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‘Taxa rosa’: por que produtos para as mulheres são mais caros?

Existe há décadas a crença de que produtos custam mais quando são para mulheres mesmo que exista um equivalente para homens e mulheres ou mesmo só para os

‘Taxa rosa’: por que produtos para as mulheres são mais caros?
‘Taxa rosa’: por que produtos para as mulheres são mais caros?

Redação Publicado em 04/10/2018, às 00h00 - Atualizado às 09h27


Existe há décadas a crença de que produtos custam mais quando são para mulheres mesmo que exista um equivalente para homens e mulheres ou mesmo só para os homens. O fenômeno fez surgir entre economistas e algumas vozes críticas o termo “taxa rosa”.

Mas será verdade que elas pagam mais?

Qualquer mulher que vá ao supermercado poderá dizer que sim. E provavelmente estará certa. Muitos produtos e serviços para mulheres realmente são mais caros.

Em 2015, o Departamento de Assuntos do Consumidor de Nova York publicou um estudo, co-assinado pelo próprio prefeito, Bill de Blasio, de que produtos para mulheres e para meninas na cidade custavam 7% a mais do que para homens e para meninos. Isso incluía vestuário, brinquedos e produtos de beleza, entre outros.

Imagine que você vai comprar um patinete de brinquedo para dar de presente. Se for um vermelho, para um menino, custa na cidade o equivalente a R$ 100. Mas rosa, para meninas, terá de gastar R$ 200. É um dos exemplos compilados no estudo. Nas roupas, em média, as mulheres pagam US$ 4 a mais e nos cuidados pessoais os produtos custam 13% a mais.

O governo da Califórnia estimou, em 2012, que todos os anos as mulheres precisam gastar US$ 1.351 a mais do que os homens pelos mesmos produtos. Os números são americanos, mas estudos na França, na Espanha e no Canadá encontraram dados parecidos e não há nada que indique se não se repetem no mundo todo.

A explicação não é necessariamente uma conspiração contra as mulheres. Muitos empresas alegam que os serviços, como cabeleireiro e os tratamentos de beleza, são mais caros pois demandam mais produtos e mais horas dos profissionais envolvidos.

Dados históricos mostram que elas consomem mais as tendências da moda e são mais abertas a experimentar novos produtos, que custam mais caro. Há ainda á o argumento de que alguns mercados como os de produtos de beleza masculinos ainda são relativamente recentes, exigindo preços mais baixos para formar um público.

E nem sempre as diferenças prejudicam as mulheres. Um exemplo é o seguro de veículos. Por serem mais cuidadosas, as motoristas com menos de 35 anos pagam em média 28% a menos pela cobertura do que os homens da mesma idade no Brasil, segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).

Mas no geral os preços maiores elevam os custos para as mulheres e, diante do gap de gênero, o fato de que ganham menos do que os homens, há uma dupla penalização do poder de compra delas. O que pode ser feito?

Julie Manin, coautora do estudo sobre Nova York, sugere que as mulheres passem a comprar, como ela mesma faz, alguns produtos nas prateleiras masculinas, abandonando seus equivalentes femininos mais caros quando for possível. Barbeadores para homens, por exemplo, custam 20% a menos e, muitas vezes, a única diferença para um depilador feminino com lâminas é a cor.

Escovas de dentes, assim como desodorantes e xampus, muitas vezes servem às necessidades de ambos os gêneros, já que os componentes são os mesmos. Dá um pouco mais de trabalho pesquisar, mas o melhor combate nesse caso é o comportamento do consumidor.

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