A Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) realiza neste mês campanha de combate ao câncer de pênis. Nos últimos quatro anos, foram registrados mais de 8 mil
Redação Publicado em 04/02/2022, às 00h00 - Atualizado às 07h38
A Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) realiza neste mês campanha de combate ao câncer de pênis. Nos últimos quatro anos, foram registrados mais de 8 mil casos no país, de acordo com o Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS).
Hoje (4), Dia Mundial do Câncer, foi escolhido pela instituição como Dia de Enfrentamento do Câncer de Pênis. A SBU inicia um mutirão de cirurgia de postectomia, ou circuncisão, em estados do Norte e Nordeste, visando atender cerca de 150 homens, pacientes da rede pública de saúde.
A cirurgia de fimose é forma de prevenir a doença, pois facilita a limpeza do órgão genital masculino, disse o supervisor da Disciplina de Câncer de Pênis da SBU, José de Ribamar Rodrigues Calixto. Embora o Sudeste tenha apresentado o maior número de casos nos últimos quatro anos (3.162), as regiões Norte e Nordeste foram escolhidas para iniciar o mutirão porque têm maior prevalência da doença. O Nordeste, por exemplo, lidera o ranking, com 9,93 casos por 100 mil habitantes.
O primeiro estudo epidemiológico feito pela SBU há alguns anos identificou que São Paulo ocupava o primeiro lugar na prevalência de câncer de pênis, “grande parte dos casos oriunda do Norte e do Nordeste, que busca tratamento em São Paulo”, ressaltou o urologista.
A Universidade Federal do Maranhão (UFMA) publicou artigo em revista especializada, mostrando que o estado é recordista na prevalência desse tipo de câncer no mundo. A taxa chegou a 6,2 casos para cada 100 mil habitantes. “É muito alta”., disse Calixto, acrescentando que do Amazonas à Bahia, os estados do Norte e Nordeste são também menos servidos por centros especializados de oncologia.
Segundo o professor, a postectomia, ou fimose, não evita o câncer, mas fornece diagnóstico mais precoce das lesões que estão começando na glande do pênis. Ele afirmou que, no Brasil, os diagnósticos são feitos, “infelizmente”, em casos já muito avançados. Lamentou que a realidade brasileira seja a de operar o câncer de pênis nas fases T2 e T3, quando os tumores são de tamanho médio ou grande. As cirurgias deveriam ser feitas na fase T1, a primeira.
Por isso, é elevado o número de amputações de pênis no Brasil. De acordo com a SBU, nos últimos 14 anos foram registradas 7.213 amputações do órgão masculino, o que corresponde a um aumento de 1.604% no período e a uma média de 515 procedimentos por ano.
Como a condição sociocultural e econômica é muito baixa no Norte e Nordeste, a maioria dos homens ignora que existe a doença. “Acham que é venérea, que é uma doença do tempo, que remédios naturais vão resolver”. Quando procuram o urologista, já estão em fase bastante avançada, com diagnóstico de grandes lesões. “Não queremos isso. A gente quer, pelo menos, diagnosticar na fase precoce; não amputar ou, se amputar, tirar apenas um pedacinho do pênis, ressecar aquela lesão, só tirar o prepúcio, onde nasceu a lesão, e preservar a haste peniana”.
A maior incidência de câncer de pênis, acima de 60%, é detectada, em geral, entre homens na faixa etária de 50 a 60 anos, mas os urologistas já tiveram casos na faixa de 28 a 30 anos. Na UFMA, médicos operaram, inclusive, um jovem de 19 anos. “É muito raro isso”. Entre 15% e 18% dos homens acometidos pela doença têm entre 30 e 40 anos.
Calixto informou que a fimose, ou excesso de pele que impede que a cabeça do pênis, ou glande, seja esterilizada, associada à contaminação com algum tipo de HPV e à falta de higiene são alguns fatores que podem levar à doença. Embora ainda não haja comprovação da histogênese induzida pelo HPV no câncer de pênis, já está comprovado o envolvimento do vírus na gênese da doença, disse o especialista.
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Agência Brasil
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