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Túmulos mais visitados reúnem ‘promessa’ para largar chupeta e livro ‘que se move’ em cemitério de Piracicaba

O Cemitério da Saudade em Piracicaba (SP) carrega lembranças, histórias e lendas de personalidades e famosos que foram enterrados ali ao longo dos seus mais

Túmulos mais visitados reúnem ‘promessa’ para largar chupeta e livro ‘que se move’ em cemitério de Piracicaba
Túmulos mais visitados reúnem ‘promessa’ para largar chupeta e livro ‘que se move’ em cemitério de Piracicaba

Redação Publicado em 02/11/2017, às 00h00 - Atualizado às 08h35


O Cemitério da Saudade em Piracicaba (SP) carrega lembranças, histórias e lendas de personalidades e famosos que foram enterrados ali ao longo dos seus mais de 150 anos. Uma delas é a “criança milagrosa”, que morreu em 1921 engasgada com uma chupeta. Hoje, mães e pais fazem promessas e simpatias no túmulo para fazer com que os pequenos “larguem” a chupeta. O mistério do livro de pedra “que se move” e túmulo de famosos, como o primeiro presidente do Brasil, também estão entre os mais visitados por quem passa pelo local.

Quem visita o cemitério hoje vê uma cena inusitada: um túmulo com a estátua de uma criança repleto de chupetas. O bebê Nelson Machado Sant’Anna nasceu em 27 de setembro de 1917, há pouco mais de 100 anos. Quando era ainda uma criança, em abril de 1921, morreu engasgado com a chupeta, e anos depois, passou a ser conhecido como “Nelson da Chupeta”.

Túmulo de Nelson Machado Sant'Anna no Cemitério da Saudade em Piracicaba (Foto: Carol Giantomaso/G1)

Túmulo de Nelson Machado Sant’Anna no Cemitério da Saudade em Piracicaba (Foto: Carol Giantomaso/G1)

O fenômeno tem uma explicação no mínimo curiosa: as mães e pais de crianças fazem orações e promessas para que os pequenos larguem a chupeta. Quando conseguem, eles deixam os objetos lá, como uma “promessa”. Segundo a Chefe do Setor de Cemitérios da Prefeitura, Elaine Seguezzi, o ato é mais comum do que se pode imaginar. “Todos os dias tem gente que vem”, declarou.

Além da promessa para os pequenos, futuras mamães também vão até o “Nelson da Chupeta” e rezam para ter um bom parto. A crença popular não tem uma data de início exata e nem uma explicação de como se espalhou. É um mistério até para os funcionários do cemitério. “A gente não tem ideia de como começou”, contou Elaine.

No túmulo do pequeno Nelson e encontrou cerca de 20 chupetas em cima e atrás da estátua do bebê. Flores e doces que fazem sucesso com o público infantil também são deixados no local em homenagem ao menino.

Túmulo de Nelson Machado Sant'Anna repleto de chupetas no Cemitério da Saudade em Piracicaba (Foto: Carol Giantomaso/G1)

Túmulo de Nelson Machado Sant’Anna repleto de chupetas no Cemitério da Saudade em Piracicaba (Foto: Carol Giantomaso/G1)

Os populares

Além do “Nelson da Chupeta”, outras personalidades que foram enterradas no Cemitério da Saudade são visitadas com frequência pela população piracicabana. O túmulo mais popular é o do Alfredo Cardoso, médico que foi “ousado” ao fazer uma cirurgia muito delicada para a época: a da glândula da tireoide. O túmulo dele vive repleto de flores e homenagens.

O túmulo de João de Almeida Prado, o “Pradão”, que foi um fazendeiro de Piracicaba, também é bastante visitado, mas por um motivo peculiar: alguns juram que o livro que fica ao lado da estátua dele se move. Alguns dias ele está na mão dele, outras está no chão, segundo a lenda. No entanto, Elaine garante: “’Tá sempre no chão”, brinca.

Livro do túmulo do 'Pradão' no Cemitério da Saudade em Piracicaba (Foto: Carol Giantomaso/G1)

Livro do túmulo do ‘Pradão’ no Cemitério da Saudade em Piracicaba (Foto: Carol Giantomaso/G1)

O primeiro presidente civil do Brasil também está entre as 150 mil pessoas que já foram enterradas no cemitério: Prudente José de Moraes e Barros, o Prudente de Moraes. Apesar de ter nascido em Itu, ele viveu boa parte da vida em Piracicaba, e morreu e foi enterrado na terra do peixe e da cachaça.

A capela também é “alvo” de quem passa pelo cemitério para visitar um ente querido. Construída em 1910, a igrejinha histórica tem como padroeiro São Miguel Arcanjo, mas a imagem original do santo sumiu há muito tempo. Segundo Elaine, não se sabe o que aconteceu até hoje.

Capela de São Miguel Arcanjo no Cemitério da Saudade em Piracicaba (Foto: Carol Giantomaso/G1)

Capela de São Miguel Arcanjo no Cemitério da Saudade em Piracicaba (Foto: Carol Giantomaso/G1)

A lenda do padre

Um mito que permeia o imaginário do povo piracicabano é do padre Galvão, que foi vigário da cidade até 1898. O túmulo dele é o único que fica fora da ordenação de ruas do cemitério, bem no meio de uma das vias. A lenda diz que no dia do seu sepultamento, o caixão caiu naquele ponto e ninguém mais conseguiu removê-lo.

No entanto, Elaine esclarece que o que aconteceu é bem diferente do mito: pouco tempo depois que o padre foi enterrado, uma reforma mudou a localização e a forma de organização dos túmulos. O do vigário foi o único que permaneceu no lugar original porque ele era uma figura considerada santa na cidade. Hoje, os fiéis deixam imagens de santos, objetos católicos, flores e velas para homenagear o padre.

Túmulo do padre Galvão no Cemitério da Saudade em Piracicaba (Foto: Carol Giantomaso/G1)

Túmulo do padre Galvão no Cemitério da Saudade em Piracicaba (Foto: Carol Giantomaso/G1)

Patrimônio

Além das lendas e dos túmulos famosos, o Cemitério da Saudade em Piracicaba também conta com monumentos tombados como patrimônio histórico da cidade. O portal que dá acesso à entrada principal é um deles. Ele foi planejado pelo arquiteto italiano Serafino Corso. Os túmulos de Almeida Junior, José Pinto de Almeida e Prudente de Moraes também são tombados.

Portal do Cemitério da Saudade em Piracicaba foi tombado como patrimônio histórico da cidade (Foto: Carol Giantomaso/G1)

Portal do Cemitério da Saudade em Piracicaba foi tombado como patrimônio histórico da cidade (Foto: Carol Giantomaso/G1)

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