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Rodrigo Constantino: A motociata de Agripino

]João Doria realizou uma gigantesca motociata em apoio à sua candidatura, colocando centenas de milhares de motociclistas nas ruas paulistas com faixas

Rodrigo Constantino: A motociata de Agripino
Rodrigo Constantino: A motociata de Agripino

Redação Publicado em 05/08/2021, às 00h00 - Atualizado às 13h07


A motociata de Agripino

Rodrigo Constantino

]João Doria realizou uma gigantesca motociata em apoio à sua candidatura, colocando centenas de milhares de motociclistas nas ruas paulistas com faixas dizendo “Agora é Dória”. Claro que a chamada é falsa, como quase tudo que envolve o governador. Isso nunca aconteceu, tampouco aconteceria. Doria não seria capaz de colocar nem poucas centenas de apoiadores nas ruas, muito menos uma multidão – a menos que fosse para persegui-lo. Seria esse o motivo do incômodo do governador com as motociatas do presidente?

O governador tucano disse, nesta quarta-feira, que o presidente Jair Bolsonaro deve assumir os custos pela escolta da polícia militar caso decida fazer uma nova motociata em São Paulo. “Já determinei à polícia militar que, se o presidente Bolsonaro voltar aqui para fazer outra motociata, ele vai ter que pagar. Vamos cobrar pela mobilização nos passeios de motocicleta. Não é obrigação do governo do estado de São Paulo fazer segurança para motociata”, disse o governador.

Alguém acreditou se tratar mesmo de uma grande preocupação com os gastos públicos? Ou será que dá para detectar aquela pontada de inveja no governador? Doria afirmou que, em manifestações como as realizadas na avenida Paulista ou em áreas autorizadas pela polícia militar, cabe ao estado de São Paulo atender e garantir a proteção de todos os participantes neste tipo de evento. Mas classifica a organização de uma motociata como uma situação diferente.

Será? Pergunta: o governador vai cobrar dos sindicatos petistas, da UNE, MST e CUT pela segurança que tem de ser enorme quando a esquerda faz “manifestações” violentas? Fica evidente o duplo padrão. No fundo a esquerda, tucana ou petista, morre de inveja do fato de que Bolsonaro, apesar do desgaste de mais de dois anos de governo e do massacre midiático, ainda é capaz de atrair multidões às ruas. Quantas pessoas teriam num “passeio com Lula” sem mortadela? Quantos iriam atrás de Doria num patinete motorizado?

A esquerda perdeu as ruas. Só consegue chamar a atenção com o quebra-quebra, o vandalismo, o terrorismo urbano. E depois, quando os responsáveis vão presos, os petistas saem em defesa dos marginais. Doria gostaria de ser uma alternativa equidistante entre Lula e Bolsonaro, mas não consegue convencer. Todos percebem seu oportunismo ao ter surfado na onda bolsonarista para ser eleito, e depois suavizar para o lado petista. Doria consegue uma façanha sim: é praticamente unânime na rejeição de ambos os lados. Ou seja, só é capaz de unir a população se for para ficar contra ele.

No fundo, Agripino adoraria ter uma motociata para chamar de sua. Como não tem, faz birra e tenta impedir a de Bolsonaro. Quem nasce para patinete nunca chega a motocicleta…

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