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Sindrome mão-pé-boca

Por Dra. Mariana Vilasboas*

Sindrome mão-pé-boca
Sindrome mão-pé-boca

Redação Publicado em 04/12/2021, às 00h00 - Atualizado em 07/12/2021, às 16h48


Por Dra. Mariana Vilasboas*

SINDROME MÃO-PÉ-BOCA

Saiba o que é, quais os sintomas e o tratamento

A doença mão-pé-boca é uma virose altamente contagiosa, de transmissão fecal-oral e respiratória, causada pelo vírus Coxsackie, da família dos enterovírus.

Acomete, principalmente, crianças menores de 5 anos de idade. Adultos raramente apresentam a doença já que possuem mais anticorpos formados, porém, isso pode ocorrer frente à exposição intensa ao vírus.

A maioria das infecções apresenta padrão em países com clima temperado, entre o verão e outono. No Brasil, entretanto, esse indicador é menos característico. Ela costuma vir em surtos, principalmente em locais com muitas crianças juntas, como escolas.

Nos últimos meses, o alerta para a disseminação da doença mão-pé-boca foi devido ao retorno das aulas presenciais em meio à pandemia da Covid-19.

Quais são os sintomas?

É uma doença, na grande maioria dos acometidos, benigna e autolimitada, com duração aproximada de sete a 10 dias.

A doença se manifesta, primeiramente, com febre, evoluindo para dor de garganta e recusa alimentar, com surgimento de bolhas ao redor da boca, mãos e pés (incluindo as palmas e plantas). São dolorosas e podem se expandir para cotovelos, tornozelos, glúteos e região genital. Outros sintomas incluem, mal estar, diarréia, náuseas e vômitos.

Pode ocorrer descamação da pele das mãos e pés e cerca de três a oito semanas após a infecção aguda pode ocorrer onicomadese, que é o descolamento da unha a partir da sua base, nas mãos e/ou pés.

A principal complicação é a desidratação. Devido a natureza das lesões na boca, que são dolorosas,  por isso a criança tende a recusar ingerir líquidos e alimentos. Casos graves são raros, podendo haver complicações no sistema nervoso central.

Como a doença é transmitida?

A transmissão ocorre de pessoa a pessoa, direta ou indiretamente, por meio de secreções respiratórias – saliva, gotículas – e até fezes contaminadas. O período de maior risco é na primeira semana, quando surgem as lesões na pele.

A doença facilmente se espalha em locais como creches e escolas, onde há muitas crianças. Por exemplo, um objeto que uma pessoa infectada encostou é um dos agentes de contaminação.

Existem mais de 100 sorotipos de enterovírus que podem causar a doença, então, a pessoa pode se contaminar novamente e ter a doença outra vez.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico é clínico, sendo feito pelo médico no consultório, após examinar o paciente. A avaliação médica é importante para saber os passos do tratamento, já que sintomas semelhantes aos da mão-pé-boca podem ser encontrados também em outras doenças, como a catapora, gengivoestomatite herpética e aftosa.

TRATAMENTO

Por ser uma infecção auto-limitada, que se cura naturalmente, o tratamento é sintomático, ou seja, direcionado para aliviar os sinais e sintomas da doença. Por exemplo, usamos antitérmicos e analgésicos para aliviar a febre e a dor causada pelas lesões.

Em casos com lesões que acometem áreas extensas e muitas lesões na cavidade oral pode ser necessária a internação, para hidratação venosa e suporte nutricional.

Dicas para aliviar os sintomas da doença mão-pé-boca:

  • Aumentar a oferta de líquido, pois a doença causa desidratação por contas das lesões;
  • Ingestão de alimentos de fácil mastigação, como pastosos e gelados;
  • Caso a criança esteja mamando, aumentar a frequência da amamentação;
  • Repouso domiciliar.

Um alerta importante: é preciso afastar as crianças infectadas imediatamente de escolas, creches e espaços de convivência coletiva. É recomendado o afastamento por sete a dez dias, mas depende da evolução de cada caso.

PREVENÇÃO

  • Medidas de higiene, especialmente após a troca das fraldas, com descarte adequado em latas de lixo fechadas;
  • Desinfecção de superfícies, objetos e brinquedos que entraram em contato com secreções e fezes dos indivíduos doentes;
  • Não compartilhar mamadeiras, talheres ou copos;
  • Evitar, na medida do possível, o contato muito próximo com o doente (como abraçar e beijar);
  • Cobrir a boca e o nariz ao espirrar ou tossir;
  • Manter um nível adequado de higienização da casa, das creches e das escolas;

No Brasil, ainda não existe vacina contra o vírus. Por isso, a prevenção é o melhor remédio.

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*Dra. Mariana Vilasboas – Pediatra da Pineapple Medicina Integrativa
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