Diário de São Paulo
Siga-nos

Tucano defende matança de javalis e promete lutar

Jair Viana

Tucano defende matança de javalis e promete lutar
Tucano defende matança de javalis e promete lutar

Redação Publicado em 09/07/2018, às 00h00 - Atualizado às 12h03


O deputado Carlão, de Votuporanga, diz que vai entrar com Adin para garantir direito a produtores para abater os animais.

Jair Viana

O deputado Carlão Pignatari (PSDB), com base eleitoral na região de Votuporanga, promete lutar pela caça ao javali. Contrariando a política de defesa animal, o parlamentar, em vídeo, esclarece agricultores sobre sua posição sobre o assunto. “Eu não votei favorável ao projeto que proíbe a caça ao javali”, afirma. Pignatari ameaça entrar em com ação de inconstitucionalidade para garantir a matança dos animais.

O governador de São Paulo, Márcio França (PSB), sancionou no dia 28 de maio, o projeto a lei do deputado Roberto Trípoli (PV), que proíbe a caça “em todas as modalidades, sob qualquer pretexto, forma e para qualquer finalidade”, em todo o território paulista. Para Carlão, a lei precisa ser declarada inconstitucional. “O javali é um mal para os produtores de São Paulo, para os produtores brasileiros”, diz o parlamentar.

O tucano, em seu vídeo, desmente que tenha votado a favor do projeto, buscando o apoio dos agricultores sobre a questão. Ele promete ingressar com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) no Tribunal de Justiça para invalidar a lei de proteção ao javali. “Eu tenho certeza que teria sucesso nesse ato” garante. Procurado, o parlamentar não foi encontrado para comentar sua posição favorável á matança dos animais. Sua assessoria foi lacônica: “Então é isso”, disse.
PRAGA – Atualmente, a população de javalis, considerada uma praga por agricultores de várias partes do Brasil por invadir plantações, é alvo legal da caça. Sim, o abate desses animais por arma de fogo é permitido por lei.
Os javalis, bebês ou adultos, são mortos por tiros e também por grupos de cães dos caçadores, tendo pedaços arrancados enquanto gritam de desespero. Caçadores se divertem, gargalhando do sofrimento dos animais e publicando seus feitos em vídeos nas redes sociais, segundo denuncia o portal Vista-se.
Mas a regra poderá ser diferente em breve em todo o estado de São Paulo. A lei aprovada pela Assembleia Legislativa estabelece a proibição da caça de qualquer animal: “Fica vedada a caça, em todas as suas modalidades, sob qualquer pretexto, forma e para qualquer finalidade, em todo o Estado de São Paulo.” – diz o texto aprovado e já em vigor.

O deputado Roberto Tripoli justifica sua proposta, citando “a crueldade inerente à caça e também a ineficácia da mesma no controle da população de javalis”. Segundo o parlamentar, seu projeto foi apresentado com base nos dados de que mesmo em estados que têm a caça de javalis liberada há mais de vinte anos ainda não mostraram diminuição nos problemas causados por esses animai.

“Mais do que ser um modo ineficiente de controlar espécies consideradas invasoras, a caça seria uma forma de espalhar ainda mais as populações de javalis pelo país”, defende Trípoli.

O deputado afirma que no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, a população de javali aumentou depois que a caça a esses animais foi liberada. “É forçoso concluir, portanto, que a liberação das atividades de caça provoca o efeito contrário ao desejado, além da crueldade que vitima os animais.”, aponta Tripoli.

O deputado em sua justificativa para apresentar o projeto contra o abate ao javali, em São Paulo, faz uma denúncia grave: “O aparecimento de javalis em novas regiões, desde a liberação da caça, pode ser um indicativo de introdução voluntária da espécie para permitir a prática da caça recreativa em outros locais.” Afirma.

PUNIÇÃO – A lei de proteção ao javali prevê multa de R$ 4 mil. No caso de o animal estar em área protegida ou ameaçado de extinção, este valor pode ser triplicado.

Segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente, O javali (Sus scrofa) é uma espécie nativa da Europa, Ásia e norte da África. Foi introduzida no Brasil a partir da década de 1960, principalmente para o consumo de carne na região sul do país.

O animal é classificado como uma das cem piores espécies exóticas invasoras do mundo pela União Internacional de Conservação da Natureza. Sua agressividade e facilidade de adaptação são características que, associadas à reprodução descontrolada e à ausência de predadores naturais acabam em uma série de impactos ambientais e socioeconômicos, principalmente para pequenos agricultores.

Em razão do aumento de sua distribuição pelo território nacional e por ser considerado uma ameaça ao ecossistema, o controle da espécie foi autorizado pelo Ibama em 2013, de acordo com regras estabelecidas pela instrução normativa 03/2013, que impõe regras rigorosas para o abate. Espécies exóticas invasoras são consideradas a segunda maior causa de perda da biodiversidade em escala global e representam um desafio para a conservação dos recursos naturais. Há registros da presença de javalis em quinze unidades da federação: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal, Roraima, Tocantins, Maranhão, Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo e Rio de Janeiro.

De hábito noturno, o javaporco só anda em bando e causa muito prejuízo por onde passa. Em poucos minutos tudo fica destruído no ataque a uma plantação.
O produtor Wilson Ludwig faz ronda na roça e usa rojões para espantar os javaporcos. Cercas elétricas, arame farpado e armadilhas são outras maneiras de proteger as lavouras.

Os javaporcos nasceram do cruzamento do javali com o porco doméstico. Eles foram trazidos da Europa para a América do Sul, principalmente a Argentina e o Uruguai, e chegaram ao Brasil pelo Rio Grande do Sul.
Para conter o crescimento populacional, o Ibama autorizou o abate do animal em todo o território nacional, mas os produtores rurais devem obedecer algumas normas antes da caça. Clique aqui para mais informações.
O javaporco abatido não pode ser transportado de um lugar para outro, a carne do animal também não deve ser consumida, nem comercializada. “Não é uma caça, é um controle populacional”, explica Eliseo Ribeiro, chefe do escritório do Ibama de Assis.
De acordo com o Ibama, cerca de 1,8 mil produtores já fizeram o cadastro em todo o país.

Compartilhe  

últimas notícias