Grupos de separatistas catalães bloquearam estradas e vias férreas, nesta segunda-feira (1º), no 1º aniversário do referendo sobre a independência da Catalunha.
Redação Publicado em 01/10/2018, às 00h00 - Atualizado às 18h00
Grupos de separatistas catalães bloquearam estradas e vias férreas, nesta segunda-feira (1º), no 1º aniversário do referendo sobre a independência da Catalunha.
Em alguns locais, como Barcelona e Girona, houve confronto com a polícia.
No plebiscito, considerado ilegal por Madri, mais de 2 milhões de eleitores aprovaram a independência da região. Dias depois da consulta popular, em 27 de outubro, o então presidente da região, Carles Puigdemont, fez um pronunciamento que foi considerado uma declaração unilateral de independência da Catalunha. O governo espanhol reagiu firmemente e interveio na região.
Um ano depois desse referendo, que foi possível graças à colaboração na clandestinidade de milhares de cidadãos, os grupos mais radicais pressionam o novo governo, liderado por Quim Torra, que iniciou um tímido diálogo com Madri.
Os Comitês de Defesa da República, que reúne associações radicais que reivindicam a ruptura imediata com a Espanha, bloquearam, de surpresa, a linha ferroviária de alta velocidade entre Barcelona e França, diferentes autoestradas e também algumas ruas da capital catalã. As mobilizações continuaram ao longo desta segunda-feira.
Também foi realizada uma marcha de universitários, que convocaram uma greve para recordar o referendo. À tarde, em toda Barcelona, uma manifestação separatista reivindicou que “se torne efetivo o desejo da maioria do povo da Catalunha”.
“Os CDRs pressionam e fazem bem em pressionar”, reagiu o presidente catalão, Quim Torra, de Sant Julià de Ramis, o pequeno povoado onde, há um ano, Puigdemont votaria, mas foi impedido pela chegada da Polícia, que reprimiu os eleitores.
“Temos que agir nas próximas semanas com a mesma determinação” que em 1º de outubro, insistiu, no momento em que a ação de seu governo começa a gerar tensão com os separatistas mais radicais.
No sábado, a Polícia regional atuou fortemente contra uma manifestação separatista que tentava chegar a um ato para homenagear os agentes enviados há um ano por Madri para evitar o referendo.
A votação de 2017 significou um momento de tensão máxima entre Barcelona e Madri, após anos de auge do separatismo nessa região de 7,5 milhões de habitantes, rachada sobre a secessão.
Um ano depois, a tensão diminuiu, especialmente após a chegada ao poder espanhol do socialista Pedro Sánchez, partidário de se buscar uma saída dialogada para a crise catalã.
“Este governo abriu uma via política, abriu uma interlocução com as autoridades catalães, e essa interlocução com as autoridades catalães está dando resultados”, disse a porta-voz do governo, Isabel Celáa.
As reuniões entre ambos os Executivos são frequentes, mas permanece um obstáculo até agora sem solução: os separatistas exigem um referendo de autodeterminação vinculante que não está nas considerações de Sánchez, com um exíguo apoio no Congresso espanhol.