Não vai ser fácil. Para quem pensa que o América-MG, adversário da semifinal da Copa do Brasil, nesta quarta, às 21h30, no Allianz Parque, é um azarão, melhor
Redação Publicado em 22/12/2020, às 00h00 - Atualizado às 13h25
Não vai ser fácil. Para quem pensa que o América-MG, adversário da semifinal da Copa do Brasil, nesta quarta, às 21h30, no Allianz Parque, é um azarão, melhor ajustar as expectativas.
A equipe treinada por Lisca promete endurecer o duelo contra o Palmeiras na base da organização e do contra-ataque, mas não sem deixar alguns pontos que podem ser explorados pelo time paulista, como o lado direito da defesa.
Nada que tire o bom momento do Coelho. Desde que Lisca chegou, em fevereiro, o time se transformou. Foi páreo duro para o Atlético-MG nas finais do Mineiro e eliminou Corinthians e Internacional na Copa do Brasil, com duas vitórias fora de casa, por 1 a 0. Na Série B, é vice-líder com apenas dois pontos atrás da Chapecoense. Inclusive os dois fizeram uma “final antecipada” no domingo, em jogo que terminou em polêmica por conta de um gol anulado.
O América-MG com Lisca joga quase sempre num 4-3-3, mesmo quando há desfalques e perdas por lesão. Uma delas, a do volante Zé Ricardo, abriu espaço para Flávio, cria da base do Coelho, que aos 20 anos vem mostrando segurança na proteção da zaga. Daniel Borges vem jogando na lateral direita.
No ataque, Rodolfo tomou a vaga de Léo Passos com muitos gols. Marcelo Toscano – autor do gol do América-MG na casa do Corinthians – pode aparecer no time.
É muito comum pensar que num jogo entre um time de maior investimento e outro de folha mais modesta, o grande vai atacar, e o pequeno vai se defender. É uma meia verdade.
O América-MG é bem organizado quando se lança ao ataque, com o volante Flávio encarregado de armar as jogadas junto aos zagueiros. Mas são nas jogadas de velocidade que estão o ponto forte do time de Lisca. Não apenas contra-ataque: é um time veloz, que quer sempre atacar com a defesa desorientada.
A jogada mais clássica desse América é a corrida pelo lado. Felipe Azevedo e Ademir são os encarregados de correrem na linha de fundo, como pontas clássicos. Enquanto isso, o centroavante e o ponta do outro lado entram na área e buscam se antecipar os zagueiros.
É um modo econômico e eficiente de chegar ao ataque. Bastam dois ou três jogadores e o América desorganiza uma defesa com até seis homens.
Esse movimento é tão bem-feito que a maioria – para ser preciso, um terço dos últimos 15 gols – foram feitos desse mesmo modo da imagem: ponta corre e atacante antecipa no lado oposto. Um detalhe é que vários desses gols saíram de reposições de bola parada. Um ponto para o Palmeiras ficar atento: qualquer reposição para frente pode se tornar um perigo de gol.
Outra jogada forte do América são as bolas paradas. Dos últimos 15 gols, um veio de pênalti, três de saídas erradas do goleiro ou do zagueiro adversário e três escanteios. Contra a Chape, os dois gols do empate vieram de escanteios, com uma pequena “maldade” preparada por Lisca na primeira trave do escanteio.
Quando um escanteio é batido, a trave mais perto do batedor é chamada de primeiro pau. É o lado para onde o goleiro posiciona o corpo e tenta adivinhar a trajetória da bola. Lisca, esperto que só, treina uma jogada para “enganar” o goleiro.
O América concentra dois ou três jogadores no primeiro pau. Na batida do escanteio, um deles salta e leva consigo dois adversários. Ele salta não para fazer o gol, mas para chamar a atenção da defesa e deixar o outro lado livre para Messias, Anderson e Rodolfo, que conseguem pegar as costas do goleiro. Veja na imagem:
Esse movimento se repete em vários gols e lances do América: chamar adversários para um lado e deixar o outro mais livre para que alguém chegue de surpresa e faça o gol. Ponto para Luan e Gustavo Gómez, a provável dupla de zaga do Palmeiras, deve prestar atenção.
Se parar o forte jogo pelos lados e não ser enganado nos escanteios do América é um bom começo para o Palmeiras, o caminho das pedras também parece estar nítido: é o lado direito da defesa, onde jogam o zagueiro Messias e o lateral Daniel Borges. Por lá saíram três dos últimos doze gols tomados pelo América, em lances muito parecidos.
A fragilidade começa quando Messias sai da linha de defesa para cobrir Flávio ou qualquer outro meio-campista. Por ser um zagueiro de muito vigor, ele tem bastante confiança para fazer esse movimento daí: sair de trás e ir “caçar” no meio.
Só que isso provoca uma certa pane na defesa, e dada a rapidez do lance, nem sempre o América se reorganiza. Messias apresenta certa lentidão ao retornar para a linha, e Flávio não consegue cobrir suas costas.
O que acontece é algo que se repetiu contra a Chapecoense e Sampaio Correia: o adversário aparece de surpresa no setor e consegue fazer o gol. Será um caminho para Rony ou Veron?
Outro ponto que o Palmeiras pode usar para vencer o América são os contra-ataques. Provar do próprio veneno? Pois três dos últimos doze gols levados foram de jogadas rápidas do adversário, a defesa novamente confusa na proteção da própria área. Um bom exemplo é o contra-ataque da Ponte Preta, no qual a defesa do América tinha apenas dois jogadores.
O lance começa num ataque do América e um jogador perde a bola. A organização da defesa no momento que uma equipe ataca é chamado de balanço, balanço defensivo. Vários técnicos orientam muito o posicionamento que você nem sempre vê na câmera para diminuir espaço, deixar o time compacto e evitar essa cratera que a Ponte aproveitou.
adores – como o capitão Juninho, um banco que muda jogo – como Neto Berola e Marcelo Toscano – e não irá economizar esforços na primeira semifinal de Copa do Brasil de sua história. Nada de moleza ou zebra. É um adversário duro e que vai embalar dois grandes jogos entre nos dias 23 e 30 de dezembro.
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