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Witzel nega renúncia e diz que sua história está ‘apenas começando’

O governador afastado do Rio , Wilson Witzel , negou que vá renunciar ao cargo na próxima quarta-feira (23), antes da votação sobre a continuidade do processo

Witzel nega renúncia e diz que sua história está ‘apenas começando’
Witzel nega renúncia e diz que sua história está ‘apenas começando’

Redação Publicado em 22/09/2020, às 00h00 - Atualizado às 09h55


Informação circulou entre deputados estaduais no final de semana; Alerj vota impeachment na quarta-feira

O governador afastado do Rio , Wilson Witzel , negou que vá renunciar ao cargo na próxima quarta-feira (23), antes da votação sobre a continuidade do processo de impeachment na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Em nota divulgada no fim da tarde desta segunda-feira (21), Witzel diz que jamais renunciará, e diz que sua história está “apenas começando”. A informação sobre uma possível renúncia circulou entre deputados ao longo do último final de semana.

“Resistirei. Politicamente, a minha história está apenas começando. Lutarei pelo estado do Rio de Janeiro e pela democracia. Juridicamente, minha absolvição e meu retorno imediato ao cargo no qual o povo me colocou é o único caminho possível “, diz o texto.

O governador afastado faz ainda uma defesa das acusações de envolvimento em esquemas de desvios de recursos na área da saúde, feitas pelo Ministério Público Federal (MPF) e que embasaram a denúncia por crime de responsabilidade.

Na última quinta-feira (17), a comissão especial do impeachment aprovou, por 24 votos a 0, o relatório que recomenda a continuidade do processo, tendo a requalificação da Organização Social Unir, acusada de irregularidades, como ponto central.

“De todos os meus atos pegaram apenas um, que é juridicamente correto, e o associam a recebimento de valores, do que não há provas pelo fato de não ter ocorrido. Não há nenhuma relação com a Unir e as empresas contratadas pelo escritório da minha esposa”, argumenta.

Afastado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) desde 28 de agosto, Wilson Witzel pretende fazer sua defesa presencialmente no plenário da Alerj na próxima quarta-feira (23). Ele vai discursar antes da abertura da votação entre os deputados. A sessão está marcada para às 15h.

A informação sobre uma possível renúncia de Witzel começou a circular em grupos de deputados estaduais no Whatsapp no domingo. Alguns deles chegaram a se manifestar, afirmando que seria uma manobra para o ex-juiz manter seus direitos políticos.

Em seu twitter, a deputada Alana Passos (PSL) fez uma publicação em tom de alerta . “Wilson Witzel quer renunciar para fugir da punição política. Estamos atentos aos movimentos desse governador”, afirmou.

Já Renan Ferreirinha (PSB) abriu uma enquete sobre a possibilidade em suas redes sociais. “Bem, a renúncia não vai parar a investigação criminal contra Witzel. Ele pode acabar perdendo seus direitos políticos de qualquer forma. Mas evitaria o desgaste de encarar o possível Tribunal Misto, quando juízes e deputados poderão cassar seu mandato, e a grande instabilidade política que vive o Rio”, destacou.

Caso dois terços dos deputados, ou 47 votos, decidam pela continuidade do processo na próxima quarta-feira, Wilson Witzel ficará duplamente afastado — pelo STJ e pela Alerj — e passa a responder a uma comissão mista de julgamento.

Esse grupo é conduzido pelo presidente do TJ-RJ, e será composto por cinco deputados escolhidos na Alerj e cinco desembargadores definidos por sorteio. A comissão teria prazo de até 180 dias para dar a palavra final sobre a possível perda de mandato de Witzel.

Veja a íntegra da nota do governador afastado :

“Antes de mais nada, esclareço que jamais renunciarei.

Em um ano e sete meses de gestão, fiz muito pelo Estado: salários em dia; ampliação dos programas de segurança (com a contínua queda nos índices criminais, batendo recordes históricos e devolvendo o direito de ir e vir à população); aumento da carga horária dos professores de 16 para 30 horas, uma demanda antiga da categoria; investimentos robustos em ensino e pesquisa; dentre outras realizações.

Mas, nada disso está em julgamento. De todos os meus atos pegaram apenas um, que é juridicamente correto, e o associam a recebimento de valores, do que não há provas pelo fato de não ter ocorrido. Não há nenhuma relação com a Unir e as empresas contratadas pelo escritório da minha esposa. Basta ler o processo e verificar a inexistência de provas.

A vida me forjou nos desafios. Menino pobre, orgulho de uma doméstica e de um metalúrgico, deixei a magistratura federal por um ideal, que não terminará aqui.

Resistirei. Politicamente, a minha história está apenas começando. Lutarei pelo Estado do Rio de Janeiro e pela democracia. Juridicamente, minha absolvição e meu retorno imediato ao cargo no qual o povo me colocou é o único caminho possível.”

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iG

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