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Senadora chamada de ‘Pocahontas’ por Trump apresenta teste de DNA para provar raiz indígena

A senadora americana Elizabeth Warren, apontada como uma potencial candidata à presidência pelo Partido Democrata em 2020, provou a veracidade de sua origem

Senadora chamada de ‘Pocahontas’ por Trump apresenta teste de DNA para provar raiz indígena
Senadora chamada de ‘Pocahontas’ por Trump apresenta teste de DNA para provar raiz indígena

Redação Publicado em 15/10/2018, às 00h00 - Atualizado às 15h41


Presidente havia dito que se ela demonstrasse ancestralidade indígena, ele doaria US$ 1 milhão a entidade de caridade.

A senadora americana Elizabeth Warren, apontada como uma potencial candidata à presidência pelo Partido Democrata em 2020, provou a veracidade de sua origem indígena depois de ser submetida a um teste de DNA que apresenta “forte evidência” de que tem ancestrais nativos, depois que o presidente Donald Trump fez piadas sobre a informação.

Elizabeth Warren, figura importante entre os democratas, foi chamada de “Pocahontas” pelo presidente e acusada de mentir sobre sua origem com o objetivo de obter vantagens em sua carreira, incluindo um trabalho em Harvard.

Mas uma análise de seu DNA feita pelo professor da Universidad Stanford Carlos Bustamante concluiu que, embora “a grande maioria” dos ancestrais de Warren seja europeia, “os resultados apoiam fortemente a existência de um ancestral nativo americano puro”, informa o jornal “The Boston Globe”.

Esse ancestral, segundo Bustamente, aparece na árvore genealógica entre “6 a 10 gerações” atrás.

Em um comício em julho, Trump voltou a desafiar Warren: “Darei um milhão de dólares a sua organização de caridade favorita, pago por Trump, se fizer um exame e demonstrar que é indígena”.

“Tenho a sensação de que ela dirá que não”, completou Trump.

Em novembro do ano passado, o presidente disse, durante uma homenagem na Casa Branca a nativos americanos ex-combatentes da Segunda Guerra Mundial, que o Congresso norte-americano tem uma representante apelidada de “Pocahontas”.

Trump já havia usado o nome da princesa indígena para se referir à senadora Warren.

“Vocês já estavam aqui muito antes que qualquer um de nós”, disse Trump aos nativos presentes. “No entanto, nós temos uma representante no Congresso que, dizem, estava aqui há muito tempo. Eles a chamam de Pocahontas”, continuou, fazendo com que vários membros de sua equipe segurassem o riso.

Pocahontas era a filha predileta do chefe indígena Powhatan e se apaixonou por um colono inglês, John Smith.

O presidente fez o comentário sobre Pocahontas com os três ex-combatentes navajo em frente à foto do controverso presidente Andrew Jackson, que ordenou a expulsão forçada de nativos americanos de suas terras ancestrais, causando a morte de milhares de pessoas.

Donald Trump durante homenagem a indígenas veteranos da Segunda Guerra nesta segunda-feira (27) na Casa Branca — Foto: Brendan Smialowski/AFP

Donald Trump durante homenagem a indígenas veteranos da Segunda Guerra nesta segunda-feira (27) na Casa Branca — Foto: Brendan Smialowski/AFP

‘Vergonha’

Warren não demorou a reagir à situação na Casa Branca: “Donald Trump continua degradando o gabinete da Presidência”, destacou, em um comunicado, ressaltando que os navajo merecem “os elogios e a gratidão” da nação. “O que Trump mostrou foi uma vergonha para nossos valores e um insulto vergonhoso para os heróis da nossa história”, concluiu.

Ela disse ainda: “É profundamente lamentável que o presidente dos Estados Unidos não possa nem passar por uma cerimônia honrando estes heróis sem fazer um insulto racial”.

A Casa Branca negou qualquer conotação racial nas palavras do presidente. Sarah Sanders, porta-voz de Trump, defendeu o uso do apelido e qualificou de ridículas as acusações de racismo.”Acho que o que a maioria das pessoas acredita ser ofensivo é o fato de que a senadora Warren mencione suas origens para promover sua carreira”, disse.

Os indígenas navajo criaram um código de comunicação durante a Segunda Guerra que os japoneses nunca conseguiram decifrar. Os Estados Unidos usaram centenas de nativos americanos de diferentes tribos, cujos dialetos ancestrais serviram de código de comunicação indecifrável para os inimigos. A pronúncia e o vocabulário das línguas indígenas eram, então, desconhecidas para os alemães e os japoneses, que integravam o Eixo junto com a Itália.

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