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Supercomputador brasileiro volta ao top 500

Com a capacidade expandida de 1,1 petaflops para 5,1 petaflops, o supercomputador Santos Dumont voltou a figurar na lista dos 500 mais potentes do mundo. Ele

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Redação Publicado em 26/11/2019, às 00h00 - Atualizado às 11h16


Com a capacidade expandida de 1,1 petaflops para 5,1 petaflops, o supercomputador Santos Dumont voltou a figurar na lista dos 500 mais potentes do mundo. Ele também reassumiu a posição de número 1 da América Latina. A máquina instalada no Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), em Petrópolis (RJ), tem agora condições de realizar 5,1 milhões de bilhões de operações matemáticas por segundo.

A expansão foi inaugurada hoje (25) com a presença do ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Marcos Pontes. Ela foi viabilizada a partir da destinação de 1% das receitas provenientes da extração do pré-sal do campo de Mero, na Bacia de Santos.

 O ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Marcos Pontes, fala durante cerimônia de inauguração da expansão do supercomputador Santos Dumont, no Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), em Petrópolis

O ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Marcos Pontes, fala durante cerimônia de inauguração da expansão do supercomputador Santos Dumont, no Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), em Petrópolis – Tomaz Silva/Agência Brasil

O repasses de recursos para atividades de pesquisa e desenvolvimento é uma das obrigações que devem ser assumidas pelas empresas vencedoras dos leilões para exploração de petróleo no regime de partilha, que passou a ser adotado no país com a aprovação da Lei Federal 12.351/2010. Desde então, 14 contratos já foram assinados seguindo o modelo. O campo de Mero é explorado pelo Consórcio de Libra, liderado pela Petrobras (40%) e com participação da anglo-holandesa Shell (20%), da francesa Total (20%) e das chinesas CNPC (10%) e CNOOC Limited (10%).

O ministro Marcos Pontes afirmou que a crise econômica também faz revelar oportunidades e disse que não se deve tratar ciência e tecnologia como gasto. Segundo ele, a expansão do supercomputador contribui para gerar emprego, alavancar empresas e promover desenvolvimento social. “A ciência e a tecnologia é a base de todos os países considerados desenvolvidos. Você pode observar o que há de comum na história de todos eles. A ciência e a tecnologia é definitivamente a ferramenta que dá o retorno mais rápido e mais certo. Olhem os momentos de crise. Quando eles entram em crise, eles investem em ciência e tecnologia”.

O LNCC foi fundado em 1980 como unidade de desenvolvimento tecnológico e como órgão governamental provedor de infraestrutura computacional de alto desempenho para a comunidade científica do país. A instalação do supercomputador Santos Dumont custou R$60 milhões do governo federal e a máquina começou a funcionar em janeiro de 2016. A empresa responsável pela instalação é a francesa Atos, uma multinacional de tecnologia de informação que possui atualmente trabalhos em 73 países e presta também serviços para o Comitê Olímpico Internacional (COI).

“A maioria dos supercomputadores do mundo tem nomes de deuses ou nomes científicos. Santos Dumont é uma pessoa. Humana como todos nós. E era criativo, científico, inovador. Ele precisava de potência para voar. Ele queria ter propulsão própria e dirigibilidade. E o que ele faz? Santos Dumont tem controle, tem segurança, tem eficiência. O que ele queria quando se tornou o pai da aviação se reflete exatamente no supercomputador”, disse Luis Cassuscelli, diretor de Big Data e Segurança Cibernética de Dados da América do Sul da Atos.

O principal ganho do supercomputador é acelerar pesquisas, obtendo em tempos curtos resultados de operações que só seriam alcançados em anos nos computadores comuns. Somente em 2018, foram realizados cerca de 150 mil experimentos na máquina e, atualmente, estão em andamento mais de 130 projetos de pesquisa em áreas como química, física, engenharia, ciências biológicas, meteorologia, ciência agrárias, astronomia, climatologia, sismologia e outros.

Estão em andamento, por exemplo, estudos sobre o vírus zika e projetos que envolvem mapeamento de genoma. A Petrobras também utiliza a máquina, por exemplo, para realizar modelagens computacionais que subsidiam tomadas de decisões em sua atuação no setor de óleo e gás. Pesquisadores de todo o país podem usar o supercomputador, devendo para tanto ficarem atentos aos editais públicos para submissão de seus projetos. Aqueles que obtém aprovação de seus estudos passam a ter acesso remoto à máquina, sem necessidade de se deslocar até Petrópolis.

Top 500

O ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Marcos Pontes e autoridades descerram placa durante cerimônia de inauguração da expansão do supercomputador Santos Dumont, noLaboratório Nacional de Computação Científica (LNCC)

Cerimônia de inauguração de expansão do supercomputador Santos Dumont. Por Tomaz Silva/Agência Brasil

Em 2017, o supercomputador Santos Dumont foi superado por outras máquinas e deixou a lista dos top 500 e também perdeu a posição de número 1 da América Latina, postos que agora foi recuperados. Com a expansão, ele passa a contar com mais de mil servidores instalados. Seu custo mensal de energia é de aproximadamente R$500 mil. A manutenção exige R$4 milhões por ano. Os altos valores combinados com uma restrição orçamentária enfrentada pelo LNCC chegaram a causar uma redução no funcionamento da máquina entre 2016 e 2017.

O Brasil é hoje o 21º país do mundo em capacidade de operações através de supercomputadores. As máquinas brasileiras respondem por cerca de 1% da potência mundial. O país possui outros dois supercomputadores na lista do top 500, embora em posições abaixo do Santos Dumont: um deles está em Salvador e pertence ao Centro Universitário Senai Cimatec, enquanto o outro, localizado no Rio de Janeiro, é da Petrobras.

Os líderes mundiais são Estados Unidos, 37,1% da capacidade mundial, e China, com 32,3%. “Você pega os maiores supercomputadores do mundo e vê que todos estão em centros nacionais de computação cujo suporte é dado pelos governos. Seja na China, nos Estados Unidos, na Suíça, na Alemanha, onde quer que seja há investimento público”, observou Augusto Gadelha, diretor do LNCC.

Por Agência Brasil

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