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Sara Winter foi expulsa do Femen por sumir com dinheiro para protesto e espalhar mentiras

A ativista Sara Winter, presa nesta segunda-feira (15) em Brasília em uma investigação sobre movimentos antidemocráticos, foi excluída do grupo feminista

Sara Winter foi expulsa do Femen por sumir com dinheiro para protesto e espalhar mentiras
Sara Winter foi expulsa do Femen por sumir com dinheiro para protesto e espalhar mentiras

Redação Publicado em 15/06/2020, às 00h00 - Atualizado às 10h51


Até 2012, atual ativista fez parte do Femen. Ucraniana afirma que ela pediu dinheiro para realizar ação, mas ‘simplesmente desapareceu’

A ativista Sara Winter, presa nesta segunda-feira (15) em Brasília em uma investigação sobre movimentos antidemocráticos, foi excluída do grupo feminista Femen em 2012 acusada de “desaparecer” após receber dinheiro para fazer protesto que não foi realizado e espalhar mentiras sobre a organização. As afirmações são de Inna Schevchenko, líder do Femen, em entrevista ao G1 por e-mail.

Femen é um grupo feminista fundado na Ucrânia, famoso por protestos em várias partes do mundo de mulheres com seios à mostra e frases escritas no corpo. Na época em que deixou o grupo, Sara negou o uso irregular de dinheiro enviado pela matriz e disse que a organização assumiu uma postura “ditatorial” com as integrantes brasileiras.

Atualmente, Sara Winter é chefe de um grupo radical em Brasília suspeito de ser uma “milícia armada”, segundo o Ministério Público do Distrito Federal.

“O engajamento político recente da Sara Winter e as desinformações que ela espalhou sobre o movimento feminista nos últimos anos são uma vergonha”, afirma Inna.

A filiação de Sara ao Femen ocorreu há oito anos, quando ela foi até a Ucrânia. Naquele ano, ela chegou a protestar pela cassação do então deputado federal Jair Bolsonaro, de quem hoje é aliada, segundo o inquérito das fake news.

“Ela se apresentou naquela época como uma dedicada feminista que queria liderar o movimento feminista no Brasil. Quando ela voltou ao Brasil, nós descobrimos por alguns jornalistas locais que Sara Winter não era seu verdadeiro nome e que anteriormente ela estava envolvida em alguma organização estudantil de direita. Nossa surpresa e indignação foram enormes”, conta a ucraniana de 29 anos.

Sara, na realidade, se chama Sara Fernanda Giromini. Já naquela época, ativistas de esquerda a criticaram por ter adotado um “nome de guerra” igual ao de uma apoiadora nazista britânica morta em 1944: Sara Winter née Domville-Taylor.

Historiadores confirmam que há evidências da existência da britânica, embora ressaltem que ela não foi uma figura conhecida historicamente e que não há nenhuma comprovação de relação entre o nome das duas.

“Há evidências, sim, da existência de uma Sara Winter na União Fascista Britânica, mas não é possível afirmar que há uma relação de causalidade entre a Sara Winter original e a adoção (do nome) da Sara Winter brasileira”, afirma Odilon Caldeira Neto, professor de História Contemporânea na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

Pesquisador de grupos neonazistas e de extrema-direita, ele diz que o grupo atualmente liderado pela Sara brasileira tem semelhanças com grupos radicais no exterior.

“O grupo adota algumas práticas que podem ser comparadas a grupos de extrema direita internacional, seja na simbologia das tochas, seja no termo ‘ucranizar’. Se enquadra dentro de um panorama de novos tipos de manifestação de grupos de extrema direita”, afirma ele.

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