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Socorrista atropelado em rodovia deixa hospital após coma e seis meses de internação: ‘Alívio’

Foram 178 dias de espera - 18 deles em coma -, 12 cirurgias e uma dolorosa recuperação até Rogérico Pecht, que foi atropelado enquanto prestava atendimento na

Socorrista atropelado em rodovia deixa hospital após coma e seis meses de internação: ‘Alívio’
Socorrista atropelado em rodovia deixa hospital após coma e seis meses de internação: ‘Alívio’

Redação Publicado em 23/07/2018, às 00h00 - Atualizado às 10h17


Rogério Pecht, de 45 anos, foi atropelado com outros três colegas quando sinalizava a Rodovia Santos Dumont, em janeiro. Estudante de enfermagem que chefiava a equipe morreu no acidente

Foram 178 dias de espera – 18 deles em coma -, 12 cirurgias e uma dolorosa recuperação até Rogérico Pecht, que foi atropelado enquanto prestava atendimento na Rodovia Santos Dumont, em janeiro, ter a esperada alta do hospital. O inspetor de tráfego, de 45 anos, voltou para casa na última terça-feira (17), em Sorocaba (SP).

A felicidade e o alívio de estar de volta em nada se parecem com o quadro relatado por sua noiva, Ana Paula de Oliveira, em entrevista ao G1 no dia 24 e janeiro: “Sem previsão de alta e respirando com ajuda de aparelhos. A família toda está abalada.”

Seis meses depois, a sensação é de gratidão por estar vivo.

“Tenho certeza que Deus tem um propósito para mim. Recebi apoio de muita gente, de muitos profissionais. Estar de volta para a minha casa e ver minhas coisas é um alívio. A minha cabeça é outra”, diz.

Rogérico e a noiva, Ana, precisaram adiar o casamento por conta do acidente (Foto: Reprodução/Facebook)

Rogérico e a noiva, Ana, precisaram adiar o casamento por conta do acidente (Foto: Reprodução/Facebook)

Ainda em processo de recuperação das 12 cirurgias, ele conta que um dos momentos mais difíceis foi quando voltou à consciência depois de 18 dias em coma. Rogérico precisou passar por acompanhamento psiquiátrico e psicológico enquanto esteve no hospital por conta de uma depressão.

No acidente que o fez ficar internado durante metade do ano também ficaram feridos outros dois colegas, mas sem gravidade. A mesma sorte não teve a estudante de enfermagem Liliane Fátima de Brito, de 36 anos, que morreu minutos depois.

Inspetor de tráfego voltou para casa em Sorocaba (SP) após 6 meses internado  (Foto: Ana Paula de Oliveira/Arquivo Pessoal)

Inspetor de tráfego voltou para casa em Sorocaba (SP) após 6 meses internado (Foto: Ana Paula de Oliveira/Arquivo Pessoal)

Sequência de acidentes

Passava das 21h quando Rogérico e seus colegas de trabalho na AB Colinas foram acionados para socorrer as vítimas de um capotamento na Rodovia Santos Dummont, em Indaiatuba (SP). Enquanto atendia a ocorrência, Rogérico foi atropelado por uma moto. e arremessado para o canteiro central. O motociclista fugiu sem prestar socorro e nunca foi identificado.

Dois colegas que estavam socorrendo a família do primeiro acidente foram atender Rogérico, enquanto o quarto ficou na pista para manter a sinalização. Foi quando um veículo atropelou todo o grupo, incluindo Rogérico, que já estava caído.

Apesar do trauma, ele ainda lembra de momentos do acidente. “Estava chovendo muito no dia do acidente. Enquanto estava atendendo um acidente na rodovia, uma moto me atropelou e me jogou no canteiro. Sentia muita dor. Depois disso, ouvimos o barulho de uma freada e um impacto. Foi nesse momento que um veículo atropelou Liliane, outros dois colegas e eu. Lembro de alguém gritando por Liliane e dizendo que ela estava sangrando”, diz.

A lembrança da amiga foi marcante durante sua recuperação no hospital. “Os funcionários do hospital – que eram amigos da Liliane – disseram que iam cuidar de mim como cuidariam dela”, lembra.

 Liliane Fátima de Brito morreu após ser atropelada (Foto: Reprodução/Facebook)

Liliane Fátima de Brito morreu após ser atropelada (Foto: Reprodução/Facebook)

Recuperação

Ao ser atropelado – duas vezes- Rogérico fraturou o osso da bacia e os estilhaços dilaceraram sua bexiga. Por isso, ele está com sondas e ainda precisa de acompanhamento médico, mesmo em casa.

“Ele está voltando a aprender a andar, comer e se movimentar sozinho. Ele perdeu muita massa, pois no hospital os movimentos eram mínimos”, explica a noiva, que teve que deixar o emprego para acompanhar o noivo durante os meses de internação.

Além de quase tirar a vida dele, o acidente também adiou os planos do casal, que estava de casamento marcado para abril. Ela diz que a prioridade é a recuperação dele para, então, voltar a pensar no casamento.

O inspetor de tráfego não sabe se vai ficar com alguma sequela por conta do acidente, mas já sabe o que vai mudar na vida que ganhou depois desse episódio: mudar de profissão.

“Não posso arriscar de novo. Nem sei se vou poder voltar, mas não quero. Já vi muitos acidentes durante minha carreira, mas o que eu sofri foi surreal.”

Funcionários foram atropelados ao prestar socorro na Rodovia Santos Dumont (Foto: Paulo Agusto/EPTV)

Funcionários foram atropelados ao prestar socorro na Rodovia Santos Dumont (Foto: Paulo Agusto/EPTV)

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