setor público como do setor privado. ”
“O país tem de ter um crescimento médio de 5% ao ano. Acho difícil num primeiro ano, mas a partir do segundo estamos colocando esse número como meta.”
“A abertura é fundamental depois que a casa estiver em ordem. Eu não posso fazer uma abertura grande da economia sem que os empresários nacionais estejam em condição de competir de forma igual com os concorrentes deles no exterior. É preciso ter câmbio baixo, juro competitivo, infraestrutura adequada, uma rede de apoio para esses empresários no exterior e fazer acordos comerciais. Entendemos que o Mercosul, a União Europeia e a China são importantes.”
No programa de governo, o partido diz: “as economias de mercado são historicamente o maior instrumento de geração de renda, emprego, prosperidade e inclusão social. Graças ao Liberalismo, bilhões de pessoas estão sendo salvas da miséria em todo o mundo.”
Guedes não falou sobre os temas especificamente na entrevista à Globonews, e eles também não são mencionados no programa do partido.
No programa de governo, o partido diz: “Facilitar o comércio internacional é uma das maneiras mais efetivas de se promover o crescimento econômico de longo prazo. A evidência empírica é robusta: países mais abertos são também mais ricos. O Brasil é um dos países menos abertos ao comércio internacional, a consequência direta disso é nossa dificuldade em competirmos em segmentos de alta tecnologia. Do ponto de vista teórico, a dinamização do comércio internacional funciona como um choque tecnológico positivo no país, aumentando sua produtividade e incrementando seu crescimento econômico de longo prazo. Propomos, assim, a redução de muitas alíquotas de importação e das barreiras não-tarifárias, em paralelo com a constituição de novos acordos bilaterais internacionais.”
“O crescimento, antes de mais nada, depende de confiança. E o elemento crítico da confiança é a capacidade do governo hoje de sanear as finanças públicas e empreender as reformas de que o Brasil precisa. (…) Para o país crescer mais, precisa aprovar uma reforma previdenciária, precisa fazer a abertura da economia.”
“Na ótica dos setores, o agronegócio cresce mais que a economia praticamente o tempo todo. Ele claramente hoje é o setor mais dinâmico da economia brasileira e deve assim continuar. (…) E eu tenho a convicção de que a infraestrutura vai ser o próximo polo dinâmico da economia brasileira. Tem alguns aspectos óbvios disso, por exemplo retomar os leilões da ANP de petróleo, das áreas de concessão onerosa, é fundamental, tem uma enorme demanda para isso. Essa é a parte mais óbvia, mas como um todo vai ter muito investimento de infraestrutura no Brasil se o Estado fizer o básico: garantir um bom marco regulatório e segurança jurídica. (…) Eu acho que aí o Brasil vai captar muito dinheiro em investimento em infraestrutura.”
“Se o Brasil fizer a abertura comercial radical que precisa fazer, empreender reformas importantíssimas no sistema de educação (…), conseguir desburocratizar a economia, simplificar, reduzir todas as distorções causadas por políticas econômicas e atrair de fato volume de capitais, eu não vejo porque, no mundo atual, não possa crescer entre 4 e 4,5% ao ano. Claro que se o mundo piorar e o crescimento global diminuir, a estimativa tem que ser revisada. Mas o nosso governo não diz uma taxa de crescimento como meta porque não depende só de nós. A persistir a escalada protecionista no mundo, o crescimento global deve ser menor, o que é ruim para o Brasil.”
“Claro, tem guerra protecionista, mas tem muitas outras possibilidades também. O Brasil está fora das escaladas protecionistas, deve manter sua atitude a favor do livre comércio e deve trabalhar na direção de acordos comerciais bilaterais ou com entidades, como esse acordo com a OCDE, por exemplo, que é importantíssimo. Deve buscar acordo com os países do Pacífico, deve procurar parceria com a Grã-Bretanha pós-Brexit. E na medida do possível, evidentemente, não esmorecer a tentativa de derrubar as barreiras protecionistas contra nossos produtos nos Estados Unidos. (…) Temos que chegar numa tarifa máxima de 15% de importação, mas de uma forma pré-anunciada, que evite trancos na atividade produtiva, e associada a ganhos da abertura comercial de outros países para conosco. Vamos reduzir as nossas tarifas, parte do esforço tem que ser unilateral, mas parte do esforço tem que ser em troca. Vamos demandar reciprocidade.”
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