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Renzo Angerami: Polícia Civil X Crime Organizado

Como já mencionei nesta coluna, trabalhei por cerca de trinta os no combate à criminalidade ordinária e ao crime organizado. Também contei que há mais de dois

Renzo Angerami: Polícia Civil X Crime Organizado
Renzo Angerami: Polícia Civil X Crime Organizado

Redação Publicado em 31/05/2020, às 00h00 - Atualizado em 05/06/2020, às 17h24


Polícia Civil X Crime Organizado:

Respeito aos Direitos Humanos e ao Direito dos Animais

Como já mencionei nesta coluna, trabalhei por cerca de trinta os no combate à criminalidade ordinária e ao crime organizado. Também contei que há mais de dois anos estou à frente da Delegacia de Polícia do Meio Ambiente de Santo André, unidade que me propiciou um contato mais direto e contínuo  com crimes envolvendo maus tratos contra animais. Esse tipo de crime, costumeiramente ladeado por crueldade, posto ter como vítimas seres que não têm voz, é considerado de menor potencial ofensivo, e, constantemente relegado a segundo plano, quer pelo Poder Público, quer por membros da própria sociedade.

No final do mês passado fui acionado para prestar apoio em uma operação contra o crime organizado realizada pela 8ª Delegacia Seccional de Polícia, sob o comando do Delegado de Polícia, Dr. Carlos Alberto da Cunha. A operação visava à prisão de Wislan Ramos Ferreira, conhecido por “Jagunço”, acusado de comandar o “Tribunal do Crime” da facção criminosa autodenominada Primeiro Comando da Capital (PCC), na zona lesta da capital, onde teria praticado cerca de 100 homicídios, além de comandar o tráfico de drogas.

A casa em que  “Jagunço” estaria homiziado com a família ficava na cidade de Itaquaquecetuba, região metropolitana de São Paulo, com localização que dificultava o acesso da polícia e era guarnecida por cães da raça pitbull.

A equipe do Delegado Carlos da Cunha, com participação do Ministério Público, investigava o suspeito há meses. Além da investigação de vários homicídios, após interceptação telefônica, descobriu-se uma ordem para atentados contra autoridades, incluindo o Delegado Geral da Polícia Civil do Estado de São Paulo.

Considerando a complexidade da missão, atrelada a cautela de se efetuar a prisão de um indivíduo considerado de alta periculosidade, que já se furtara a outros cercos policiais, a ação foi milimetricamente planejada. Para que não houvesse feridos ou danos colaterais o trabalho contou com a participação de policiais experientes, além do apoio do Serviço Aerotático (SAT) da Polícia Civil.

Dias antes da operação o Delegado Carlos da Cunha me procurou, falou sobre a operação e relatou que a casa onde “Jagunço” estaria escondido encontrava-se vigiada por cachorros da raça pitbull, o que poderia prejudicar a incursão policial no imóvel e colocar os cães em perigo. Explicou que a equipe visava o cumprimento do mandado, mas também tinha a preocupação em garantir que ninguém se ferisse durante a ação, inclusive os animais.

Causou-me certa surpresa e muito orgulho poder fazer parte desta missão. Em um típico trabalho multidisciplinar, com o auxilio de um médico veterinário, colaborador do “Projeto Leis e Bichos”, do qual faço parte, procuramos um método para dopar os animais, para que os mesmos não atacassem os policiais, não alertassem o suspeito e, sobretudo, para que não tivessem sua integridade violada.

A operação ocorreu na mais perfeita sincronia, com “Jagunço” preso, nenhum ferido e animais preservados.

O sucesso dessa ação deixa evidente a legalidade estrita que envolve os trabalhos realizados pela Polícia Civil paulista, sempre com a observância dos direitos humanos e, também, com uma crescente preocupação com o meio ambiente e, em especial, com a segurança e preservação de nossos animais.

Essa operação deve ser considerada como verdadeiro marco, pois exterioriza e promove o pensamento da Polícia Civil moderna, que tem seus alicerces na investigação policial calcada em legalidade e, também na busca constante da preservação de todos os tipos de direito, inclusive daqueles que não tem voz!!!

Quem quiser saber os detalhes dessa operação poderá conferir em @leisebichos, https://youtu.be/YoUY_ggZF-4   e https://youtu.be/BWsiZmP5OqA

Renzo Angerami é Chefe dos Investigadores da Delegacia de Polícia do Meio Ambiente de Santo André e idealizador do Projeto Leis e Bichos

IG.

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