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Trabalhadores acusam irmão de pré-candidata tucana de derrubar homem de telhado em Guarulhos

Por Lucas Canosa

Trabalhadores acusam irmão de pré-candidata tucana de derrubar homem de telhado em Guarulhos
Trabalhadores acusam irmão de pré-candidata tucana de derrubar homem de telhado em Guarulhos

Redação Publicado em 11/04/2020, às 00h00 - Atualizado às 21h57


Francisco é irmão da presidente do diretório municipal do PSDB e pré-candidata a prefeita de Guarulhos, Francislene Assis de Almeida Correa (Fran Correa).

Por Lucas Canosa

Internada no Hospital Geral de Guarulhos, vítima não tem condição de saúde informada pelo Estado; Boletim de ocorrência não foi registrado Trabalhadores de uma obra na Vila Barros, em Guarulhos, acusam Francisco Assis de Almeida Junior de ter empurrado um deles de um telhado de aproximadamente 3 metros de altura, na manhã desta quarta-feira, 8/04. Rafael Gomes Ferreira, de 30 anos, está internado no Hospital Geral de Guarulhos, supostamente com traumatismo craniano. Procurada, a Secretaria de Estado da Saúde, que administra o hospital, avisou que não pode informar o boletim médico da vítima.

Francisco é irmão da presidente do diretório municipal do PSDB e pré-candidata a prefeita de Guarulhos, Francislene Assis de Almeida Correa (Fran Correa), esposa do deputado federal Eli Correa Filho (DEM) e apadrinhada do governador João Dória (PSDB). O local do incidente – na esquina das ruas Fortaleza de Minas e Aragoiania, Vila Barros – seria da família Assis de Almeida e estaria reservado para a construção de um supermercado.

A reportagem esteve no terreno, nesta quinta-feira, 9/04, e conversou com os trabalhadores. Ainda assustados e pedindo anonimato, eles relataram que Francisco, acompanhado de dois homens (um deles com uma arma de fogo), teria entrado no terreno pelo portão da rua Rio Vermelho e cercado a vítima, que tentou explicar em vão o que fazia ali. “Vieram os três pelo pátio. Um deles, com o revólver, mandou o menino [Rafael] ficar parado. Ele, em cima do telhado, pediu calma e a oportunidade de descer. Em seguida, o Francisco falou que estavam roubando a propriedade e que ladrão desceria de qualquer forma. Ele o empurrou e fugiu pelo portão da Rio Vermelho”, contou um dos trabalhadores.

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Acusado seria o de boné azul fugindo Foto//DSP

O grupo trabalha no local e afirma ter autorização para destelhar o velho cômodo da edificação. A reportagem verificou que há sangue no chão, no local em que Rafael teria caído. “Fez um barulho e ele conseguiu pedir socorro. Nós vimos quem foi. Ele [Francisco] sabe que há pessoas trabalhando aqui e achou que a gente não o conhecia. Quando viu o que fez, fugiu”, completou o operário.

Sem registro

A reportagem questionou as delegacias da cidade e a Polícia Militar, desde a noite de quarta-feira. A Secretaria Estadual de Segurança Pública informou que nenhum boletim de ocorrência foi registrado sobre o incidente. “O filho do finado senhor Assis sempre foi ignorante. Nós tentamos impedir, mas ele não deixou ninguém explicar. Se alguém estivesse roubando, faria à noite. Eles chegaram com arma e não teve conversa. Acho que se o dono não soubesse o que estava acontecendo, deveria ter chamado a polícia, e não agido dessa forma”, afirmou outro funcionário.

“O rapaz trabalha aqui e ainda é motorista de aplicativo a noite inteira. Não é ladrão”. No hospital, a reportagem falou com Suellen, esposa da vítima. Ela não quis entrar em detalhes sobre o assunto e se limitou a dizer que aguarda a melhora do seu marido. “Eu gostaria de não falar nada a respeito, pois envolve muita gente. Também não sei o que aconteceu. Quando sair, talvez ele possa contar. Eu só quero sua recuperação”, afirmou. Por volta das 22h de quarta, Suellen disse à reportagem que Rafael estava desacordado.

A reportagem tentou falar com Francisco Assis de Almeida Junior, por telefone e mensagens, mas não houve retorno até o fechamento desta matéria.

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