Os protestos dos caminhoneiros e o risco de desabastecimento em vários setores provocaram corrida aos postos de combustíveis de São Paulo na noite desta
Redação Publicado em 24/05/2018, às 00h00 - Atualizado às 11h33
Os protestos dos caminhoneiros e o risco de desabastecimento em vários setores provocaram corrida aos postos de combustíveis de São Paulo na noite desta quarta-feira (23). Filas de carros foram registradas inclusive no início da madrugada desta quinta (24) em várias regiões da capital.
Segundo a Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis), já foram registrados casos de desabastecimento no Rio de Janeiro, cidades do Rio Grande do Sul e no Distrito Federal.
Outros estados também registraram o problema, como Minas Gerais e Tocantins. No Mato Grosso, por exemplo, a falta de combustíveis afetou o transporte escolar em Primavera do Leste, onde a prefeitura decidiu suspender o serviço de algumas escolas.
No Recife, houve redução no número de ônibus em circulação, enquanto foram registrados atrasos em linhas de cidades de São Paulo.
Há ainda um alerta sobre os combustíveis para aviões. Segundo a Infraero, 5 aeroportos no Brasil têm combustível suficiente para operar somente até esta quarta-feira, enquanto outros 6 têm para, no máximo, dois dias.
Congonhas, em São Paulo, recebeu combustível, mas a reserva para abastecer os aviões só deve durar até a noite de sexta (25).
Associações relatam impactos na produção e distribuição de alimentos, enquanto supermercados e postos de combustíveis em vários estados enfrentam dificuldades para repor os produtos.
Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), mais da metade da produção de carne suína e de aves já está parada, com 78 frigoríficos com operações suspensas. A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC) acrescenta que há também impactos na produção de carne bovina.
Até agora, 129 frigoríficos pararam as produções de carne bovina, suína e de aves. As associações que representam os setores estimam que esse número suba para 208 até sexta se a situação não se normalizar. Caso isso se confirme, o resultado será a paralisação de cerca de 90% da produção nacional de carne.
Entre as grandes empresas produtoras de carne, a JBS e a BRF anunciaram paralisações. A primeira diz que “está adotando medidas em suas operações (fábricas) e logística, que inclui a paralisação de algumas unidades de carne bovina, aves e suínos, em razão da impossibilidade de escoar sua produção”. As unidades paralisadas pela JBS ficam em 5 estados (Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul).
Já a BRF anunciou paralisação da produção em virtude da dificuldade de escoar os produtos, além da falta de recebimento de matéria prima, insumos e animais para abate. Segundo a Reuters, são 13 unidades com operações suspensas nesta quarta.
A produção de outros alimentos também é impactada, como o leite. O Jornal Hoje mostrou que, em uma cooperativa no Paraná, foram descartados 6 mil litros em dois dias por causa da dificuldade de escoar a produção. Outro produtor jogou fora um total de 1,3 mil litros pelo mesmo motivo.
A Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam) disse que manterá somente até esta sexta a liberação do transporte de remédios, carga viva e produtos perecíveis.
O movimento dos caminhoneiros também tem provocado falta de produtos nas prateleiras dos supermercados em diversos estados. “Isso poderá se estender para todo o Brasil nos próximos dias, se algo não for feito”, disse a entidade em nota.
Segundo a Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS), foram registrados até a tarde desta quarta casos de desabastecimento em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Ceará, Tocantins, Santa Catarina e São Paulo.
No Rio de Janeiro, a falta de produtos já começou a impactar os preços, com o valor de um saco de batata chegando a R$ 500 na Ceasa. Em Juiz de Fora (MG), uma rede de supermercados colocou cartazes em várias lojas avisando sobre a possibilidade de falta de alguns produtos.
Na Ceagesp, em São Paulo, os carros estão vazios ou parados, enquanto funcionários ficam à espera de serviço. Os boxes estão com caixas vazias, pois, desde terça-feira (22), não chega mercadoria. A companhia confirmou, por meio de nota, que a greve dos caminhoneiros está afetando o abastecimento e que “alguns produtos começam a ter problemas na oferta/chegada”.
Há ainda dificuldades na distribuição de gás de cozinha em Goiânia e no Distrito Federal, segundo o Sindigás.
Os Correios suspenderam temporariamente as postagens das encomendas com dia e hora marcados (Sedex 10, 12 e Hoje).
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