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Vizinha ferida por rapaz que matou a mãe em SP não se lembra do ataque

Na manhã do dia 23 de agosto, de acordo com a investigação da polícia, o estudante Felipe Farina Garcia, de 25 anos, matou a mãe, Suely Guerra Farina, a

Vizinha ferida por rapaz que matou a mãe em SP não se lembra do ataque
Vizinha ferida por rapaz que matou a mãe em SP não se lembra do ataque

Redação Publicado em 01/09/2016, às 00h00 - Atualizado às 10h47


Luiza Borges foi uma das vizinhas atacadas pelo estudante Felipe Garcia.
‘A gente prefere até que ela não lembre’, disse sobrinho da vítima.

Mais de uma semana depois de ter sido atacada ao tentar socorrer uma vizinha, morta pelo próprio filho, a aposentada Luiza Cristina Borges segue internada e sem conseguir se lembrar do que aconteceu no prédio em que mora, na Vila Inglesa, Zona Sul de São Paulo.

Na manhã do dia 23 de agosto, de acordo com a investigação da polícia, o estudante Felipe Farina Garcia, de 25 anos, matou a mãe, Suely Guerra Farina, a golpes de faca, e ainda feriu duas vizinhas que tentaram socorrê-la: a empresária Márcia Cristina Gonçalves de Oliveira, de 56 anos, e Luiza.

Márcia chegou a ficar três dias internada no Hospital Geral de Pedreira e teve alta na última sexta (26). Ela teve traumatismo craniano e sofreu diversos cortes pelo corpo. Entre eles, um que rompeu um tendão do pé. “Se não tivesse com bota de couro tinha arrancado o pé dela fora também”, disse um familiar. Segundo a Polícia Civil, Felipe amputou um dos pés da mãe e ainda tentou, sem sucesso, cortar o outro após matá-la.

Luiza, no entanto, segue internada no Hospital São Paulo, também na Zona Sul. Segundo Danilo Pulvirenti, sobrinho dela, a aposentada já está fora de risco, mas permanece em observação por conta de um grande coágulo de sangue que se formou na região da nuca.

“Os médicos preferiram deixar ela internada para não correr risco de estourar esse coágulo e ter algum tipo de efeito colateral. Mas ela está bem. Pode ser que essa semana ela tenha alta. Depende de como vai ficar esse coágulo, se ele vai começar a se dissolver”, contou.

Apesar da melhora, Luiza ainda não tem quase nenhuma lembrança do ocorrido e, de acordo com o sobrinho, chegou a não reconhecer o próprio filho nos primeiros dias após o ataque. “Ela teve uma perda de memória, acho que pelo susto. Agora já começou a retomar melhor a memória, mas não lembra muito do que aconteceu no dia. Isso aí ela não consegue lembrar. A gente prefere até que ela não lembre”, afirmou Pulvirenti.

O sobrinho negou que ela tenha perdido a visão de um olho, como informado anteriormente. “Ela vai voltar a enxergar. Ela só estava com um olho muito inchado, né, porque a facada que ela tomou no rosto foi muito próxima do olho.” Segundo ele, a tia já passou por uma cirurgia de emergência na região, mas terá de encarar o bisturi novamente em breve. “Vai ter que fazer umas plásticas porque o rosto ficou um pouquinho feio, mas graças a Deus ela tá bem.”

Felipe fazia declações de afeto à mãe constantemente nas redes sociais (Foto: Reprodução/Instagram)

Felipe fazia declações de afeto à mãe constantemente nas redes sociais (Foto: Reprodução/Instagram) Crime

Crime
O estudante Felipe Farina Garcia, de 25 anos, foi preso suspeito de matar a facadas a mãe, Suely Guerra Farina, de 59, e ferir duas vizinhas no condomínio em que morava na Vila Inglesa, Zona Sul de São Paulo, na terça-feira (23).

Segundo relato de testemunhas à Polícia Civil, o jovem andava paranoico com questões religiosas e se dizia Jesus Cristo. No apartamento dele, policiais militares encontraram um pequeno cultivo de maconha.

O crime aconteceu por volta das 9h, na Rua Vicente Pereira de Assunção, uma travessa da Avenida Yervant Kissajikian. De acordo com os depoimentos de vizinhos à polícia, Suely e o filho viviam sozinhos e tinham um histórico recente de brigas, desde que o estudante passou a demostrar um fanatismo religioso.

