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G20 completa 10 cúpulas e lembra crise de 2008 para superar desafios atuais

Criado em meio à crise financeira internacional de 2008, o G20 completa em Buenos Aires 10 anos de cúpulas de líderes com uma composição bastante diferente da

G20 completa 10 cúpulas e lembra crise de 2008 para superar desafios atuais
G20 completa 10 cúpulas e lembra crise de 2008 para superar desafios atuais

Redação Publicado em 29/11/2018, às 00h00 - Atualizado às 09h20


Líderes das principais economias mundiais se reúnem em Buenos Aires na próxima sexta-feira e no sábado.

Criado em meio à crise financeira internacional de 2008, o G20 completa em Buenos Aires 10 anos de cúpulas de líderes com uma composição bastante diferente da primeira, realizada em Washington, mas com desafios tão complexos na economia e no comércio como os que motivaram o encontro inicial.

“Nós, os líderes do Grupo dos 20, realizamos uma reunião inicial em Washington em 15 de novembro de 2008, no meio de sérios desafios para a economia mundial e os mercados financeiros”, começa o texto que relata a declaração divulgada após o término da primeira reunião do principal fórum de debate econômico e político do mundo.

Da cúpula inicial, só seguem na mesa de debates a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan. Há também outras figuras quase tão assíduas, como os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da China, Xi Jinping.

A história do G20, porém, começa antes das cúpulas de líderes. O grupo nasceu em 1999 como um fórum de ministros de Fazenda e presidentes de Bancos Centrais. Foi só nove anos depois, quando a grande recessão provocada pelos Estados Unidos abalou a economia mundial, que os chefes de governo decidiram entrar em cena.

“Nossos países tomaram medidas urgentes e excepcionais para apoiar a economia mundial e estabilizar os mercados financeiros. (…) Devemos estabelecer os fundamentos da reforma para ajudar a garantir que uma crise global como esta não volte a ocorrer”, destacava a primeira declaração do G20, que teve como protagonistas George W. Bush (EUA), Hu Jintao (China), Gordon Brown (Reino Unido), Nicolás Sarkozy (França), Dmitri Medvedev (Rússia) e, representando o Brasil, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Do “time” inicial, apenas Merkel e Erdogan seguem no poder. A chanceler alemã já anunciou que não buscará a reeleição no próximo pleito. Já o presidente turco, reeleito em junho, participou da primeira edição da cúpula de líderes como primeiro-ministro.

O encontro foi considerado essencial para garantir a recuperação econômica mundial que se seguiu à crise de 2008. O sucesso do evento fez com que os líderes dos 20 países mantivessem a reunião, que foi realizada desde então em Londres e Pittsburgh (2009), Toronto e Seul (2010), Cannes (2011), Los Cabos (2012), São Petersburgo (2013), Brisbane (2014), Antalya (2015), Hangzhou (2016) e Hamburgo (2017).

Enquanto os cinco primeiros anos foram marcados pelas medidas para recuperação da economia global, com discussões sobre reformas financeiras e preocupação com a crise na zona do euro, a outra metade da década focou em outros assuntos também complexos, como o conflito na Síria, o terrorismo e a crise migratória mundial.

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Agenda e atritos

A Cúpula de Buenos Aires, a primeira realizada na América do Sul, não será diferente. Na agenda que será discutida entre sexta-feira e sábado, os líderes terão um cardápio de desafios tão espinhosos como as demais edições do evento.

A lembrança mais recente é a da Cúpula da Alemanha, no ano passado, a primeira com Donald Trump como presidente dos Estados Unidos. O estreante foi isolado pelos demais líderes, que fizeram uma aposta conjunta em defesa do Acordo de Paris contra a Mudança Climática – abandonado pelo governo americano -, mas conseguiram fechar com o republicano um compromisso em favor do livre-comércio.

Nos mais de 16 meses que se passaram desde aquela reunião, os atritos entre Trump e o resto do mundo só cresceram. As políticas protecionistas do governo americano geraram um temor global de uma guerra comercial com a China. As tarifas da Casa Branca sobraram até para a União Europeia (UE), principal aliada de Washington.

A diplomacia argentina, país que preside o grupo em 2018, promete se esforçar até o último minuto para aparar arestas e preparar a declaração que será debatida pelos líderes, com o objetivo que seja assinado em consenso por todos. Os temas mais complicados são os mesmos de Hamburgo: a defesa do sistema multilateral de comércio e a luta contra a mudança climática.

“O G20 existe para encontrar acordos que permitam superar crises. Neste momento, nesta situação que estamos com as atuais tensões, não podemos dizer que não há uma crise”, afirmou à Agência Efe o negociador-chefe da Argentina, Pedro Villagra.

Outros temas devem ganhar a atenção dos chefes de governo reunidos em Buenos Aires, como a questão migratória, com as caravanas de centro-americanos avançando em direção aos EUA, a escalada de tensão entre Rússia e Ucrânia, o Brexit, o acordo nuclear com o Irã e a polêmica presença do príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, suspeito de ter ordenado o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi no consulado do país em Istambul, na Turquia.

Para o presidente da Argentina, Mauricio Macri, anfitrião da cúpula, os líderes do G20 aprenderam com os anos a construir consensos por meio do diálogo, estabelecendo, de maneira conjunta, uma política global para enfrentar os desafios do mundo.

“Para resolver os desafios de hoje e amanhã, precisamos atuar com o mesmo sentido de urgência que nos uniu em 2008”, afirmou Macri em comunicado, convencido de que o papel da Argentina é ser um “mediador de boa fé”.

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