Diário de São Paulo
Siga-nos

Reinaldo Polito: Cristo foi o maior orador que o mundo conheceu

Jesus Cristo foi um orador extraordinário. Para facilitar o entendimento dos ouvintes, utilizava as parábolas. Foi com essas histórias inspiradoras que

Reinaldo Polito: Cristo foi o maior orador que o mundo conheceu
Reinaldo Polito: Cristo foi o maior orador que o mundo conheceu

Redação Publicado em 27/06/2021, às 00h00 - Atualizado às 10h39


Cristo foi o maior orador que o mundo conheceu

Jesus Cristo foi um orador extraordinário. Para facilitar o entendimento dos ouvintes, utilizava as parábolas. Foi com essas histórias inspiradoras que transmitiu seus ensinamentos. Até hoje essas narrativas são utilizadas pelos cristãos para passar mensagens de fé e de esperança. Algumas delas são úteis para todos os momentos da vida.

Quem deseja falar em público, por exemplo, precisa conhecer uma das aulas mais excepcionais de oratória já ministradas: a parábola do semeador. Vale a pena observar como os maiores pregadores, com interpretações distintas, sempre fizeram uso dessa história. Vamos ver inicialmente como foi que Cristo fez a sua pregação.

Reunindo-se uma grande multidão e vindo a Jesus gente de várias cidades, ele contou esta parábola:

“O semeador saiu a semear. Enquanto lança a semente, parte dela caiu à beira do caminho; foi pisada, e as aves do céu a comeram. Parte dela caiu sobre as pedras e, quando germinou, as plantas secaram, porque não havia umidade. Outra parte caiu entre os espinhos, que cresceram com ela e sufocaram as plantas. Outra ainda caiu em boa terra. Cresceu e deu boa colheita, a cem por um”. Tendo dito tudo isso, exclamou: “Aquele que tem ouvidos para ouvir, ouça!”.

Com base nessa parábola, grandes pregadores, interpretando a mensagem por ângulos diferentes, falaram com os fiéis. Vamos analisar os sermões de Rick Warren, Charles Spurgeon e Antônio Vieira.

A pregação de Warren tem como título “Por que o evangelho deve focar nas pessoas receptivas”. Ele afirma que não se deve perder tempo pregando para quem não deseja ouvir, e sim para as pessoas que estejam abertas à mensagem:

“A receptividade ao evangelho varia amplamente em diferentes momentos da vida das pessoas. Às vezes as pessoas estão muito abertas ao evangelho e às vezes elas estão muito fechadas. E receptividade não dura para sempre. Quando Jesus enviou os discípulos para evangelizar, ele disse: Se uma casa ou cidade se recusa a recebê-lo ou ouvi-lo, saia daquele lugar e sacuda a poeira dos seus pés”.

Já Spurgeon afirmava que toda terra poderia ser boa, desde que tratada adequadamente:

“Sabem por que motivo tantos cristãos que professam sua fé são como o solo espinheiro? Porque em tais pessoas falta ocorrer os processos que levariam a alterar a condição das coisas. É tarefa do lavrador arrancar os espinhos ou queimá-los logo. Jamais conseguiremos remover espinhos com arados que mal arranham a superfície. O melhor trigo nasce no campo que é melhor arado”.

Vieira acredita que a palavra fará efeito, independentemente de onde caia a semente: “Os ouvintes, ou são maus ou são bons: se são bons, faz neles fruto a palavra de Deus; se são maus, ainda que não faça neles fruto, faz efeito. No Evangelho o temos. O trigo que caiu na má terra, não frutificou, mas nasceu; porque a palavra de Deus é tão fecunda, que nos bons faz muito fruto, e é tão eficaz que nos maus, ainda que não faça fruto, faz efeito; lançada nos espinhos, não frutificou, mas nasceu até nos espinhos; lançada nas pedras, não frutificou, mas nasceu até nas pedras”.

Portanto, a parábola do semeador, a partir de três visões distintas, serve como exemplo para que o orador possa transmitir sua mensagem. Ou procurando somente ouvintes atentos, como sugere Rick Warren. Ou removendo as resistências, como prega Spurgeon. Ou não se incomodando com quem serão os ouvintes, já que ainda não fazendo fruto, a palavra fará efeito, como defende Vieira.

Vale a pena também ler e meditar sobre cada palavra do Sermão da Montanha. Uma das peças oratórias mais fascinantes que se tem notícia. Ali estão os exemplos de técnica, estilo, estrutura lógica de raciocínio e recursos de persuasão. O que pode ser mais inspirador que a última parte desse sermão?

“…bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus; bem-aventurados sois vós quando vos injuriarem, e perseguirem, e, mentindo, disserem todo o mal contra vós, por minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós”.

Reinaldo Polito é Mestre em Ciências da Comunicação e professor de oratória nos cursos de pós-graduação em Marketing Político, Gestão Corporativa e Gestão de Comunicação e Marketing na ECA-USP. Escreveu 34 livros com mais de 1,5 milhão de exemplares vendidos em 39 países. Siga no Instagram @polito pelo facebook.com/reinaldopolito pergunte no [email protected]
Compartilhe  

últimas notícias