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SP registra queda de 74% de óbitos por Aids em 24 anos, diz Fundação Seade; estigma ainda é o maior desafio

O estado de São Paulo registrou queda de 74% nos óbitos por Aids, 24 anos após registrar o pico de vítimas da doença. Em 1995 foram 7.739 mortes, recorde

SP registra queda de 74% de óbitos por Aids em 24 anos, diz Fundação Seade; estigma ainda é o maior desafio
SP registra queda de 74% de óbitos por Aids em 24 anos, diz Fundação Seade; estigma ainda é o maior desafio

Redação Publicado em 27/07/2021, às 00h00 - Atualizado às 08h27


O estado de São Paulo registrou queda de 74% nos óbitos por Aids, 24 anos após registrar o pico de vítimas da doença. Em 1995 foram 7.739 mortes, recorde histórico, contra 2.049 em 2019, de acordo com um estudo da Fundação Seade divulgado nesta terça-feira (27).

Com estes números é possível concluir que em mais de duas décadas, a taxa de mortalidade despencou de 22,9 para 4,6 óbitos por 100 mil habitantes no período.

A análise foi realizada pela Fundação Seade a partir das estatísticas do registro civil. Além da descoberta dos antirretrovirais na metade da década de 1990, os pesquisadores atribuem o controle da epidemia em São Paulo ao esforço conjunto e contínuo do governo federal, do estado, dos municípios e de organizações não-governamentais (ONGs), com foco na prevenção, na testagem e no tratamento.

“Essa queda é resultado de um esforço enorme por uma política pública, que se tornou muito bem estruturada no nosso estado. Enquanto o governo federal garantiu os antirretrovirais pelo SUS, o estado ofereceu mais de 200 serviços para um tratamento integral; os municípios trabalharam no diagnóstico precoce, com testes rápidos nas UBSs, e a sociedade cobrou esse engajamento e ofereceu suporte para as questões de discriminação”, explicou a dra. Maria Clara Gianna, coordenadora-adjunta do Programa Estadual de DST/Aids de São Paulo e dedicada ao assunto há 33 anos.

O levantamento da Fundação Seade também acompanhou a composição dos óbitos por Aids segundo a idade, que revelou expressiva queda da mortalidade da população com até 44 anos, e aumento entre aqueles com mais de 45 anos.

Apesar do engajamento dos governos e da sociedade, e da evolução da ciência a ponto de permitir que uma pessoa que vive com o vírus HIV tenha filhos e tome um ou dois comprimidos por dia, o estigma sobre o diagnóstico positivo permanece como 40 anos atrás.

“Eu descobri no dia 14 de fevereiro de 2017 e foi como se eu estivesse com os dias contados. Ainda falta representatividade e acolhimento. Faltam referências de pessoas que vivem, e que vivem bem com o HIV”, disse David Oliveira, de 29 anos, morador da Zona Leste da cidade de São Paulo.

Eu mostro meu rosto – não para romantizar essa vivência, mas para informar que se trata de uma doença crônica, que não me impede de cozinhar, mandar currículos e sonhar. No teste veio escrito ‘reagente’, e eu entendi que era para reagir pra vida. ‘Reage!’. Reage porque imprevistos acontecem, e a gente precisa estar atento e forte'”, continuou David Oliveira, que criou o projeto Doses de Vida.

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G1

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