Epicentro do vírus na Itália, Bérgamo usa o futebol para voltar a viver

Uma das maiores vítimas da pandemia do coronavírus na Itália, Bérgamo é uma cidade mártir que tenta voltar a viver e que se reencontrará neste domingo com sua

Diário de São Paulo -

Redação Publicado em 20/06/2020, às 00h00 - Atualizado às 19h07

Uma das maiores vítimas da pandemia do coronavírus na Itália, Bérgamo é uma cidade mártir que tenta voltar a viver e que se reencontrará neste domingo com sua equipe de futebol, a Atalanta, que atravessa temporada histórica.

As imagens de dezenas de caixões reunidos na igreja do cemitério da cidade deram a volta ao mundo. “Foram meses difíceis. Há um grande alívio agora. Voltamos a ter uma situação relativamente normal”, explicou recentemente o prefeito da cidade, Giorgio Gori.

“Na província, houve 6.000 mortes a mais que o normal neste período, 670 em Bérgamo. O equivalente a 45.000 em Nova York”, completou Gori.

Praticamente todos os habitantes perderam um amigo, um colega ou um vizinho durante a pandemia. E o duelo de ida das oitavas de final da Liga dos Campeões entre a Atalanta e o Valencia, em 19 de fevereiro, teve um papel-chave na epidemia.

Naquele dia, 45.792 espectadores assistiram à vitória da Atalanta por 4 a 1 no estádio San Siro, em Milão. A cada gol, milhares de abraços nas arquibancadas e nos bares. A ameaça do coronavírus ainda parecia longe, num momento em que não existia nenhum caso da doença na Itália.

Mas, a partir de 4 de março, a curva de contaminados em Bérgamo começou a subir drasticamente e a partida da Champions foi uma verdadeira “bomba biológica”, segundo o relato de alguns especialistas.

Após a partida de volta, no dia 10 de março, o técnico da Atalanta, Gian Piero Gasperini, prometeu uma “grande festa”, só que “mais tarde”. E o clube pediu aos torcedores que não se reunissem para celebrar a histórica classificação para as quartas de final da Champions. Naquele momento, o vírus já fazia um estrago na Itália.

Submetida, como o restante do país, a rigorosas medidas de confinamento por dois meses, Bérgamo começou a reviver a partir de 4 de maio. Mas, na parte alta da cidade, onde costumam se reunir hordas de turistas, há pouca gente nas ruas.

“Em geral, servimos 150 mesas ao meio-dia e 50 à noite. Agora, com sorte, podemos chegar a 20 mesas no dia todo”, relatou à AFP Marcello Menalli, proprietário do “Caffè del Tasso”, um dos mais antigos restaurantes da Itália.

Neste domingo, o futebol permitirá a Bérgamo dar um passo a mais rumo à normalidade, quando a Atalanta receber o Sassuolo em sua primeira partida desde a suspensão do futebol, em 9 de março.

Quarto colocado no Campeonato Italiano, com chances de classificação para a próxima Champions, o clube vive sua melhor temporada na história.

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