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COLUNA

Associação Paulista de Imprensa comemora 90 anos de história

Entre 1935 e 1938, a API luta por benefícios, como Casa Própria e Assistência Médica, enquanto jornalistas enfrentam censura durante o Estado Novo

Sérgio de Azevedo Redó - Imagem: Divulgação
Sérgio de Azevedo Redó - Imagem: Divulgação

Sérgio de Azevedo Redó Publicado em 20/01/2024, às 07h21


No início do século XX, São Paulo crescia  nos setores; econômico, cultural e social, afetando a imprensa que começava a apresentar progressos relevantes.

O público, sedento por cultura e informações, passava a consumir cada vez mais artigos e matérias publicadas nos veículos de comunicação da época tais como: 
- “A Gazeta”, o “Jornal do Comércio”, “A Plateia”, “Folha da Manhã”, ” Folha da Noite”, “Diário da Noite”, a “Cigarra” e o “Parafuso”.

Para os jornalistas paulistanos, havia a necessidade de organizar uma entidade de classe autônoma como a já existente Associação Brasileira de Imprensa do Rio de Janeiro - ABI. 
A consciência dessa nova realidade começou nas redações dos jornais, que pressionaram os editores para estabelecê-la na cidade.

Entre os anos de 1926 e 1928, alguns jornalistas, liderados pelos editores do “Correio Paulistano” Hermes Lima, Menotti Del Pichia e Cassiano Ricardo, resolveram criar uma entidade que, além de recreativa, cuidasse também dos interesses da classe. Nasceu então o “Retiro dos Jornalistas” entidade que não chegou a funcionar para os devidos fins, por se tratar de um clube fechado, restrito a 25 jornalistas que pertenciam ao “Correio Paulistano” jornal porta-voz do Governo de São Paulo.

Apesar disso, permanecia a perspectiva de se fundar em bases mais amplas, uma organização que unisse e defendesse os profissionais de imprensa; uma entidade independente, mantida através da contribuição dos associados.

O período de 1930 a 1932 foi um dos mais conturbados para São Paulo. Além da economia paulista ter sido arrastada para crise financeira mundial, a cidade transformou-se em um “barril de pólvora”. 
Após o empastelamento do “Correio da Tarde”, na madrugada de 9 de julho de 1932, iniciou-se um movimento armado, liderado por militares e civis de São Paulo, os quais pretendiam que o governo federal convocasse uma constituinte através de eleições livres e democráticas.

Jornalistas paulistas como Ibrahim Nobre, Gama Cerqueira, Altino Arantes, Francisco Morato, Júlio de Mesquita Filho, Paulo de Moraes Barros entre outros, figuraram como lideres dos revolucionários.

Além da convocação de eleições gerais com voto popular em 1933, os produtores paulistas progrediam com a vasta produção algodoeira, citrícola e expansão industrial, iniciando uma fase de ascensão econômica no Estado.

Junto com as melhores perspectivas daquele ano, surgiram diversas entidades que passaram a influir na elevação da vida social e cultural da cidade paulista. Entidades como: a “Bandeira Paulista de Alfabetização” fundada pela educadora Chiquinha Rodrigues, a “Sociedade dos Amigos da Cidade” do grupo liderado por urbanistas como Prestes Maia, Machado de Campos, Anhaia Mello, Ubaldo Caiuby e Valencio de Barros. Naquela mesma época surgiu a Escola de Sociologia e Politica de São Paulo, que mais tarde foi incorporada `a USP e a Escola Paulista de Medicina que passou a pertencer `a PUC.

No final do ano de 1933, foi realizado em São Paulo um importante Congresso de Imprensa. A repercussão desse congresso, desencadeou o processo de criação da sonhada associação. 
Nascia assim, a Associação Paulista de Imprensa, a primeira entidade destinada a unir empresários e jornalistas em uma agremiação que tinha como principal objetivo, defender os interesses de toda classe.

Concepção do meio intelectual e jornalístico da época, a Associação Paulista de Imprensa foi a conseqüência da atuação de mais de cem anos da atividade de imprensa em todo o País.

O primeiro presidente eleito da API foi o Jornalista Alberto Siqueira Reis, liderando uma diretoria composta por nomes como Sud Mennucci, Assis Chateaubriand, Galeão Coutinho, Ruy Nogueira Martins, Pedro de Souza, Julio Cosi, Thiers Ferraz Lopes, Hernani Coelho, Julio Franckfort, Manuel Carlos Figueiredo Ferras, Candido Mota Filho, Horácio de Andrade e Pedro Ferraz do Amaral. 
Começavam a partir de então grandes batalhas lideradas pelas sucessivas diretorias da entidade.

Entre 1935 e 1938 a entidade foi presidida pelo jornalista Honório de Selos que iniciando sua luta por benefícios para os jornalistas paulistas instituiu o programa de Casa Própria através de Carteira Predial, Seguro de Vida, Assistência Médica com desconto para os associados e inscrição dos associados na Caixa de Previdência Social, hoje o INSS.

