Famílias de vítimas do rompimento da barragem criticam decisão do TRF-6 e movimentos sociais se mobilizam
Marina Milani Publicado em 15/03/2024, às 08h38
A decisão da 2ª Turma do Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF-6) de conceder habeas corpus ao ex-presidente da Vale, Fábio Schvartsman, após o trágico rompimento da barragem em Brumadinho, Minas Gerais, em 25 de janeiro de 2019, gerou indignação e revolta entre os movimentos sociais e familiares das vítimas.
A presidente da Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão (Avabrum), Andresa Aparecida Rocha Rodrigues, expressou perplexidade diante da decisão, ressaltando que Schvartsman tinha ciência da instabilidade da barragem e não tomou as devidas providências, resultando na morte de 272 pessoas, incluindo seu filho Bruno.
O Instituto Camila e Luiz Taliberti (ICLT), fundado em homenagem aos irmãos que perderam a vida na tragédia, declarou que não se calará diante da decisão e lutará por justiça. O instituto enfatizou que a falta de conhecimento das condições da barragem, alegada no pedido de habeas corpus, não condiz com a realidade.
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) classificou a decisão como vergonhosa, ressaltando a importância da responsabilização pelos crimes cometidos, visando evitar novas tragédias.
Por outro lado, os advogados de defesa de Fábio Schvartsman afirmaram que a decisão reconhece a inexistência de qualquer ato ou omissão do ex-presidente da Vale que contribuísse para o rompimento da barragem.
A decisão do TRF-6 não encerra o caso, e outras ações penais continuam em andamento contra outros quinze acusados. Os familiares das vítimas aguardam que o Ministério Público Federal apresente novas denúncias baseadas em evidências adicionais, visando garantir que a justiça seja feita e que tragédias como a de Brumadinho não se repitam.