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STF deixou ‘em aberto’ se réu pode assumir Presidência, afirma Marco Aurélio Mello

O ministro Marco Aurélio Mello disse nesta quarta-feira (22) que o Supremo Tribunal Federal ainda precisa decidir se um réu em ação penal pode assumir o cargo

STF deixou ‘em aberto’ se réu pode assumir Presidência, afirma Marco Aurélio Mello
STF deixou ‘em aberto’ se réu pode assumir Presidência, afirma Marco Aurélio Mello

Redação Publicado em 22/08/2018, às 00h00 - Atualizado às 16h49


O ministro Marco Aurélio Mello disse nesta quarta-feira (22) que o Supremo Tribunal Federal ainda precisa decidir se um réu em ação penal pode assumir o cargo de presidente da República.

Para o ministro, a questão “está em aberto”. Mello falou sobre o assunto ao chegar ao Supremo nesta quarta e responder à pergunta de um jornalista sobre o caso de Jair Bolsonaro, candidato a presidente da República pelo PSL, que responde a ação no STF.

No fim de 2016, o STF considerou que réus em ação penal não podem substituir o presidente da República, ou seja, não podem estar na linha sucessória.

Mas não respondeu se um presidente pode tomar posse na condição de réu. Conforme o ministro, a Constituição afirma apenas que, se um presidente no exercício do cargo vira réu, ele deve ser afastado.

Marco Aurélio Mello foi questionado sobre o efeito para a candidatura de Bolsonaro de uma eventual aceitação de denúncia pelo STF contra o candidato – o caso será decidido no próximo dia 4 pela Primeira Turma do STF. Mello é o relator da ação, na qual Bolsonaro é acusado de racismo.

“Isso ainda está em aberto. Nós assentamos, no caso do Renan [Calheiros, ex-presidente do Senado], que não pode substituir [o presidente da República]. Quem é réu pode ser eleito e tomar posse? O presidente da República, quando recebida denúncia pelo Supremo ou impedimento na Câmara, é afastado. Agora, ele [Bolsonaro] já é reu. Por enquanto, está em aberto, não decidimos”, afirmou o ministro.

Bolsonaro é réu desde 2016 em ação penal, acusado de apologia ao estupro e injúria contra a deputada Maria do Rosário (PT-RS), depois de afirmar que ela “não merecia ser estuprada”.

Depois, foi denunciado pela Procuradoria Geral da República por racismo contra quilombolas, indígenas, refugiados, mulheres e homossexuais – Marco Aurélio é relator desse caso, que será analisado pela Primeira Turma, que definirá se ele vira ou não réu pela segunda vez.

Na avaliação do ministro, o fato de Bolsonaro ser réu “gera insegurança” para a candidatura. “O ideal seria ter a matéria pacificada num sentido ou no outro”, completou.

Marco Aurélio Mello disse ainda que, na avaliação dele, o fato de Bolsonaro ser réu não gera inelegibilidade porque a Lei da Ficha Limpa prevê condenação por órgão colegiado.

Mas disse que o STF pode interpretar a Constituição e considerar que um réu não pode assumir a Presidência. Esse questionamento específico ainda não feito ao STF.

“A Lei da Ficha Limpa pressupõe condenação em segunda instância. [No caso de o réu ser presidente], resolve-se interpretando-se a Constituição. E tendo em conta o que decidido no caso Renan”, declarou.

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