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Bem-estar

Como os parques contribuem para a saúde e o bem-estar de todas as idades

Profissionais destacam como frequentar parques em São Paulo pode melhorar a qualidade de vida e aumentar a longevidade

Como os parques contribuem para a saúde e o bem-estar de todas as idades - Imagem: Reprodução/Fotos Públicas
Como os parques contribuem para a saúde e o bem-estar de todas as idades - Imagem: Reprodução/Fotos Públicas

Gabrielly Bento Publicado em 21/08/2024, às 10h58


O fim de semana está chegando e, para muitos residentes de São Paulo, isso significa procurar momentos de relaxamento e diversão. Após uma semana agitada, os parques urbanos da cidade se destacam como verdadeiros refúgios verdes, oferecendo uma pausa na correria urbana. Além de proporcionar contato com a natureza, esses parques trazem diversos benefícios para a saúde física e mental.

A presença de parques oferece um alívio essencial à estimulação intensa da vida urbana, convidando a uma pausa no dia a dia. Estar ao ar livre promove equilíbrio físico e emocional, além de estimular a criatividade, a cooperação social e a concentração.

"Saímos da rotina, pois ao estarmos em espaços coletivos, por mais que façamos isso sempre no mesmo horário, não teremos controle sobre o que iremos encontrar, estimulando-nos a lidar de forma saudável com o imprevisível", explica a psicóloga Ana Paula Camara.

De acordo com a psicóloga, a urbanização e a popularização das tecnologias isolam as pessoas do contato com a natureza, o que contribui para afetar a saúde socioafetiva de crianças, jovens e adultos. "Os parques mitigam esses efeitos e proporcionam alívio do estresse e da poluição. O simples contato visual com a natureza pode acalmar e auxiliar o cérebro humano a lidar com a fadiga e o cansaço mental promovido pelos diversos estímulos da cidade", diz ela.

Um exemplo é o Parque Jardim das Perdizes, localizado na Zona Oeste da cidade, que foi inaugurado em 2016. Com 45 mil m² de área verde, o parque conta com pista de corrida, ciclovia, playground, equipamentos de ginástica, bebedouros para pets e obras de Tomie Ohtake, Daisy Nasser e Bia Doria. Seu design inclusivo, certificado com o Selo de Acessibilidade, também serve como modelo para outros espaços. O parque funciona como um "bolsão" verde em meio a áreas residenciais, contribuindo para a revitalização da região e melhorando a qualidade de vida local.

O arquiteto Itamar Berezin destaca as funções dos parques em uma grande metrópole como São Paulo. Além de regular o clima e a umidade, e promover a biodiversidade, os parques oferecem uma solução sustentável para combater as ilhas de calor e reduzir o ruído do tráfego intenso. "Eles criam espaços de respiro nesta imensa cidade, com equipamentos de lazer e vegetação que propiciam o bem-estar físico e mental, onde crianças, jovens e adultos se encontram", afirma.

Para melhorar sua qualidade de vida, o empresário Luca Savoia optou por se mudar para ficar mais perto do Parque Jardim das Perdizes em 2018. "Não preciso me deslocar, pois ele fica ao lado da minha casa. Corro e caminho aqui para cuidar bem da minha saúde. É um ambiente limpo, familiar e silencioso. Acho interessante que os moradores também zelam pelo local", comenta.

Parques urbanos como aliados da saúde das crianças

Os parques urbanos são alternativas para as crianças reduzirem o tempo de uso de dispositivos eletrônicos. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) alerta que a utilização constante de celulares, entre outras telas, pode afetar a visão dos pequenos. Oftalmologistas relataram fator de risco para miopia, acompanhados de sintomas extra oculares como dores no ombro e pescoço, cefaléia e dor nas costas. Segundo a pediatra Denise Lellis, autora do livro Primordial - Um Livro Pela Infância em seu Pleno Potencial: Nutrição, Comportamento e Estilo de Vida em Pediatria, a exposição ao sol em parques oferece vantagens imunológicas, melhora a saúde dos olhos e facilita a conversão de vitamina D, essencial para a saúde óssea. "A falta de exposição à luz natural está associada ao aumento de miopias graves", complementa.

