Hoje, Sky Brown, recuperada no alto de seus 13 anos, sorri com a medalha sob o sol forte de Tóquio. A skatista britânica conquistou o bronze nas Olimpíadas
Redação Publicado em 04/08/2021, às 00h00 - Atualizado às 08h23
As duas paredes, frente a frente, formavam um vão de quatro metros e meio. Aquela era a casa de Tony Hawk, o maior de todos os tempos, e já seria uma queda e tanto mesmo para ele. A menina, então com apenas 11 anos, tentou uma manobra com o skate e foi ao chão. Fraturou o crânio, o braço esquerdo e os dedos da mão direita. Era maio de 2020. Todos pensaram que ela desistiria. Não foi bem assim.
Hoje, Sky Brown, recuperada no alto de seus 13 anos, sorri com a medalha sob o sol forte de Tóquio. A skatista britânica conquistou o bronze nas Olimpíadas nesta quarta-feira. Assim como Rayssa Leal, no street, pintou o pódio do Park com cores quase infantis ao lado de Kokona Hiraki, de apenas 12 anos.
– Eu estou tão feliz por estar aqui, tão feliz por estar ao lado delas. Eu já estava feliz por estar em Tóquio. Mas estar aqui e ir ao pódio é insano. Eu sou muito grata por estar aqui.
Sky Brown nasceu em Miyazaki, no Japão, filha de Mieko, japonesa e, Stu, britânico. Começou como uma brincadeira, mas logo se profissionalizou. Aos 10 anos, passou a enfileirar recordes e atraiu os holofotes de todo o mundo do skate. Ali, mesmo tão jovem, já era uma estrela. No caminho para as Olimpíadas, poderia ter escolhido o Japão, que passou a investir pesado na modalidade. Mas, sem a pressão britânica por resultados, optou pelo país do pai para representar em Tóquio.
A queda na casa de Tony Hawk quase a afastou do skate. Seus pais a queriam fora do esporte. Sky Brown, porém, pensou diferente.
– Todos os meus amigos me disseram: “Pare de andar de skate, não faça isso”. Mas estou muito feliz por estar aqui. O acidente me deixou mais forte. Estou feliz por estar aqui com eles.
Sky diz não se lembrar de nada do acidente. Enquanto fazia manobras, caiu e já não recorda de mais nada.
– Quero dizer, eu só estava andando de skate, como eu faço todos os dias. E aí eu fui a nocaute. Eu não lembro de nada sobre a queda, mas, aparentemente, quando eu acordei, eu não sabia quem era ou quem era a minha família. Meus pais não queriam mais que eu andasse de skate. Mas eu apenas senti que não poderia parar de andar. Eu apenas disse a eles que eu queria andar. É uma das minhas coisas que eu mais gosto de fazer. Você só tem uma vida e precisa aproveitá-la – disse, em entrevista ao jornal “The Guardian” antes dos Jogos.
A ida aos Jogos, por um momento, também esteve ameaçada. Não pela queda. Os pais de Sky também se preocuparam com a viagem ao Japão em meio à pandemia. Ela, no entanto, os convenceu. Sky Brown é considerada um fenômeno do skate. A britânica, que hoje vive em Oceanside, na Califórnia, soma medalhas e títulos no circuito mundial e nos principais eventos do esporte. Para Sky, a presença do skate nas Olimpíadas vai ajudar a atrair ainda mais o público para o esporte.
– Acho que as Olimpíadas nos deixaram ainda mais próximas. Skate é um esporte incrível. E, depois de assistir às Olimpíadas, as pessoas vão querer buscar mais – afirmou.
Além do skate, Sky também faz bonito no surfe. A britânica costuma postar vídeos ao lado do irmão, Ocean, outro prodígio aos 9 anos.
No caminho, Sky também conquistou o carinho das rivais brasileiras. Rayssa Leal, a Fadinha, postou no uma foto em comemoração pelo bronze da amiga. Após a final, Dora Varella e Yndiara Asp também elogiaram a britânica. Na Vila Olímpica, visitou algumas vezes o prédio do Brasil.
– Ela é realmente muito querida como parece. Ela queria fazer até a unha com a gente. É a nossa “parça” – brincou Yndiara.
– Ela é muito legal. E ela adora andar com a gente, nós andamos muito com ela na Califórnia. Ela adora estar com a gente o tempo todo.
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Fontes: Ge – Globo Esporte.