Documento indica que ministro do STF, com base em relatório da PF, aponta "fortes indícios" de envolvimento em ao menos seis crimes
Marina Roveda Publicado em 04/05/2023, às 08h12
Na quarta-feira (03), o Ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal (STF) levantou a confidencialidade de documentos relacionados à Operação Venire, uma investigação da Polícia Federal que mira o ex-presidente Jair Bolsonaro por supostas irregularidades em dados de vacinas.
Moraes autorizou a prisão de Mauro Cid, ex-assessor de Bolsonaro, e citou a existência de uma associação criminosa com o objetivo de cometer fraude inserindo dados falsos nos sistemas do Ministério da Saúde.
“A Polícia Federal aponta a existência de uma associação criminosa com vários beneficiários, entre eles uma parlamentar federal, para a inserção de dados falsos nos sistemas do SUS, possibilitando aos investigados a obtenção dos benefícios do certificado de vacinação sem que, necessariamente, tenham se vacinado”, disse o ministro.
Seis indivíduos foram implicados no esquema, incluindo Cid, dois militares, um secretário municipal e dois outros que usaram certificados falsos de vacinação.
Moraes afirmou que havia "fortes indícios" de materialidade e autoria de seis crimes pelos suspeitos, incluindo associação criminosa, falsificação de documentos e corrupção de menores. O juiz também ordenou a apreensão de armas, munições, computadores, celulares, passaportes e outros dispositivos eletrônicos pertencentes aos seis suspeitos.
A investigação tem como alvos Bolsonaro e o deputado federal Gutemberg Reis de Oliveira como possíveis beneficiários do esquema. O relatório da polícia mostra que o esquema criminoso tinha como objetivo fraudar os dados do cartão de vacinação no sistema ConectSUS.
Bolsonaro nega ter tomado a vacina contra a COVID-19 e, no caso dele e de sua filha, a inserção de duas doses da vacina Pfizer ocorreu em 21 de dezembro de 2022, dias antes de viajarem para os Estados Unidos após a eleição presidencial.
“Não tomei vacina. Não existe adulteração da minha parte, não tomei a vacina”, afirmou nesta quarta-feira.