A possibilidade dos bebês de mães que tiveram o vírus da zika durante a gravidez desenvolver a microcefalia, mesmo depois de nascer, deixou a região ainda mais em alerta. Antes a preocupação era com a mãe ser infectada nos primeiros meses de gestação. Agora, a atenção está voltada também para os primeiros meses de vida.
Mas além da microcefalia, outros problemas de saúde também podem resultar em bebês que foram contaminados com o vírus durante a gestação. Por causa disso, a faculdade de medicina de São José do Rio Preto (SP) faz o acompanhamento de um grupo de 57 mães que teve a doença na gravidez. Foram registrados vários casos de mulheres que contraíram o vírus no período de gestação.
O estudo, feito por especialistas da Faculdade de Medicina de Rio Preto, concluiu que 45% das mães doentes transmitiram o vírus para os filhos. Desses bebês infectados, nenhum teve microcefalia, mas um terço apresentou algum tipo de problema congênito, como surdez de um dos ouvidos e problemas em um dos olhos.
Segundo Denise Vaz Oliane, chefe do departamento de ginecologia e obstetrícia da Famerp, é fundamental o acompanhamento desses bebês. “O importante agora que se saiba é o que nós chamaos da síndrome congênita do zika, que envolve não só a microcefalia, mas também a calcificação cerebral, alterações auditivas e visuais que devem ser acompanhadas. Algumas não vão ser detectadas durante a gestação, mas que devem ser detectadas nos primeiros meses de vida”, explica.
Lucélia Camargo foi uma das mães diagnosticadas com zika durante a gravidez. No caso dela, no quarto mês de gestação. Ela conta que, passado o susto, começaram os exames para acompanhar a evolução do Henrique na barriga. Foram feitos vários ultrassons e ressonâncias e nenhuma inconformidade foi encontrada.
O bebê dela está com três meses e ela conta que até completar um ano, o Henrique vai continuar passando por exames. Lucélia faz parte do estudo que vem acompanhando as gestantes da região diagnosticadas com o vírus da zika.
Um outro estudo, feito por médicos brasileiros e americanos, chegou a conclusão de que mesmo que o bebê infectado com zika não nasça com microcefalia, é possível que ele desenvolva o problema ao longo dos meses.
O estudo acompanhou 13 mães, em Pernambuco e no Ceará, que tiveram zika durante a gravidez. Onze bebês desenvolveram a microcefalia depois do quinto mês de idade. E o crescimento lento da cabeça veio junto com complicações neurológicas.
Como explica o ginecologista obstetra José Luiz Crivelin, a única forma de garantir que o filho esteja seguro quanto ao vírus, é evitar o contato com o Aedes aegypti. “Usar repelente. A gente sempre pede pra passar pelo menos duas vezes ao dia. Também usar roupas compridas para diminuir a área de contato com o mosquito.”
LIRAa
Três cidades da região estão em alerta por causa do mosquito que transmite a dengue, zika e chicungunya. O Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa) divulgado nesta quinta-feira (24) pelo Ministério da Saúde aponta Araçatuba, Monte Aprazível e São João das Duas Pontes como as cidades da região onde foram encontradas mais larvas do Aedes aegypti em imóveis visitados.
A pior situação está em Araçatuba, onde o índice é de 1,4%, o que significa que a cada duzentas casas visitadas, três tinham larvas. Em Monte Aprazível, o LIRAA apontou 1,1% e em São João das Duas Pontes, o índice ficou em 1%.
Em todo o estado, 28 cidades estão em alerta, segundo o ministério. A prefeitura de São João das Duas Pontes informou que já reforçou o combate e a vigilância nas casas. Araçatuba e Monte Aprazível não responderam sobre as medidas adotadas para o combate ao mosquito.