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São Paulo x Inter: o curioso caso do confronto entre grandes que é mais decisivo no continente do que no Brasil

Nessa quarta-feira, às 21h30, São Paulo e Inter encontram-se para uma partida que parece crucial para o desenrolar do Brasileiro, mas que só ao final do

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Redação Publicado em 20/01/2021, às 00h00 - Atualizado às 11h47


Nessa quarta-feira, tricolores e colorados enfrentam-se na briga pela liderança do Brasileiro. Quando a competição era disputada em mata-mata, a fase mais avançada em que os times se encontraram foi nas quartas de 1981.

Nessa quarta-feira, às 21h30, São Paulo e Inter encontram-se para uma partida que parece crucial para o desenrolar do Brasileiro, mas que só ao final do campeonato saberemos se era de fato uma decisão. Porque há outros perseguidores furiosos no retrovisor, mas também pelo singelo motivo de que, depois da contenda, ainda vão faltar sete rodadas — e nesse formato de pontos corridos o prazer é sempre diluído e a catarse acontece de gota em gota.

Em termos históricos, o encontro entre São Paulo e Inter tem suas excentricidades. É um duelo em que o retrospecto decisivo é mais importante em torneios internacionais do que nas contendas domésticas, por exemplo. Nas duas Libteradores coloradas, os são-paulinos estavam pelo caminho — na decisão de 2006 e na semifinal de 2010. Em ambas, com Tinga expulso e os colorados desesperados, tentando amarrar a panturrilha ao próprio cotovelo, antes do arrebatamento final.

Nem tudo é chuva de papel picado, obviamente. Pouco antes, em 2005, com estádios praticamente vazios, houve outra vitória gaúcha, na primeira fase da Sul-Americana: o empate em 1 a 1 no Morumbi garantiu a classificação do Inter, após a vitória de 2 a 1 em Porto Alegre, com o segundo gol marcado numa paulada do saudoso, ainda que vivo, centroavante Gustavo, o Papa.

No âmbito nacional, apesar das taças e dos cerca de oitenta confrontos, nenhuma decisão. Quase nenhum drama, ousaria dizer. Juntos, São Paulo e Inter já alcançaram dez títulos nacionais (e mais de vinte vezes chegaram como campeão ou vice), e a única vez em que se encontraram nesses perrengues mais acirrados de mata-mata aconteceu nas quartas-de-final do Brasileiro de 1981, quando Serginho Chulapa só não fez chover nas duas vitórias contra o Inter. O São Paulo avançaria até a final e cairia para o Grêmio de Paulo Isidoro e Baltazar.

Inter e São Paulo, no empate em 1 a 1 pelo primeiro turno do Basileiro 2020 — Foto: Ricardo Duarte/Divulgação Inter

Inter e São Paulo, no empate em 1 a 1 pelo primeiro turno do Basileiro 2020 — Foto: Ricardo Duarte/Divulgação Inter

Além disso, nada mais. Nem decisão e nem sequer uma semifinal. Na segunda metade dos anos 80, por exemplo, quatro finais nacionais tiveram a presença de São Paulo ou Inter (os tricolores foram campeões em 86 e perderam em 89; os colorados foram vice em 87 e 88), e mesmo assim não houve qualquer encontro bombástico. É praticamente um pacto de não-agressão em território brasileiro.

É claro que foram muitos os grandes jogos, mas alguns deles acabaram virando o gelo do whisky: serve só pra passar o tempo. Pouca gente talvez se lembre que, apenas um mês após o vermelhante embate pela Libertadores 2006, o São Paulo bateria, por 2 a 0, justamente o Inter (que acabaria vice) no caminho daquele que seria o primeiro dos seus três títulos brasileiros consecutivos.

Aliás, esse é outro fato que provavelmente contribuiu para a ausência de jogo decisivos: nos anos 2000, quando ambos os times viviam momentos arrebatadores, o Brasileiro já era disputado em pontos corridos. Além disso, os times que jogavam a Libertadores não disputavam a Copa do Brasil, competição que para Inter e São Paulo historicamente é tão apetitosa quanto um bife de sola de alpargata.

Apesar do desértico histórico de confrontos decisivos em torneios nacionais, aspectos metafísicos unem são-paulinos e colorados. Em 1985, o São Paulo contratou Paulo Roberto Falcão, maior jogador da história do Inter, após gloriosa passagem pela Roma, e o primeiro jogo, um amistoso, aconteceu justamente contra os colorados — vitória paulista por 1 a 0, com gol contra de ninguém menos que Mauro Galvão. E em 2010, na primeira partida como visitante ao Beira-Rio depois de tudo que sucedeu em 2006, Fernandão marcou um dos gols tricolores na vitória por 2 a 0. Atentem e percebam: apenas nesse último parágrafo encontramos envergadura técnica e moral para reivindicar umas dezenove finais de Brasileiro.

Footer blog Meia Encarnada Douglas Ceconello — Foto: Arte

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GE – Globo Esporte.

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