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Vale anuncia descaracterização da sexta estrutura de barragem

A Vale anunciou hoje (13) ter finalizado a descaracterização da barragem Fernandinho, em Nova Lima (MG), localizada na Mina Abóboras, no Complexo Vargem

Vale anuncia descaracterização da sexta estrutura de barragem
Vale anuncia descaracterização da sexta estrutura de barragem

Redação Publicado em 14/07/2021, às 00h00 - Atualizado às 07h53


O descomissionamento se tornou obrigatório após desastre de Brumadinho

A Vale anunciou hoje (13) ter finalizado a descaracterização da barragem Fernandinho, em Nova Lima (MG), localizada na Mina Abóboras, no Complexo Vargem Grande. Segundo a mineradora, é a sexta estrutura que tem o processo concluído desde a tragédia de Brumadinho (MG), ocorrida em janeiro de 2019.Vale anuncia descaracterização da sexta estrutura de barragemVale anuncia descaracterização da sexta estrutura de barragem

O descomissionamento de barragens que utilizam o método de alteamento a montante se tornou obrigatório no país após o desastre. No episódio, uma estrutura a montante se rompeu e uma avalanche de rejeitos causou 270 mortes, destruiu comunidades e gerou devastação ambiental. Cerca de três anos antes, em novembro de 2015, um outro desastre com uma barragem similar, pertencente à Samarco, já havia tirado a vida de 19 pessoas em Mariana (MG).

“Com a conclusão das obras de descaracterização, que ainda será avaliada pelos órgãos competentes, Fernandinho deixa de ter características de barragem, perdendo a função de armazenamento de rejeitos e de água. No processo de descaracterização, 558 mil metros cúbicos de rejeitos foram removidos e um canal central de drenagem foi construído, com posterior revegetação e reintegração da área ao meio ambiente local. As atividades contaram com cerca de 540 trabalhadores”, informou a mineradora.

Dias depois da tragédia da Brumadinho, a Vale prometeu descaracterizar nove estruturas alteadas a montante. Já no mês seguinte, foi aprovada a Lei Estadual 23.291/2019, que tornou a medida obrigatória, fixando prazos. Em âmbito nacional, a Agência Nacional de Mineração (ANM) editou uma resolução com determinação similar.

Atendendo à legislação, a lista de estruturas da Vale submetidas à descaracterização contém 16 barragens, 12 diques e dois empilhamentos drenados. Em dezembro de 2019, a mineradora anunciou a conclusão do primeiro processo. Com o novo anúncio, já foram descaracterizadas as barragens 8B, Pondes de Rejeitos, Fernandinho e os diques Kalunga 2, Kalunga 3 e Rio do Peixe.

Em alguns casos, esses processos têm envolvido remoções de famílias que vivem em terrenos que seriam atingidas por uma eventual tragédia. A retirada de milhares de moradores de suas casas, em diversas cidades mineiras, foi uma realidade durante os meses que se seguiram após o rompimento da barragem de Brumadinho. No processo de descaracterização, novos estudos têm indicado, em alguns casos, a ampliação das áreas a serem evacuadas. Os atingidos, na maioria dos casos, estão morando em imóveis alugados pela mineradora responsável. A reparação dos danos causados a essas populações vêm sendo discutidos em diversas ações judiciais.

Muros de contenção

Muro de contenção
Muro de contenção – Divulgação/Vale

Outra medida que vem sendo adotada pela mineradora é a construção de muros de contenção, que atuariam como uma barreira para bloquear a passagem de uma onda de rejeitos. O anúncio feito hoje pela mineradora também registra a conclusão de uma dessas estruturas nas proximidades da Mina Fábrica. Localizada entre os municípios de Itabirito (MG) e Ouro Preto (MG), o muro tem 95 metros de altura e 330 metros de comprimento.

A estrutura concluída visa evitar eventuais tragédias envolvendo as barragens Forquilhas I, II, III, IV e Grupo. A situação de todas elas têm demandado um monitoramento 24 horas. Forquilhas III está atualmente no nível de emergência 3, que significa risco iminente de ruptura conforme a classificação estabelecida pela ANM. Já Forquilhas I, II e Grupo estão no nível 2. Por sua vez, Forquilha IV está no nível 1.

Na semana passada, a Vale também anunciou avanços na descaracterização de outras duas barragens em nível 3: B3/B4, em Nova Lima (MG), e Sul Superior, em Barão de Cocais (MG). Os rejeitos das duas estruturas começaram a ser removidos com equipamentos não tripulados controlados remotamente.

A barragem Sul Superior é a que demandou o maior número de remoções. Cerca de 500 pessoas precisaram deixar suas casas em Barão de Cocais. No início do mês, em uma audiência judicial de conciliação, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) apresentou vídeos com relatos de atingidos acerca dos impactos sofridos. Ficou definido que uma proposta de acordo para reparação dos danos deverá ser apresentada à Vale em 45 dias. A mineradora também terá 45 dias para dar uma resposta.

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Agência Brasil

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