Irmão de denunciante contra Ricardo Nunes atuou na campanha de Boulos

Revelações complicam cenário eleitoral e colocam em xeque a reputação de Guilherme Boulos (PSOL)

Ricardo Nunes, Antonio Donato Madormo e Guilherme Boulos. - Imagem: Reprodução / O Globo | Reprodução / Facebook - Antonio Donato Madormo

Redação Publicado em 02/08/2024, às 13h08

As eleições municipais de São Paulo ganharam um novo desdobramento com a notícia de possíveis conexões políticas envolvendo a máfia das creches. Rosângela Crepaldi, em um vídeo recente, acusou Nunes de envolvimento em esquemas de desvio de verbas destinadas a creches municipais, o que complicou o cenário eleitoral.

O caso se torna ainda mais confuso com a revelação do passado político do irmão de Rosângela, Anselmo Crepaldi dos Santos. Em 2016, Anselmo trabalhou como fornecedor na campanha de Antonio Donato, candidato a vereador pelo PT e atualmente coordenador da campanha de Guilherme Boulos (PSOL). 

Segundo revelou a coluna de Raquel Landim no UOL, um comprovante do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que mostra uma transferência bancária de R$ 200 da campanha de Donato para Anselmo. Donato é agora uma figura central na campanha de Boulos, que disputa a prefeitura de São Paulo contra Nunes, com ambos tecnicamente empatados nas pesquisas de intenção de voto.

Documentos da Junta Comercial de São Paulo indicam que Rosângela é uma das sócias da WMR Construções, empresa citada no inquérito da máfia das creches. A empresa, fundada por Anselmo em 2011, foi transferida para Rosângela em março de 2015.

Em resposta às acusações, Donato afirmou: "Contratei centenas de fornecedores em 2016, devidamente informados à Justiça eleitoral. Consta um pagamento de R$ 200 ao senhor Anselmo Crepaldi dos Santos, pessoa com que não tenho nenhum relacionamento. Lamento que procure se explorar politicamente esse fato para encobrir as gravíssimas declarações da senhora Rosângela Crepaldi, que merecem ser apuradas, sobre o prefeito Ricardo Nunes."

Rosângela, indiciada como uma das "laranjas do esquema", reforçou as acusações em um vídeo divulgado pela Folha de S. Paulo, afirmando que Nunes recebeu R$ 11 mil da empresa de sua cunhada sem prestar qualquer serviço. "Foi repasse", declarou Rosângela. "[Nunes] nunca prestou nenhum serviço."

A investigação sugere que ONGs que administram creches municipais desviaram parte do dinheiro contabilizado como despesas com materiais. Em 2018, Nunes e sua empresa, Nikkey Serviços S/S Ltda, receberam valores da firma Francisca Jacqueline Oliveira Braz, apontada pela polícia como uma grande fornecedora de notas fiscais falsas no esquema da máfia das creches.

Em nota enviada ao UOL, Ricardo Nunes negou qualquer irregularidade e afirmou que nunca foi acusado no inquérito que envolve Rosângela. Ele alega que o repasse foi resultado de uma prestação de serviços, versão que está sendo investigada pela Polícia Federal. 

O prefeito anunciou que entrará com uma ação contra Rosângela por calúnia e pedirá uma investigação sobre a origem do vídeo.

As acusações lançaram uma sombra sobre a campanha de Guilherme Boulos, já que seu coordenador de campanha, Antonio Donato, possui vínculos com Anselmo Crepaldi dos Santos, irmão de Rosângela.

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