Diário de São Paulo
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FEMINICÍDIOS

Quase 70% dos feminicídios em São Paulo ocorrem dentro de residências, aponta levantamento

Quase 70% das vítimas de feminicídios em São Paulo são mortas dentro de casa

Quase 70% dos feminicídios em São Paulo ocorrem dentro de residências, aponta levantamento - Imagem: Reprodução / TV globo
Quase 70% dos feminicídios em São Paulo ocorrem dentro de residências, aponta levantamento - Imagem: Reprodução / TV globo

Sabrina Oliveira Publicado em 05/08/2024, às 09h40


No primeiro semestre de 2024, uma alarmante realidade veio à tona em São Paulo: quase 70% das mulheres vítimas de feminicídio foram mortas dentro de suas próprias casas. Um levantamento realizado pelo Instituto Sou da Paz analisou 124 casos de feminicídio no estado, revelando que 85 dessas tragédias ocorreram em residências, representando 68% do total.

A professora Josilene Paula da Rosa, de 39 anos, é um exemplo doloroso dessa estatística. Em 16 de maio deste ano, ela foi assassinada a tiros pelo ex-namorado, o bombeiro Edinei Antonio Vieira, de 43 anos. Inconformado com o fim do relacionamento, Edinei invadiu a casa de Josilene em Apiaí, no interior de São Paulo, e além de matá-la, também tirou a vida dos dois filhos dela, de 12 e 20 anos. Edinei foi preso dias depois e atualmente é réu por feminicídio.

O aumento dos casos de feminicídio é evidente. Comparado ao mesmo período do ano passado, o número de vítimas subiu de 114 para 124. Para o Instituto Sou da Paz, esses números indicam que as políticas públicas de enfrentamento à violência contra a mulher precisam de muito mais investimento e aprimoramento para serem efetivas.

Outro dado preocupante do estudo é o aumento do uso de armas de fogo em feminicídios. No primeiro semestre de 2024, o número de mortes por armas de fogo quase dobrou em comparação com o mesmo período de 2023, passando de 14 para 27. Apesar desse aumento, facas continuam sendo os itens mais usados nesses crimes, com 54 mulheres esfaqueadas tanto em 2023 quanto em 2024.

O Instituto Sou da Paz critica cortes no orçamento das Delegacias de Defesa da Mulher (DDMs), que são fundamentais para a investigação e prevenção de crimes contra mulheres. A gerente de projetos do instituto, Natália Pollachi, enfatiza a necessidade de ações mais concretas para enfrentar essa crise. "Menos promessas e mais ações concretas de prevenção e investigação destes crimes são urgentes", afirma.

Em resposta às críticas, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) de São Paulo declarou que o combate à violência contra a mulher é uma das prioridades da pasta. A SSP informou que está distribuindo recursos de forma estratégica, incluindo o aperfeiçoamento das DDMs 24 horas e projetos inovadores como o monitoramento de agressores e a aquisição de veículos para a patrulha Maria da Penha.

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