Trump e o partido saem moralmente abatidos no julgamento político mais curto da história dos EUA, marcado pelo horror das imagens que mostraram a
Redação Publicado em 14/02/2021, às 00h00 - Atualizado às 16h35
A absolvição do ex-presidente Donald Trump no segundo impeachment certifica o controle que ele exerce sobre o Partido Republicano, a despeito dos dez deputados e sete senadores que se rebelaram e o responsabilizaram por incitação à insurreição. No placar final, de 57 a 43 no Senado, o ex-presidente se salvou da condenação por dez votos. Mas não escapou ileso.
Trump e o partido saem moralmente abatidos no julgamento político mais curto da história dos EUA, marcado pelo horror das imagens que mostraram a vulnerabilidade dos congressistas e do vice-presidente Mike Pence, sob ataque de extremistas-seguidores do ex-presidente.
Para os republicanos, a absolvição tem sabor amargo e está mais atrelada à lealdade do que propriamente à credibilidade e à fé em Trump. O maior exemplo de sua força vigorosa sobre o partido é a justificativa aparentemente contraditória do líder da minoria republicana, Mitch McConnell, que o inocentou, mas num duro discurso considerou-o responsável pela invasão do Capitólio.
“Os rebeldes se tornaram violentos porque foram alimentados com falsidades selvagens pelo homem mais poderoso da Terra. Ele estava com raiva por ter perdido a eleição”, resumiu o senador.
O recado de McConnell é preciso, traça o caminho árduo que o Partido Republicano tem pela frente se quiser soltar as amarras do líder que nos últimos quatro anos atuou como agente da desordem, descomprometido com o Estado de Direito.
Não restam dúvidas de que, com seu veredicto favorável a Trump, 43 senadores republicanos se assumem reféns do ex-presidente, cientes da força dominante que ele mantém sobre a base de seguidores. O medo ou as ambições eleitorais superaram qualquer desconforto gerado pelas cenas de fanáticos soltos pelo Congresso à caça do vice Mike Pence.
Apesar das sete deserções, Trump ainda é o nome mais forte da legenda para a eleição de 2024. Embora silenciado nas redes sociais, não perdeu tempo: cantou vitória, transferiu a responsabilidade para os opositores e anunciou em breve o recomeço de seu movimento político.
.Os senadores que livraram Trump da condenação desperdiçaram também uma chance para empoderar o Partido Republicano.