Vencer por um milésimo de segundo, correr uma maratona sem sapatos, aterrissar com apenas um pé, "mergulhar" no chão, recuperar-se após um tombo... Vale de
Redação Publicado em 23/07/2021, às 00h00 - Atualizado às 09h34
Vencer por um milésimo de segundo, correr uma maratona sem sapatos, aterrissar com apenas um pé, “mergulhar” no chão, recuperar-se após um tombo… Vale de tudo por uma medalha, e é isso que os atletas vêm provando ao longo das últimas décadas. Algumas disputas surpreendentes que marcaram a história dos Jogos Olímpicos.
Nos Jogos Olímpicos de Roma 1960, o etíope Abebe Bikila se tornou protagonista de um dos momentos mais icônicos da história ao percorrer, de forma épica, 42 quilômetros pelo breu da capital italiana para conquistar seu primeiro ouro. Ele não apenas venceu a prova em tempo recorde (2h15min16s), como o fez de forma heróica: com os pés descalços. O triunfo, primeiro de um atleta negro africano, transformou imediatamente Bikila numa lenda do atletismo.
Kerri Strug protagonizou um dos momentos mais icônicos da Olimpíada de Atlanta 1996, com espaço para muito drama. Dominique Moceanu, ginasta mais jovem do time dos Estados Unidos, com apenas 14 anos, precisava apenas de encaixar um bom salto para deixar o ginásio como a grande heroína da primeira medalha de ouro por equipes. Não foi o que aconteceu: Moceanu sofreu uma queda na chegada ao solo, passando a responsabilidade de selar a vitória americana para Strug.
A ginasta de 1,41m partiu para sua primeira tentativa e executou com perfeição o salto, mas o fim da performance veio com uma queda na aterrissagem. E a falha na saída nem foi a pior notícia para os Estados Unidos. Durante a queda, Strug teve dois ligamentos do tornozelo rompidos. Mesmo abalada, a americana partiu para o segundo salto e, apesar de toda a dificuldade, aterrissou com precisão – com todo o peso do corpo depositado no pé direito, já que o esquerdo não suportaria a dor.
O britânico Mo Farah protagonizou uma prova de superação nos Jogos do Rio 2016. Após uma queda na metade do evento, teve forças para se levantar e provar seu peso no atletismo mundial com o bicampeonato olímpico dos 10.000 metros rasos. O ouro veio com 27m05s17.
O atleta se manteve no pelotão de frente durante todo o percurso, mas, pouco depois da metade da prova, sofreu uma queda. Tropeçou sozinho, esfolou o ombro direito e perdeu muitas posições, mas se reergueu. Recuperou-se rapidamente e voltou ao pelotão de frente. Depois de assumir a liderança com 9.200m, perdeu-a temporariamente para o queniano Tanui, mas arrancou no fim para mais um título.
Protagonista de um dos momentos mais dramáticos da Olimpíada do Rio, a bahamense Shaunae Miller foi campeã dos 400 metros rasos depois de “mergulhar” no chão rumo à linha de chegada e, por isso, ficar apenas sete centésimos à frente da medalhista de prata, a americana Allyson Felix.
Nas semifinais, Shaunae Miller havia passado com o quarto melhor tempo, enquanto Allyson Felix havia feito seu melhor tempo no ano até então (49s67).
Rulon Gardner foi o protagonista de uma das maiores surpresas da história da luta olímpica ao conquistar a medalha de ouro em sua primeira participação nos Jogos em Sydney 2000. Seu adversário na final de luta greco-romana até 130 kg era ninguém menos que Aleksandr Karelin, o “urso russo”, tricampeão olímpico que não perdera uma luta internacional nos 13 anos anteriores.
Desconhecido do público, o americano virou sensação instantânea nos Estados Unidos depois do episódio que ficou conhecido como “o milagre no tapete”.
Uma das histórias olímpicas mais extraordinárias de nossa geração ganhou vida nos Jogos Olímpicos de Pequim 2008. Nos 100 metros nado borboleta, um centésimo de segundo separou o americano Michael Phelps do sérvio Milorad Cavic. Em meio às 28 medalhas olímpicas de Phelps, esta foi uma das mais memoráveis.
A americana Gail Devers protagonizou em edições seguidas dos Jogos Olímpicos – Barcelona 1992 e Atlanta 1996 – duas das finais mais equilibradas da história dos 100 metros rasos. Em 1992, cinco corredoras – Devers e Gwen Torrence (EUA), Irina Privalova (Rússia), e Julie Cuthbert e Merlene Ottey (Jamaica) – atravessaram a linha de chegada quase ao mesmo tempo, causando dificuldades na apuração. Na gravação em câmera lenta, Devers apareceu pouco à frente, sendo que a quinta colocada Ottey chegou 0,06 segundos depois.
Quatro anos depois, em Atlanta, na disputa feminina da prova mais nobre do atletismo, Devers e Ottey protagonizaram outro duelo tão parelho que os cronômetros não foram capazes de decidir. Ao cruzarem a linha de chegada, as duas velocistas tinham feito o mesmo tempo: 10s94. A decisão da medalha de ouro só saiu no photo finish.
O corredor britânico Derek Redmond tem conquistas de sobra no currículo, mas é mais lembrado por uma tarde de insucesso nos Jogos de Barcelona 1992. Não teve final feliz, mas um momento de dor que acabou se tornando uma das imagens mais icônicas da história olímpica.
Depois de uma lesão na Olimpíada de Seul 1988, Redmond brigava por uma vaga na final em Barcelona após fazer o tempo mais rápido da primeira fase e vencer sua bateria pelas quartas de final. Dentro do tempo previsto para garantir a classificação, o corredor sentiu uma fisgada no meio da bateria.
Com o tendão rompido e o sonho olímpico encerrado, Redmond seguiu pulando em uma perna rumo à linha de chegada, apesar dos protestos dos oficiais. Foi quando seu pai, Jim Redmond, saltou da arquibancada para a pista e amparou o filho até a linha de chegada. Mesmo sem medalha, o atleta deixou Barcelona 1992 com o título indiscutível de herói olímpico.
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Fontes: Ge – Globo Esporte.