Ainda em 1935 os associados da API fundaram o então Sindicato dos Jornalistas Profissionais de São Paulo que por mais de 20 anos funcionou abrigado na sede da Casa do Jornalista de São Paulo.

No final de 1938 num pleito muito concorrido, venceu a chapa encabeçada pelo conhecido jornalista, poeta e escritor Guilherme de Almeida, membro da Academia Paulista e Brasileira de Letras e redator do “ O Estado de São Paulo”, advogado, escritor, heraldista, foi o responsável pela criação do Brasão de Armas que a Bandeira da Cidade de São Paulo possui até os dias de hoje.

Já na época, radialistas, jornalistas e propagandistas trabalhavam junto à API e às Rádios Cruzeiro do Sul e Tupi, transmitindo todas as semanas programas e sessões diretos da sede da API com aparelhagem moderna instalada no segundo andar da entidade, que nessa época, se situava na Rua XV de Novembro no centro de São Paulo.

Enquanto isso a Radio Difusora – antiga PRF-3 – em comemoração ao 5º ano da Entidade passou a transmitir um programa radiofônico semanal para discutir as necessidades dos jornalistas de São Paulo.

No ano seguinte era realizada uma nova eleição saindo vencedora a chapa presidida pelo jornalista José Maria Lisboa do “Diário Popular”, tendo como vice-presidente Eduardo Pelegrini, e como primeiro secretário Pedro Cunha, um dos fundadores da “Folha da Manhã”.

Vivia-se no regime totalitário do Estado Novo e a API contrapunha-se como entidade dos jornalistas ao DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) e aos DEIPS (Departamentos Estaduais de Imprensa e Propaganda), organismos ligados diretamente ao gabinete da Presidência da República.

A Imprensa da época vivia sob o regime de severa censura.

O único jornal que tentou protestar foi “O Estado de São Paulo”, principalmente porque o jornalista Julio de Mesquita Filho, seu diretor e seu cunhado Armando Salles de Oliveira , ex-governador, preso e exilado pelas forças de Getulio, eram os mais autênticos representantes das forças democráticas. O grande matutino foi invadido por forças militares que o ocuparam por ordem do então governador Adhemar de Barros.

Naquela ocasião a API que já havia conseguido junto ao governo do Estado de São Paulo a doação do imóvel situado à época na Rua Livre, hoje Álvares Machado – onde ainda está instalada a sede da Entidade em um Edifício de 11 andares  e 13 pavimentos com uma loja no térreo, resolveu se empenhar com toda a diretoria no sentido de impedir a ocupação do jornal.

A diretoria da API, na época, liderada por José Maria Lisboa empenhou-se em desmascarar a manobra da polícia, sem sucesso. Jornalistas e empresários viam nele a figura de prestigio capaz de apaziguar abusos contra a liberdade de imprensa. José Maria Lisboa, reeleito, não chegou a cumprir metade do segundo mandato, em virtude de seu falecimento no Rio de Janeiro.

Assumiu então o jornalista Eduardo Pelegrini que convocou novas eleições para o preenchimento efetivo da vaga. Mais uma vez, as forças do Estado Novo tentaram apoderar-se da API, lançando como candidato da oposição o jornalista e educador Sud Mennucci, na ocasião pertencente à redação do “Estado de São Paulo” que estava sob intervenção do governo federal.

As forças governamentais foram derrotadas pela vontade dos jornalistas de São Paulo e Eduardo Pellegrini exerceu a presidência por dois mandatos. Em sua administração contou com a colaboração de ilustres jornalistas da época como Arco e Flecha, Pedro Monteleone, Américo Bologna e Casper Líbero, então diretor de “A Gazeta”.

O sexto presidente da API foi o jornalista Leoncio Ribas Marinho. Em sua administração foi inaugurada a sede própria da Associação. Em 1949 ele foi sucedido pelo jornalista Arsênio Tavolieri, que administrou a entidade até 1955. Na seqüência a entidade foi presidida pelo jornalista, escritor e sertanista Willy Aureli entre 1955 e 1957.

Além do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de São Paulo, na Associação Paulista de Imprensa foram gestados e fundadas importantes entidades como a Associação dos Repórteres Fotográficos de São Paulo; a Sociedade Paulista de Escritores, a Associação Brasileira de Escritores, a Sociedade Geográfica e outras entidades culturais como a Casa do Poeta Lampião de Gás de São Paulo, inaugurada pelo Príncipe dos Poetas Guilherme de Almeida.

Em 1958 Arsênio Tavolieri era conduzido à presidência da entidade. Reeleito em 1961, mas decepcionado pela não concessão de verbas para concluir as obras da nova sede, a entidade entrou numa fase negativa, sendo sucessivamente presidida por jornalistas aliados a entidades político partidárias. A fase só foi interrompida com a eleição de Adriano Campanhole (1972/1973) que tomou uma série de medidas eficientes para recuperar a tradicional associação dos trabalhadores da imprensa.

