O dia 11 de fevereiro, em 1934, marca o nascimento de um dos nomes mais relevantes do esporte a motor em todos os tempos: o inglês John Surtees, primeiro e
Redação Publicado em 11/02/2021, às 00h00 - Atualizado às 14h14
O dia 11 de fevereiro, em 1934, marca o nascimento de um dos nomes mais relevantes do esporte a motor em todos os tempos: o inglês John Surtees, primeiro e único piloto da história com títulos mundiais nas principais categorias do motociclismo (500 cc, atual MotoGP) e automobilismo (Fórmula 1).
Surtees correu na F1 de 1960 a 1970, além de uma prova isolada em 1972. Ainda teve sua própria equipe de 1970 a 1978 e foi chefe do brasileiro José Carlos Pace. Vamos relembrar a trajetória deste britânico de Tatsfield.
John Surtees foi um dos maiores motociclistas de seu tempo. Nos anos 1950, sempre com uma MV Augusta, ganhou três títulos mundiais na categoria 350cc (1958, 1959 e 1960) e quatro na principal, nas 500cc (1956, 1958, 1959 e 1960). Além disso, venceu o tradicional festival TT no perigosíssimo circuito da Ilha de Man por três vezes.
John Surtees decidiu trocar as duas pelas quatro rodas em 1960. Estreou pela Lotus e já obteve um segundo lugar em seu segundo GP, na Inglaterra, e uma pole position no terceiro, em Portugal. Em 1961, pela Cooper, o desempenho foi mais discreto, mas em 1962, pela recém-criada Lola, pontuou em cinco das nove provas, com dois segundos lugares, e foi o quarto na tabela. Sua cotação cresceu, e John acertou com a Ferrari.
Em 1963, Surtees venceu no perigoso Nürburgring e, com mais dois pódios, repetiu o quarto lugar no campeonato. Mas a consagração viria mesmo em 1964. Com o modelo 158 de oito cilindros, o inglês venceu duas corridas e obteve outros quatro pódios para alcançar o título. É bem verdade que ele contou com uma força do companheiro Lorenzo Bandini, que na última volta da última prova, no México, parou seu carro para dar o segundo lugar ao inglês, resultado que garantia a John o título contra os favoritos Jim Clark e Graham Hill. Um título histórico e único: campeão mundial em duas e quatro rodas. Detalhe, com uma Ferrari azul e branca, como o F1 Memória já contou.
Depois do título, a Ferrari teve uma temporada ruim em 1965, e Surtees foi um distante quinto colocado. Pior: sofreu um fortíssimo acidente em Mosport Park (Canadá) quando testava um protótipo Lola e teve fraturas que deixaram alguns ossos mais curtos de um lado do corpo. Recuperado, Surtees venceu a segunda prova da F1 em 1966 em Spa-Francorchamps (Bélgica) depois que mais de metade do grid foi pega de surpresa por uma tempestade e se acidentou. Foi a última corrida de John pela Ferrari, pois houve divergências com a equipe, que lhe tirou das 24 Horas de Le Mans para dar lugar ao italiano Ludovico Scarfiotti.
Surtees conseguiu um refúgio na Cooper e fez um bom restante de temporada; com mais três pódios e uma vitória, no México. Acabou como vice-campeão e apostou suas fichas na Honda, que investia pesado para brigar com as grandes equipes da F1. Em 1967, Surtees venceu em Monza e foi um bom quarto colocado na tabela. Mas, no fim do ano seguinte, a equipe deixou a F1 devido a dificuldades com a venda de seus carros nos Estados Unidos e pelo acidente fatal de Jo Schlesser no GP da França. Restou a Surtees ir para a decadente BRM, e a temporada de 1969 foi decepcionante.
Surtees parou de correr após fundar a própria equipe, em 1970. O time começou de forma promissora, marcando pontos nos seus dois primeiros campeonatos. Já “aposentado”, John decidiu alinhar no GP da Itália de 1972 o modelo com o qual a equipe disputaria o campeonato de 1973, já experimentando mudanças estruturais que seriam exigidas pelo novo regulamento. Aos 38 anos, Surtees largou em 19º e abandonou a que seria, de fato, sua última corrida de F1 como piloto.
Curiosamente, seu piloto titular Mike Hailwood foi o segundo colocado com o carro antigo no melhor resultado da história da equipe. Foi nessa corrida que Emerson Fittipaldi venceu e se sagrou campeão pela primeira vez.
A Surtees contratou o brasileiro José Carlos Pace em 1973, e o novo carro tinha algum potencial, tanto que Moco mostrou velocidade em várias corridas. Mas havia três problemas: um era a confiabilidade do carro, que apresentava quebras de componentes a torto e a direito, o segundo era que os pneus Firestone estavam superados pelos Goodyear, e a performance do carro dependia da adaptação do carro a cada circuito; por fim, o time padecia de falta de organização interna.
Em 1973, Pace ainda quebrou o recorde de Nürburgring e foi terceiro em Österreichring. Mas em 1974 os problemas se agravaram, e o brasileiro deixou o time, que, apesar de pontuar espaçadamente em algumas provas, não teve consistência para se formar na F1. A equipe fechou as portas no fim de 1978.
Ao longo de sua vida, John Surtees recebeu três distinções da Coroa Britânica, as de Membro, Oficial e Comendador. O ex-piloto seguiu atuante no esporte a motor e foi o presidente da equipe britânica na A1GP, categoria que tinha carros representando diferentes países.
O filho Henry se tornou piloto mas morreu em 2009 durante uma corrida de Fórmula 2 em Brands Hatch ao ser atingido na cabeça por um pneu que se soltou de outro carro acidentado. No ano seguinte, o campeão em duas e quatro rodas criou a Fundação Henry Surtees para assistir vítimas de lesões cerebrais e promover a segurança no trânsito.
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Fonte: GE – Globo Esporte.