Laudo pericial solicitado pela Justiça aponta que a professora de música Alda Poggi Pereira, acusada de matar a filha grávida e esfaquear o neto de 4 anos, em junho deste ano, em Ribeirão Preto (SP), é inimputável, ou seja, não pode ser responsabilizada pelos seus atos.
Procurado pelo G1, o advogado da professora de música, Daniel Rondi, afirmou que ainda não teve acesso aos exames. Ele afirmou que se pronunciará sobre o caso em coletiva na tarde desta quinta-feira (28).
“Consta [no laudo] que ela era inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato, ou seja, em outras palavras, que ela não tinha consciência, não sabia o que estava fazendo. Consta que ela é inimputável”, afirma o promotor do caso, Eliseu José Berardo Gonçalves.
Apesar do resultado do exame, o promotor explica que Alda responderá ao processo por homicídio. Entretanto, em vez de ser levada à júri popular – como geralmente ocorre em caso de assassinato – deve receber pena de internação em hospital psiquiátrico.
“Em vez de o juiz submetê-la a julgamento pelo Tribunal do Júri, e ela ser submetida a uma pena privativa de liberdade. O juiz vai aplicar uma medida de segurança, que, no caso, seria internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico”, diz.
O crime
Alda é acusada de esfaquear a filha, a professora Ligia Poggi Pereira, de 30 anos, enquanto dormia, dentro da casa da família, no bairro Ribeirânia, em 25 de junho. Em seguida, de acordo com a Polícia Civil, a professora deu duas facadas no pescoço do neto.
Após o crime, Alda ainda ligou para um vizinho, dizendo que se mataria. O homem foi até a residência da professora e conseguiu evitar o suicídio, mas também ficou ferido. Ele solicitou socorro às vítimas.
Ligia chegou a ser submetida a uma cesárea, mas ela e o bebê não resistiram. O filho passou por cirurgia e ficou três dias internado na Unidade de Emergência do Hospital das Clínicas (HC-UE), até receber alta. Ela permanece sob os cuidados do pai.
Internação
A professora de música também foi socorrida com ferimentos no pescoço. Inicialmente, ela foi mantida sedada em um hospital em Ribeirão, mas presa e sob escolta policial. A defesa obteve então a liberdade provisória e a transferência dela para uma unidade psiquiátrica.
Em 28 de julho, Alda deixou a instituição e foi levada em uma ambulância até o Fórum de Ribeirão, onde foi submetida à perícia por médicos do estado de São Paulo – o exame foi um pedido da defesa e do Ministério Público.
Isso porque, nos dois depoimentos prestados à polícia, Alda afirmou que não se lembrava do dia do crime. O inquérito concluiu, porém, que horas antes de esfaquear a filha e o neto, a professora de música comprou combustível e as facas usadas – o material foi apreendido.
A família não se pronunciou sobre a tragédia. A Polícia Civil decretou o sigilo da investigação, assim como a Justiça.