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Um ano após morte de mulher trans, equipe responsável por cirurgias plásticas continua atuando em SP

Um ano depois da morte da jovem trans Lorena Muniz durante uma cirurgia para colocar silicone, integrantes da equipe responsável pela operação continuam

Um ano após morte de mulher trans, equipe responsável por cirurgias plásticas continua atuando em SP
Um ano após morte de mulher trans, equipe responsável por cirurgias plásticas continua atuando em SP

Redação Publicado em 22/02/2022, às 00h00 - Atualizado às 06h57


Um ano depois da morte da jovem trans Lorena Muniz durante uma cirurgia para colocar silicone, integrantes da equipe responsável pela operação continuam atuando e oferecendo, pelas redes sociais, cirurgias estéticas em clínicas irregulares.

Seis pessoas foram acusadas no inquérito que apura a morte da jovem, mas nenhum dos réus foi interrogado pela Justiça até o momento, e ninguém foi julgado ou preso pelos crimes de homicídio culposo e omissão de socorro. O caso corre em segredo de Justiça.

O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) não revelou detalhes da investigação dos envolvidos na morte de Lorena. Em nota, o conselho disse apenas que “a investigação continua em andamento, respeitando os prazos processuais e o sigilo estabelecido pelo Código de Processos Ético-Profissionais (CPEP)”.

Após a repercussão da morte de Lorena, outras mulheres trans denunciaram os envolvidos no caso à reportagem do g1. A equipe é alvo de outro inquérito policial, de 2019, e de diversos processos judiciais movidos por outras pacientes. Além disso, os responsáveis ignoraram diversas convocações da Prefeitura de São Paulo e mantiveram suas operações mesmo após interdições sanitárias.

Apesar de se apresentar como Dr. Paulino de Souza nas redes sociais, o homem que negocia as cirurgias com as pacientes, e com quem Lorena acertou seu procedimento, segundo seu marido, não tem registro como médico. Em grupos de mulheres trans e travestis, ele é conhecido por oferecer cirurgias plásticas baratas e atrair pacientes de diversos lugares do Brasil.

Nas redes sociais, Paulino voltou a oferecer seus serviços normalmente. Em postagem feita no perfil dele na última quarta-feira (16), havia uma lista com os exames solicitados pela chamada “Clínica Cirúrgica Paulino de Souza”. O endereço da clínica mencionado no post é o mesmo que foi interditado pela vigilância sanitária de Taboão da Serra, na Grande São Paulo, semanas antes da morte de Lorena Muniz.

Postagem de Paulino de Souza nas redes sociais lista endereço de clínica interditada pela vigilância sanitária em Taboão da Serra, na Grande São Paulo — Foto: Reprodução/Instagram

Postagem de Paulino de Souza nas redes sociais lista endereço de clínica interditada pela vigilância sanitária em Taboão da Serra, na Grande São Paulo — Foto: Reprodução/Instagram

De acordo com a assessoria de imprensa da prefeitura de Taboão da Serra, o estabelecimento que está sendo anunciado nas redes sociais continua irregular. Após a interdição, a vigilância sanitária da cidade aprovou, em dezembro de 2021, um projeto para obras de adequação na clínica. Mas essa aprovação permite apenas que o local seja reformado, e não que volte a funcionar, como sugerem os posts nas redes sociais.

Em nota, a vigilância sanitária da cidade disse que o local está “autorizado a executar as adequações na edificação para atendimento às exigências sanitárias”.

“Somente após a conclusão das adequações é que será dada a sequência na análise do processo de Licenciamento Sanitário. Se aprovado, [o estabelecimento] receberá aprovação de funcionamento de atividades”,

disse a prefeitura.

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G1

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