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Sobre Tábata Amaral, o papel de Alckmin e o imponderável

Por Kleber Carrilho

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Redação Publicado em 12/03/2022, às 00h00 - Atualizado às 08h55


Por Kleber Carrilho

Sobre Tábata Amaral, o papel de Alckmin e o imponderável

Esta semana, a deputada federal paulista Tábata Amaral, recém-chegada ao PSB, deixou clara o papel de Geraldo Alckmin na campanha de Lula. Ele terá a função de desculpa. E ela disse exatamente isto: “Já que vamos ter o Lula, que seja com um vice como o Alckmin.” Foi para um grupo de empresários, mas vai ser o mesmo argumento para todos aqueles que têm um certo stress em votar no ex-presidente.

E, por mais que algumas pessoas tenham achado que a fala dela foi um erro, pelo contrário, foi um enorme acerto estratégico. Na hora em que vi, acreditei que tinha havido uma boa conversa com a equipe de comunicação do petista, porém, segundo fontes próximas à deputada, foi uma ação independente.

Sendo planejada ou não, o jogo é este. A cada vez que algumas (ou muitas) pessoas disserem: “Meu Deus, vou ter que votar no Lula para evitar a reeleição de Bolsonaro?”, logo virá a resposta: “Mas pelo menos o vice é o Alckmin”.

Para Alckmin, o papel, que parece pequeno, também não é um incômodo, porque no momento certo poderá ser traduzido como aquele que salvou a democracia, que estava em risco. E, para Tábata, que está de olho lá no futuro, ser porta-voz de uma parte insatisfeita da sociedade é muito importante.

E assim as coisas vão caminhar até outubro, provavelmente acabando com as possibilidades da terceira via, levando Lula para a centro-direita, para os braços dos conservadores com preocupações sociais, sem perder a esquerda.

A não ser que Bolsonaro aprenda a usar a máquina.

A não ser que haja uma percepção rápida de melhora do poder de compra.

A não ser que ocorra um grande fato: uma morte, uma prisão, uma doença, uma guerra mais longa, uma retomada da pandemia, uma facada.

Porque, se o imponderável aparecer, nada do que a gente prevê vai acontecer. Aí, pode surgir um novo nome, pode haver a consolidação de alguém que agora parece não ter chances, pode tudo.

Afinal, é exatamente nestes momentos, quando tem gente achando que tudo tende a ser como os cenários se mostram, que acontecem as grandes viradas políticas.

Então, mesmo que de vez em quando eu insista por aqui que as coisas parecem claras para outubro, duvide sempre. Pode ser que nada seja do jeito que parece que vai acontecer.

Mas, agora, com os sinais que temos, todos parecem felizes com seus papéis.

Kleber Carrilho é professor, analista político e doutor em Comunicação Social
Instagram: @KleberCarrilho
Facebook.com/KleberCarrilho
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