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Salles recua de proposta para reduzir meta de preservação da Amazônia

O ministro Ricardo Salles recuou da proposta de substituir a meta de redução das queimadas e desmatamento ilegal em 90% até 2023 pela meta de proteger uma

Salles recua de proposta para reduzir meta de preservação da Amazônia
Salles recua de proposta para reduzir meta de preservação da Amazônia

Redação Publicado em 05/08/2020, às 00h00 - Atualizado às 10h36


Desistência se deu a pedido de área técnica do Ministério da Economia.

O ministro Ricardo Salles recuou da proposta de substituir a meta de redução das queimadas e desmatamento ilegal em 90% até 2023 pela meta de proteger uma área de 390 mil hectares de floresta amazônica. O recuo do Ministério do Meio Ambiente foi motivado pela área técnica do Ministério da Economia. A informação é do jornal “O Globo”.

Preocupação

Ambientalistas e entidades haviam demonstrado preocupação após o Ministério do Meio Ambiente encaminhar um ofício com proposta de substituir a meta de redução das queimadas e desmatamento ilegal.

Segundo o secretário-executivo do Observatório do Clima, Márcio Astrini, a proposta, na verdade, é uma tentativa do Ministério do Meio Ambiente de abandonar a meta de preservação.

“O objetivo de proteger áreas, seja ele qual e como for – coisa que o ministro [Ricardo Salles] não explica no ofício como será feito – não é equivalente e não pode substituir o objetivo de diminuir desmatamento e queimada ilegal. São coisas diferentes. O que o ministro fez foi tentar abandonar a meta de redução de 90% do desmatamento”, explica o secretário-executivo do Observatório do Clima.

Quanto ao tamanho da área proposta a ser protegida no ofício, de 390 mil hectares, ou 3,9 mil km², Tasso Azevedo, coordenador da ONG Mapbiomas, comenta que a extensão é insuficiente diante do tamanho de áreas que necessitam de proteção.

“390 mil hectares de área protegida não é nada, é uma fraçãozinha muito pequena. A Amazônia tem mil vezes essa área, isso é 0,1% da floresta”, comenta o ambientalista Tasso Azevedo, coordenador da ONG Mapbiomas.

Além de ser uma parcela minúscula da Amazônia, a área de proteção sugerida representa apenas cerca de um terço da área que foi desmatada entre agosto de 2018 e julho de 2019, quando o desmatamento na Amazônia foi de 10,1 mil km².

Em termos comparativos, a sugestão da pasta significa que, enquanto um território mais de seis vezes maior que a cidade de São Paulo foi devastado na Amazônia em apenas um ano, o governo quer se comprometer a proteger somente uma área 2,5 vezes maior que a capital paulista nos próximos três anos.

A pedido, ainda em termos de comparação de territórios, Astrini fez uma projeção da área que poderá ser protegida em termos de desmatamento até 2023 se for mantida a meta atual.

“Se considerarmos o número do último desmatamento, que foi 10 mil km², e projetá-lo para quatro anos, teremos 40 mil km² (de desmatamento). Portanto, a gente teria cerca de 36 mil km² de área preservada segundo a metal em vigor (de reduzir o desmatamento em 90%)”, calcula Astrini.

G1

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