Diário de São Paulo
Siga-nos

Sem marcas brasileiras, vaga de Pietro na Haas está ameaçada

O sábado da Fórmula 1 começou com a notícia mais cantada da última semana. Após toda a crise causada pela invasão da Russia liderada por Vladimir Putin à

Sem marcas brasileiras, vaga de Pietro na Haas está ameaçada
Sem marcas brasileiras, vaga de Pietro na Haas está ameaçada

Redação Publicado em 05/03/2022, às 00h00 - Atualizado às 17h31


O sábado da Fórmula 1 começou com a notícia mais cantada da última semana. Após toda a crise causada pela invasão da Russia liderada por Vladimir Putin à Ucrânia, a Haas enfim anunciou o fim do patrocínio da empresa russa UralKali, uma das gigantes internacionais do ramo dos fertilizantes, de propriedade do oligarca Dmitry Mazepin, e a consequente saída de Nikita Mazepin, filho do empresário, da equipe americana. Com isso, uma das cobiçadas 20 vagas de titular na maior categoria do automobilismo mundial, foi reaberta. E o favorito para assumir o posto é um brasileiro: Pietro Fittipaldi, de 25 anos, reserva do time desde a temporada 2019.

Pietro Fittipaldi substituiu Nikita Mazepin nos testes após a temporada de 2021 em Abu Dhabi — Foto: Hasan Bratic/DeFodi Images via Getty Images

Pietro Fittipaldi substituiu Nikita Mazepin nos testes após a temporada de 2021 em Abu Dhabi — Foto: Hasan Bratic/DeFodi Images via Getty Images

O problema é que a Haas precisa de parceiros para suprir a saída da família Mazepin. O acordo com a UralKali rendia em torno de € 30 milhões anuais (aproximadamente R$ 166 milhões na cotação atual) à equipe americana. Entretanto, como os pagamentos são feitos antecipadamente, ela não precisa repor tudo para a temporada 2022 – nos bastidores, fala-se em um terço deste valor. Mas precisa sim de alguém que traga patrocinadores – se possível, com marcas fortes. E este é justamente o problema do brasileiro: até o momento, Pietro Fittipaldi não tem apoio de empresas brasileiras para assegurar a vaga de titular na equipe americana. Vale lembrar que o país não tem um piloto disputando toda a temporada da F1 desde a saída de Felipe Massa da Williams, no fim de 2017. Depois disso, Pietro disputou duas corridas – os GPs de Sakhir e de Abu Dhabi – no fim de 2020 como titular pela Haas, substituindo o francês Romain Grojean após o grave acidente no GP do Bahrein.

O problema para o brasileiro assumir a vaga esbarra justamente na falta de apoio. Atualmente, Pietro tem apenas dois pequenos patrocínios pessoais: a empresa de telefonia Claro, que já vem desde seus primeiros passos no automobilismo, e as baterias Moura. E o problema é que a concorrência é pesada: o italiano Antonio Giovinazzi, de 28 anos, ex-Alfa Romeo, atual reserva da Ferrari e titular da Dragon/Penske na Fórmula E, tem o apoio da equipe italiana, que fornece motores e boa parte dos componentes do carro – todos os permitidos pelo regulamento – para a Haas. Outro forte candidato é Oscar Piastri, de 20 anos, atual campeão da Fórmula 2, mas que ficou sem vaga de titular para 2022. O australiano é do programa de formação da Alpine e reserva da equipe francesa, que pode se interessar em dar experiência ao jovem antes de ele assumir uma vaga de titular no time. E o indiano Jehan Daruvala, membro da academia da Red Bull e piloto da Prema na F2, também está na briga.

Pietro Fittipaldi andou no mesmo ritmo do titular Mick Schumacher nos testes de Abu Dhabi de 2021 — Foto: Clive Rose/Getty Images

Pietro Fittipaldi andou no mesmo ritmo do titular Mick Schumacher nos testes de Abu Dhabi de 2021 — Foto: Clive Rose/Getty Images

Em 2022, Pietro está em sua quarta temporada como piloto de testes e reserva da Haas. E a equipe tem uma boa avaliação do trabalho do brasileiro. As duas corridas disputadas em 2020 confirmaram as expectativas – em Abu Dhabi, por exemplo, ele mostrou um ritmo consistente e chegaria à frente de Kevin Magnussen, em sua última corrida na equipe após quatro temporadas, não fosse uma chamada tardia para um pit stop extra – nos bastidores, fala-se em uma ação para não estragar a despedida do dinamarquês, atualmente piloto da Chio Ganassi no IMSA, nos Estados Unidos, da Fórmula 1.

Apoio do pai e de pequenos parceiros

Pietro Fittipaldi, aos 15 anos, com o carro e o troféu da Limited Late Models, nos Estados Unidos — Foto: Divulgação

Pietro Fittipaldi, aos 15 anos, com o carro e o troféu da Limited Late Models, nos Estados Unidos — Foto: Divulgação

A carreira de Pietro Fittipaldi começou no kart nos EUA. Depois, tomou o caminho das categorias de base em direção à Nascar. Aos 15 anos, foi o primeiro latino-americano campeão da Limited Late Models em 2011, no Hickory Motor Speedway, na Carolina do Norte. Em 2013 fez o salto para o automobilismo europeu, onde correu na Fórmula Renault Inglesa – de onde foi campeão em 2014 – e na Europeia, além da F4 Inglesa.

Em 2016 foi campeão do MRF Challenge na Ásia, uma categoria disputada nas férias do automobilismo europeu. E em 2017 foi campeão da World Series (Fórmula V8 3.5), que contava com carros com a mesma potência dos da GP2 à época. Desde 2018 como piloto de testes da Haas, Pietro correu em várias categorias como a Indy, o Mundial de Endurance (WEC), o Alemão de Turismo (DTM) e a Super Fórmula japonesa.

Pietro Fittipaldi no pódio da etapa do México da World Series, onde foi campeão em 2017 — Foto: José Mario Dias

Pietro Fittipaldi no pódio da etapa do México da World Series, onde foi campeão em 2017 — Foto: José Mario Dias

Tudo isso com o apoio de um pai apaixonado e de pequenos parceiros. Gugu da Cruz era conhecido pelos empreendimentos – foi o fundador da hoje gigante Polishop, por exemplo. Vendeu todas as participações em empresas que tinha no Brasil para financiar a carreira dos dois filhos no automobilismo, enquanto lutava para conseguir parceiros para ajudar no custeio da empreitada. Uma ação bem-sucedida até agora: Pietro hoje é reserva da Haas na F1 e Enzo é titular da equipe tcheca Charouz na Fórmula 2, categoria de acesso à maior categoria do automobilismo.

Pietro Fittipaldi com a bandeira do Brasil nos boxes da Haas no GP de Sakhir de 2020 — Foto: Divulgação/Haas

Pietro Fittipaldi com a bandeira do Brasil nos boxes da Haas no GP de Sakhir de 2020 — Foto: Divulgação/Haas

.

.

.

GE

Compartilhe  

últimas notícias