Felipe atacou a mãe com uma faca justamente após uma discussão que começou por questões espirituais. Suely ainda conseguiu sair do apartamento e, aos gritos, correu em direção às escadas, mas o filho, que dizia que ela estava possuída, a alcançou dois andares abaixo.

Ajuda das vizinhas
Três vizinhas ouviram o desespero de Suely e saíram de suas casas para ajudá-la. Em vão, segundo a polícia. O estudante esfaqueou a mãe na frente das mulheres.

Outros vizinhos ouviram a confusão e chamaram a Polícia Militar (PM). Segundo o boletim de ocorrência registrado no 43º DP, Felipe permaneceu nas escadas do edifício depois dos ataques e foi detido lá mesmo pelos policiais. O jovem teria resistido à prisão e entrado em luta corporal com os PMs.

Interrogado na delegacia, o estudante não soube explicar o motivo do ataque. Segundo a polícia, ele alegou que não se lembrava de nada do que acabara de acontecer. Suely não resistiu aos ferimentos e morreu ainda no local do crime.

Felipe foi autuado em flagrante por homicídio e pela tentativa dos outros dois assassinatos. O estudante também vai responder pelo crime de tráfico, já que a PM apreendeu vasos com pés de maconha com o equivalente a 102 gramas da droga em seu quarto.

Foto tirada no quarto depois do crime mostra parte do cultivo de maconha que Felipe mantinha (Foto: Reprodução/Whatsapp)

Foto tirada no quarto depois do crime mostra parte do cultivo de maconha que Felipe mantinha (Foto: Reprodução/Whatsapp)

Perguntas sobre a mãe
O estudante perguntou aos policiais que o interrogavam após o crime se ela estava bem. De acordo com a Polícia Civil, o questionamento foi feito mais de uma vez durante o depoimento e, toda vez que era respondido, o jovem começava a chorar.

Umas das testemunhas ouvidas, filha de uma das vizinhas atacadas, contou que não conseguia entender o episódio, já que convivia com Felipe desde que nasceu. Ela se referiu ao estudante como um “irmão de criação”.

Felipe recobrou a consciência durante o interrogatório e relatou que fumou maconha no dia do surto. A investigação não crê que o uso da droga tenha relação com ocorrido, já que a erva se caracteriza por produzir comportamento justamente contrário ao que o estudante apresentou. Ele nega que tenha feito uso de algum outro tipo de entorpecente.

O estudante Marco Hasckel foi colega de classe de Felipe na universidade e contou que ele era um rapaz inteligente e estudioso, mas que “andava estranho ultimamente”. “Perdemos um pouco o contato da faculdade, mas de vez em quando encontrava com ele correndo pelo bairro. Tava meio apegado com esse negócio de Igreja, achando que todo mundo era pecador. Uns amigos dele mais próximos falaram que ele dizia ser Jesus”, afirmou.

Mensagem postada no Instagram de suspeito de matar e esquartejar a mãe (Foto: Reprodução/Instagram)

Mensagem postada no Instagram de suspeito de matar e esquartejar a mãe (Foto: Reprodução/Instagram)

Post religioso
Felipe postou no Instagram uma foto e uma mensagem de cunho religioso pouco antes de matar e esquartejar a própria mãe, conforme aponta a polícia. Menos de duas horas antes do crime, ele compartilhou na rede social uma foto de seu quarto com uma legenda em que dizia ter encontrado o “Espírito Santo de Jesus Cristo”.

“Maaaano na moral!!! Kkk como é gostoso quando encontramos o Espírito Santo de Jesus Cristo!!! Sem maldade nenhuma!!! Claro neh… Kkk Mó brisa mesmo… As coisas se completam na frente dos nossos olhos, o mundo espiritual se torna real… Tudo fica doce e sinto o cheiro de flores no ar, sua pele se arrepia, seu coração se enche de alegria e luz… Pela certeza da SALVAÇÃO ETERNA!!! DEUS SEJA LOUVADO!!!#jesuscristo #caminho #verdade #vida #eterna #sempre #aindahatempo #33”, afirmou ele na rede.

A mensagem foi postada junto da imagem de um quarto, que a polícia confirmou ser dele. Na parede do cômodo, é possível ver diversos desenhos e pichações. Entre eles, está escrito, com tinta dourada, os dizeres “Paz e amor em Deus”.

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