Por questões políticas, os trinta anos seguintes foram comandados por Paulo Zingg e Carlos Correia de Oliveira, quando em meados de 2001 o jornalista e professor Adolfo Lemes Gilioli assumiu a presidência, substituindo Carlos Correia de Oliveira que havia se licenciado do cargo.

Em 2003 assumia Romeu Agnelli representando os jornalistas sindicalizados, sendo substituído em 2006 por JB Oliveira que se licenciou em julho daquele ano. O cargo foi assumido pelo jornalista Manuel da Costa Carregosa, que presidiu a entidade até 2007, proporcionando uma nova dimensão a agremiação, quando instituiu em mais de 30 diretorias que representariam todas as formas de comunicação existentes à época na Entidade.

Quando JB de Oliveira, que havia se candidatado a Deputado Federal, reassumiu a presidência da API, todas as iniciativas do presidente anterior foram anuladas. 
A entidade retorna à condição vivida em períodos anteriores,com muitas dificuldades financeiras e de efetiva participação e apoio dos associados.

Em 2009 Costa Carregosa, por unanimidade, foi eleito à presidência representando as forças democráticas da comunicação social de São Paulo. Entretanto, dadas as circunstâncias em que encontrou a “Casa do Jornalista de São Paulo”, a beira da falência, com déficit superior a meio milhão de reais, principalmente de débitos tributários, pela falta de pagamento de INSS., com possibilidades inclusive de mandado de prisão ao Presidente por má gestão de administrações passadas na Entidade.

Costa Carregosa resolveu reestruturar a entidade, renunciando seu mandato que foi acolhido por unanimidade da diretoria e conselheiros e provocou uma a convocação de novas eleições para que, em novembro de 2009, o advogado, jornalista, administrador de empresas e professor universitário Sérgio de Azevedo Redó, atual presidente e reeleito, assumisse a presidência com a missão de reerguer e readequar a entidade aos tempos e ferramentas atuais.

E desde a sua posse até os dias de hoje, a API é outra entidade, com seu Estatuto Social totalmente reformulado, contando com os 69 membros da diretoria todos com Cargos representativos de Vice Presidentes, Diretores e Conselheiros (Conselho Deliberativo- jornalista e cineasta VIRGÍLIO ROVEDA) ( Conselho Fiscal Prof. Dr. JOSÉ LUIZ ZANZINE ) ( Conselho Superior de Altos Estudos Estratégicos da Imprensa Adm. GUILHERME SARTORI ) ( Conselho Superior de Presidentes jornalista e escritor CÉSAR ROMÃO ) e o Presidente de Honra da Entidade, recentemente nomeado o Jornalista, Radialista e Comunicador, GILBERTO BARROS - O LEÃO, criou todos esses novos Cargos para ir ao encontro da modernidade e do alcance as necessidades da entidade, nesta reportagem está sendo apresentado os nomes dos seus ocupantes, todos os Presidentes profissionais da comunicação de São Paulo, responsáveis pelo sucesso desta administração.

A Associação Paulista de Imprensa, ostenta o mérito de ser constituída por valorosos brasileiros que suas biografias se confundem com a história contemporânea do Brasil, soerguida através de muita luta contra todos que direta ou indiretamente desejam obnubilar o brilho que serve para conduzir diariamente a Vitória de nossa quase Centenária Entidade.

Viva a Nossa Associação Paulista de Imprensa pela passagem dos seus valorosos 
90 anos de História!!!

Foi criado a 8 anos de sucesso ininterruptos o Programa Sala de Imprensa (Sala de Imprensa – Api no Youtube ) com mais de 500 entrevistas dos maiores comunicadores do País, Boris Casoy, Roberto Cabrini, Milton Neves, Nani Venâncio, Heródoto Barbeiro, Marcelo Resende, Goulart de Andrade, César Romão, Salomão Sper, Flávio Prado, Fernando Mauro Trezza além de um Presidente da República, Governadores, Senadores, Deputados Federais, Estaduais, Autoridades Civis, Militares, Eclesiásticas e personalidades dos mais importantes segmentos da sociedade civil. Enfim um programa atual, dinâmico e voltado para o mundo moderno do empreendedorismo de resultado, com grande visualização e repercussão na mídia e nas redes sociais. 

Sérgio de Azevedo Redó,

Guilherme Sartori,

Gilberto Barros,

Ives Gandra Martins

César Romão,

Fernando Mauro Trezza,

Costa Carregosa,

Virgílio Roveda,

Cláudio Auricchio Turi,

José Luiz Zanzini,

Agenor Duquel

Dennis Munhoz,

Zaqueu Morioka.

E todos esses profissionais, acompanhados por mais centenas de outros nomes de profissionais que dirigem, trabalham e colaboram com a nossa Associação Paulista de Imprensa, recebam nossos cumprimentos de profundo agradecimento.

Muito obrigado!



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