Há cerca quase um mês a França tem visto uma série de manifestações que reúnem milhares de coletes amarelos contra o governo de Emmanuel Macron. Mais de 4 mil
Redação Publicado em 15/12/2018, às 00h00 - Atualizado às 09h18
Há cerca quase um mês a França tem visto uma série de manifestações que reúnem milhares de coletes amarelos contra o governo de Emmanuel Macron. Mais de 4 mil pessoas foram detidas e centenas ficaram feridas em confronto com a polícia. Apesar do recuo do governo na cobrança de um imposto sobre o combustível, que motivou o início dos protestos, eles voltam às ruas neste sábado (15).
“Vamos pra rua porque estamos de saco cheio. O movimento não reúne só aqueles que protestavam contra o preço dos combustíveis. Há uma verdadeira cólera contra a queda no poder aquisitivo da classe média, a injustiça fiscal, a desigualdade entre as grandes cidades e as do interior”, afirmou ao G1 o professor Mohamed Lyia, de 40 anos, que mora na região de Porte d´Italie, em Paris.
Sem as tradicionais articulações dos partidos políticos ou sindicatos, a mobilização que começou nas redes sociais chamou a atenção porque não tem lideranças formais
“Essa mobilização até agora é um pouco indecifrável. A gente não consegue identificar quem são mesmo os coletes amarelos. Todo mundo participa da manifestação. É uma síntese da sociedade francesa: tem desempregado, aposentado, professor”, explica Mohamed Lyia, que participa dos atos na capital francesa desde o início.
“Chega um momento que a gente tem uma necessidade de sair, de expressar uma irritação. Isso aconteceu no Brasil, agora [ocorre] na França, como aconteceu na época da primavera árabe. Somente esse tipo de manifestação que faz as coisas avançarem”, disse.
O primeiro protesto, em 17 de novembro, reuniu cerca de 290 mil pessoas. Muitas portavam o colete amarelo fluorescente – item de segurança obrigatório nos veículos franceses –, que acabou virando símbolo da nova onda de protestos.
Desde então, a França enfrentou uma série de bloqueios de rodovias, protestos de motoristas de ambulâncias e manifestações de estudantes secundaristas.
Lyia observa que há nas manifestações pessoas de diversas orientações político-ideológicas, como simpatizantes do Front Nacional (da polêmica líder ultranacionalista Marine Le Pen), do Partido Socialista e da aliança de esquerda “França Insubmissa” (movimento de esquerda liderado por Jean-Luc Mélenchon que se destacou nas eleições de 2016).
O movimento surgiu quando o governo francês anunciou a criação de um imposto sobre os combustíveis com o intuito de desestimular os franceses a usarem o transporte individual.
Para Mohamed, o argumento do governo de taxar os combustíveis para contribuir com o meio ambiente não foi eficaz.
“Ecologia é algo essencial sim, mas a gente não pode fazer ecologia sem levar em conta o fator social. A gente não vai conseguir sensibilizar as pessoas sobre ecologia se a geladeira estiver vazia”, afirmou.
“Acho que os franceses estão prontos para uma política ecológica revolucionária, porque cada dia que passa, é um dia que a gente perde. Mas é preciso fazer isso com plano social. Não só criar imposto, imposto, imposto”, completou.
Os protestos reúnem milhares de pessoas a cada fim de semana em todo território. E, pouco a pouco, eles foram se tornando cada vez mais violentos. No último sábado (7), apesar do dispositivo policial “excepcional” formado por 89 mil agentes das forças de segurança, 320 pessoas ficaram feridas e mais de 1,7 mil foram detidas.
Os confrontos despertaram críticas, mas na avaliação do professor “crescimento da desesperança leva à violência”.
“Nesse momento, a gente tem que refletir o que essa violência quer nos dizer, por que a gente chegou a esse ponto. Quando a gente escuta as pessoas que sofrem, não tem violência. Quando a pessoa está desesperada, em um determinado momento a gente não tem nada a perder”, afirmou.
Pressionado, o governo Macron fez um esforço para acalmar os coletes amarelos ao desistir definitivamente de cobrar o imposto sobre o combustível. No entanto, os ânimos continuam exaltados, e o protesto deste sábado foi mantido.
“Seu discurso de segunda-feira provou que ele não tomou suficientemente consciência da França que não se vê, porque está longe das grandes cidades, mas que é uma França que merece recolher os frutos do seu trabalho”, observou.
Mas como responder a um movimento que não tem uma pauta de reivindicações clara?
“Os coletes amarelos esperam que o governo não pare de olhar para as pessoas que sofrem. Que ele não esqueça de conceder uma dimensão social importante na sua política”, afirmou Mohamed.
Com a aproximação das festas de fim de ano, existe a possibilidade de que a mobilização recue. Porém, na avaliação do professor, o governo deve ficar em alerta.
“Vamos ver como as coisas vão evoluir. Esse movimento tem a possiblidade de virar uma real ameaça no espectro político se Estado implementar uma política muito liberal e esquecer do cidadão. Existe uma sinergia para voltar para a rua, para lembrar que eles não podem fazer o que eles querem em benefício de interesses partidários que não levem em consideração àqueles do povo”.
Leia também
ONLYFANS - 7 famosas que entraram na rede de conteúdo adulto para ganhar dinheiro!
Policial de 21 anos é arrebatado por facção criminosa no Guarujá
VÍDEO - Traficante se vinga de mulher infiel de forma aterrorizante
Vídeo flagra casal fazendo sexo dentro de carro em plena luz do dia
BOMBA! Andressa Urach revela se já fez sexo com o próprio filho
Desigualdade salarial: homens brancos ganham 27,9% a mais que a média no Brasil
Investimento para programa de incentivo no setor de eventos é de R$ 15 bi
Brasil volta ao mapa dos investimentos internacionais: país sobe no ranking da Kearney
Gracyanne foi surpreendida com mudança de Belo: "Não sei para onde ele foi”
Entenda como o acidente entre Porsche e Uber pode afetar o bolso dos brasileiros