A médica explica ainda que a exposição ao sol e a prática de atividades físicas são fundamentais para manter a longevidade. "Os seis pilares do estilo de vida saudável incluem alimentação balanceada, prática de atividades físicas e de preferência ao ar livre, sono de qualidade, conexões sociais, redução de estresse e moderação no consumo de álcool entre outras substâncias e medicamentos. Estudos na área apontam 20 anos de vida a mais para pessoas que mantêm esses pilares em suas vidas", pontua.

Além disso, desde 2019, a SBP trabalha com o Programa Criança e Natureza para orientar e inspirar pediatras, famílias e educadores sobre a relevância do convívio de crianças e adolescentes em meio à natureza para contribuir com o bem-estar e a saúde física e mental. Para a entidade, a urbanização resultou em um distanciamento da natureza, redução das áreas naturais e o aumento da poluição. Ainda segundo a Sociedade garantir que as crianças tenham uma infância rica em contato com a natureza é uma responsabilidade compartilhada.

De acordo com Lellis, a interação com a natureza aumenta a resistência e a tolerância à frustração e reduz os níveis de ansiedade e de estresse. "A atividade física ao ar livre eleva a endorfina, combate o sedentarismo e os efeitos negativos do uso excessivo de telas, que prejudica essas interações e afeta o desenvolvimento emocional, cognitivo e imunológico das crianças", afirma.

Para evitar o excesso de exposição às telas, pelo menos uma vez por semana, a empreendedora Daniela Ruelli leva os filhos, Henrique, 9, e Isabela, 3, para brincar no Parque Jardim das Perdizes e em clubes da cidade. "A Isabela ainda não tem contato com dispositivos digitais, enquanto o Henrique os utiliza apenas uma hora por dia. A redução do tempo de tela foi uma recomendação da pediatra", comenta.

Em um contexto em que o uso excessivo de telas preocupa especialistas em saúde, oferecer às crianças a oportunidade de brincar ao ar livre contribui com o crescimento saudável. "Tenho muita preocupação com o desenvolvimento deles, pois o uso excessivo de dispositivos eletrônicos faz mal e ainda gera ansiedade e estresse. Prefiro que eles tenham essa troca com a natureza e melhorem a parte
emocional para se relacionar bem com outras crianças", explica a empreendedora.

Para finalizar, Denise Lellis ressalta que os parques urbanos ajudam a promover um estilo de vida mais saudável em uma sociedade digital. "As pessoas valorizam cada vez mais os seguidores e os likes, mas é fundamental valorizar a saúde e o bem-estar. Oferecer espaços verdes e incentivar o uso desses parques pode ajudar a combater os efeitos negativos da vida digital e proporcionar um ambiente mais sadio tanto para crianças quanto adultos", aponta.

Parques em São Paulo

O Parque Jardim das Perdizes, onde Daniela leva seus filhos, fica aberto das 5h às 22h, todos os dias da semana. Bicicletas, patins e skates são permitidos nas áreas designadas. Também é permitida a entrada de animais domésticos com coleira e guia. Não há lanchonetes no local, por isso é recomendado levar lanches, mas churrasqueiras e fogueiras são proibidas.

Para aproveitar bem o local, escolha a atividade de sua preferência e não esqueça o protetor solar. Além deles, a capital oferece diversas opções de parques urbanos para lazer e descanso. Entre eles estão: Parque Ibirapuera, Parque da Independência, Jardim Botânico, Parque Villa-Lobos, Parque da Aclimação, Parque da Água Branca, Parque Ecológico do Tietê, Horto Florestal, Parque Ecológico do Guarapiranga, entre outros.

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