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Tabus na saúde masculina: no que devemos prestar atenção nas crianças e adolescentes

Por Ariê Carneiro*

Tabus na saúde masculina: no que devemos prestar atenção nas crianças e adolescentes
Tabus na saúde masculina: no que devemos prestar atenção nas crianças e adolescentes

Redação Publicado em 18/11/2021, às 00h00 - Atualizado às 07h29


Por Ariê Carneiro*

Tabus na saúde masculina: no que devemos prestar atenção nas crianças e adolescentes

As crianças e adolescentes são de forma geral acompanhados por pediatras e hebiatras. Tanto na saúde pública como na privada, existe um calendário bem estabelecido e as crianças passam, de forma geral, por consultas frequentes.

No entanto, algumas questões são importantes de serem observadas, mas acabam passando desapercebidas e podem impactar na vida futura dessas crianças.

Com foco na infância, eu gostaria de destacar duas doenças frequentes exclusivas da população masculina: criptorquidia e fimose.

A criptorquidia é caracterizada pela ausência do testículo na bolsa escrotal. Durante a gestação, inicialmente os testículos estão localizados dentro da cavidade abdominal e, perto do 6º mês de gestação, eles migram para a bolsa escrotal, após estímulo dos hormônios masculinos. Ainda não sabemos a causa exata da criptorquidia, sendo várias hipóteses ainda discutidas. Sabemos que essa situação acontece mais frequentemente em prematuros (30%) do que em nascidos no tempo correto (3%) e destes, 70% têm descenso testicular espontâneo até completar 1 ano. Os demais precisarão de algum tipo de tratamento.

De qualquer forma, o mais importante é que, se identificarmos um testículo fora do lugar, devemos investigar. Esta patologia, quando não diagnosticada e não tratada precocemente, pode estar relacionada com o aumento do risco de desenvolvimento de câncer de testículo e também infertilidade.

Uma outra doença importante é a “fimose” caracterizada pela incapacidade de realizar a retração do prepúcio, impedindo a exposição da glande, ou seja, a ponta do pênis fica coberta pela pele. Trata-se de uma afecção bastante comum nos recém-nascidos e cerca de 50% deles normalizam até o final do primeiro ano de vida e 89% até os 3 anos de vida.

Quanto mais velha a criança, vai ficando mais difícil de o quadro desaparecer de forma espontânea. Existe tratamento clínico com pomadas e tratamento cirúrgico em caso de não resolução. Esta doença pode estar relacionada com infecção urinária de repetição, má higiene local e pode ser um fator de risco para doenças sexualmente transmissíveis e também para o câncer de pênis.

Já na adolescência, vou destacar duas questões importantes: câncer de testículo, e sexualidade.

O câncer de testículo apesar de ser uma doença rara, com prevalência global de 1 a 2%, é o principal câncer urológico em homens jovens (15 a 35 anos) e está associado a alta taxa de cura se diagnosticado e tratado precocemente. A suspeita diagnóstica deve ser sempre realizada em caso de endurecimento ou aumento do volume testicular. Com isso, todos os homens, independente da faixa etária, devem ter o hábito de realizar o “autoexame” dos testículos e, em caso de dúvida, procurar uma orientação médica.

No mundo moderno com a facilidade de acesso a informação e a conteúdos ‘restritos’ os adolescentes têm entrado em contato com a sexualidade cada vez mais precoce. Sendo assim, é de fundamental importância que antes no início da atividade sexual todos os meninos passem por uma consulta voltada para este tema. Nesta consulta, é possível tirar dúvidas e dar orientações sobre vacinas, prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e também de como evitar gestações não planejadas.

No passado, este assunto era um tabu nas famílias. Mas, no mundo moderno, os pais precisam ter este tipo de conversa com seus filhos e buscar profissionais para ajudar na orientação.

Para mais informações sobre as diferentes patologias urológicas acesse a nossa plataforma www.igaurology.com .

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*Ariê Carneiro (@ariecarneiro)
  • Médico urologista, titular da Sociedade Brasileira de Urologia.
  • Pós-graduado pela Harvard Medical School (Boston / EUA) e pelo Insittut Mutualiste Montsouris (Paris/França).
  • Doutor pela Faculdade de Medicina do ABC.
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