Com o objetivo de avaliar a imunidade de longo prazo contra a Covid-19 após a vacinação com duas doses da CoronaVac, o Instituto Butantan inicia, neste sábado
Redação Publicado em 24/07/2021, às 00h00 - Atualizado às 09h09
Com o objetivo de avaliar a imunidade de longo prazo contra a Covid-19 após a vacinação com duas doses da CoronaVac, o Instituto Butantan inicia, neste sábado (24), uma nova etapa do estudo de imunização em massa conduzido em Serrana (SP).
A pesquisa, cuja duração prevista é de um ano, é restrita a voluntários que tenham recebido as duas doses do imunizante por meio do Projeto S. Nesta etapa, os pesquisadores querem monitorar a soroconversão, ou seja, o período de desenvolvimento de anticorpos.
A condução do estudo foi aprovada e será acompanhada pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos do Hospital das Clínicas da USP de Ribeirão Preto (SP). Todo o material coletado em Serrana será enviado ao Laboratório Estratégico de Diagnóstico do Instituto Butantan.
Gustavo Jardim Volpe, diretor do Hospital Estadual de Serrana, afirma que o projeto possui três objetivos principais: estimar e comparar a prevalência da soroconversão, avaliar a resposta imune celular e analisar o tempo de duração dessa resposta.
“Esse tipo de informação já foi gerada, em grande parte, pelos estudos de fase 1 e 2, e a gente sabe que a CoronaVac gera uma ótima imunidade, só que a gente quer comparar isso agora ao longo do tempo, ver como isso se processa no mundo real”, explica.
Em relação à avaliação da resposta imune, Volpe ressalta que, além da produção de anticorpos, também será medida a atividade de células de defesa — conhecidas no meio científico como células T efetoras e de memória de longa vida.
Podem participar quaisquer moradores com 18 anos ou mais que tenham recebido duas doses da CoronaVac por meio do Projeto S. No caso da população maior de 60 anos, o total estimado é de 4.493 participantes; já a amostra de pessoas entre 18 e 59 anos é de 1.865 voluntários.
“Temos essa distribuição porque a gente sabe que o sistema imunológico não funciona da mesma forma em pessoas mais idosas e mais jovens. O sistema imunológico dos idosos tem uma resposta um pouco mais lentificada, por isso queremos ver como está todo mundo e comparar com as pessoas mais jovens”, diz Volpe.
Faixa etária | Participantes |
18 a 29 anos | 526 |
30 a 39 anos | 503 |
40 a 49 anos | 458 |
50 a 59 anos | 378 |
60 anos ou mais | 4.493 |
Total estimado | 6.358 |
Para se inscrever, os voluntários devem se dirigir a uma das escolas onde foi realizada a vacinação para que seja coletava uma amostra de sangue (veja lista abaixo). Os atendimentos serão feitos nos dias 24, 25 e 31 de julho e 1º de agosto, das 8h às 16h30.
Postos de atendimento
De acordo com o diretor do Hospital Estadual de Serrana, o estudo foi dividido em intervalos de três meses, chamados de “T”. O “T0” corresponde ao fim da vacinação no munícipio, enquanto o “T1” se refere ao início da nova pesquisa sobre imunidade, 90 dias depois.
Os marcos “T2”, “T3” e “T4” continuam pelos próximos nove meses, tendo como meta a avaliação da imunidade humoral (mediada por anticorpos) e celular. Todos os voluntários que terão que refazer os exames de sangue a cada três meses.
Somente pelo Projeto S, Serrana vacinou, com duas doses, 27.160 pessoas maiores de 18 anos, exceto grávidas, mulheres que deram à luz próximo ao dia de vacinação, portadores de comorbidades e infectados pela Covid durante os dias de pesquisa na cidade.
Dados do Vacinômetro, do estado de São Paulo, apontam que outros 5.817 moradores receberam o reforço do imunizante até esta sexta-feira (23) pelo Plano Estadual de Imunizações (PEI). Isso significa que, no total, 32.977 moradores estão totalmente imunizados contra a Covid, equivalente a 72% dos 45,6 mil moradores.
Resultados apresentados pelo Butantan após o Projeto S apontaram que casos sintomáticos da doença tiveram uma redução de 80% após as duas etapas de vacinação, além da queda de 95% no número de mortos na cidade em abril e recuo de 86% nas hospitalizações.
Para os cientistas, o controle da pandemia se deu depois que a imunização completa chegou a 75% do grupo de voluntários, o que corresponde a cerca de 20,3 mil pessoas. Isso foi possível observar a partir do momento em que o grupo azul – último a ser imunizado — já apresentava benefícios mesmo antes de receber a primeira dose da CoronaVac.
Segundo o Butantan, o estudo clínico da vacinação em massa contra a Covid-19 também apontou que os imunizados causam um efeito indireto de proteção mesmo a quem não recebeu nenhuma dose da vacina.
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Fontes: G1 – Globo.