Desdenhando

Prefeito de Porto Alegre, após receber quase 800 mil doações, diz que "gaúcho não gosta de favor"

Deboche do prefeito Sebastião Melo foi para atacar sua adversária, Maria do Rosário e governo federal. Sem recursos, ele quer contratar plano de saúde por R$ 43 milhões por seis meses

Sebastião Melo:"gaúcho não gosta de favor". - Imagem: Reprodução | X (Twitter) - @Sul21

Jair Viana Publicado em 23/07/2024, às 15h18

Em vídeo postado em sua conta no Instagram, o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), mesmo tendo recebido o maior volume de doações de produtos de diversas naturezas, enviados de todas as regiões do Brasil, diz que gaúcho não gosta de favor. A afirmação foi feita no último domingo (21), quando reclamava da demora para os repasses de recursos do governo federal.

Em discurso, Sebastião Melo atacava a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS), candidata a prefeita de Porto Alegre. Ele comentou sobre a detenção do orçamento da União, quando disse que o dinheiro é dos entes federados. Em um trecho da fala, Melo diz que gaúcho não gosta de favor. "Se tem uma coisa que o gaúcho não gosta, não aceita, é favor...", disse.

O prefeito acusa o governo federal de ter enviado poucos recursos para que a cidade seja reconstruída depois do caos instalado com as chuvas de maio e junho, que causaram destruição em mais de 420 municípios do Rio Grande do Sul.

Questionado pela reportagem se o prefeito estaria debochando daqueles que fizeram e ainda fazem doações, o secretário de Comunicação Social, Luiz Otávio Prates, de Porto Alegre, negou de forma curta e veemente: "de forma alguma", disse.

CONTRADIÇÃO 

Em meio às dificuldades e falta de recursos para as obras de reconstrução, Sebastião Melo, mesmo assim, aproveitando o estado de calamidade decretado, está em fase de contratação, sem licitação, de novo plano de saúde para os servidores. Ele se negou a manter, mesmo em caráter emergencial, o plano de saúde do Centro Clínico Gaúcho, cujo custo anual era de R$ 43 milhões, para contratar outra operadora, por apenas seis meses, pelos mesmos R$ 43 milhões. Considerando a diferença de prazo de operação, o valor sai pelo dobro.

Para a contratação de outra empresa, a Prefeitura teria utilizado os quesitos das fórmulas IGR e TR para beneficiar alguma empresa. No caso de Porto Alegre, uma fonte informou que o interesse seria pela Doctor Clin. A reportagem insiste desde a manhã desta segunda-feira (22) para saber da Prefeitura qual a explicação estatística da conformação da fórmula usada.

Essa fórmula, segundo especialistas ouvidos, utiliza-se de um número relativo (igr) e subtraindo de um número absoluto e, do resultado disso, divide-se por 100. O sistema teria como meta direcionar o processo para determinada empresa. Na Prefeitura, ninguém informou a fonte bibliográfica da construção da fórmula.

Confira o vídeo abaixo: 

 

PORTO ALEGRE RIO GRANDE DO SUL sebastião melo

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