“Eu vejo caos desde que eu cheguei”. Assim o veterinário Jorge Salomão definiu o cenário encontrado durante o trabalho que tem realizado, ajudando no resgate
Redação Publicado em 13/09/2020, às 00h00 - Atualizado às 12h08
“Eu vejo caos desde que eu cheguei”. Assim o veterinário Jorge Salomão definiu o cenário encontrado durante o trabalho que tem realizado, ajudando no resgate de animais no Pantanal há cerca de duas semanas. Desde o início do ano, mais de dois milhões de hectares já foram consumidos pelas queimadas que assolam a região entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, segundo dados do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos incêndios florestais do Ibama (Prevfogo).
Nas últimas semanas, a situação tem se tornado cada vez mais crítica. “Tem muito animal morto , carbonizado. A gente vê por todos os lados”, conta Salomão, responsável técnico da ONG AMPARA Silvestre , que, entre outras atribuições, trabalha na reabilitação de animais que possam ser devolvidos à natureza.
Dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) revelam que a quantidade de focos de incêndios registrada no bioma entre janeiro e agosto deste ano foi de 10.153. O valor ultrapassa os 10.048 pontos de queimada contabilizados nos últimos seis anos, de 2014 a 2019.
“Está sendo catastrófico . Cenários arrasadores. Bichos agonizando, morrendo de fome e sede. Queimadas com labaredas de 25 metros de altura”, descreve a guia naturalista Eduarda Fernandes, que mora no Pantanal. Na avaliação dela, a atuação do governo tem sido “péssima”. Ela diz que falta estrutura, organização, equipamento, logística e mão de obra.
O veterinário Jorge Salomão compartilha da mesma opinião. Ele conta que, desde o início, ele tem visto um “conformismo estratégico” e descaso por parte da gestão pública. “É aquele negócio de ‘ah, já pegou fogo e não tem o que fazer’”.
Salomão acredita que faltaram medidas protetivas e preventivas que poderiam ter impedido que os impactos fossem tão graves.
“Não tem um centro de reabilitação, uma brigada de incêndio fixa. Isso tudo me choca muito e tem me revoltado bastante”, diz.
“Para a gente que trabalha com isso é desolador”, lamenta o veterinário. “O fogo já queimou grande parte aqui do Pantanal norte e agora ele chegou ao Parque Estadual Encontro das Águas”.
Jorge conta que um dos momentos mais marcantes foi ver o parque sendo atingido pela tragédia. Ele diz que o Parque Encontro das Águas, o único lugar onde ainda não havia fogo, era uma espécie de refúgio para ele.
“Acabava dando um gás, a gente sempre via muita onça, muita ariranha”, relata.
Quando as queimadas chegaram ao parque, Jorge viu um cervo sendo cercado pelas chamas.
“Foi uma cena bem difícil, porque a nossa ação em um caso desse é muito limitada. Então isso me chocou e me mostrou o tamanho do problema e como a gente é pequeno frente a tudo isso que está acontecendo”, conta.
“Algo precisa ser feito”, afirma a guia Eduarda Fernandes ao explicar como ela se envolveu com ações que têm o objetivo de amenizar os prejuízos ao Pantanal.
“Tudo começou quando uma anta com filhote morreu nos meus braços e eu não pude fazer nada por falta de equipe e preparo. A partir daí, eu movimentei uma vaquinha para financiar equipamentos, materiais, veterinário e toda a equipe”, diz Eduarda.
O trabalho de quem está se dedicando a salvar os animais do Pantanal começa cedo. Jorge Salomão conta que ele e a equipe se dirigem às áreas atingidas pelo fogo entre seis e sete horas da manhã.
Eles passam os dias realizando a chamada ‘busca ativa’, que consiste em andar pelas regiões de incêndio à procura de animais feridos que precisam de resgate.
“Achando animal, a gente resgata, faz os primeiros socorros e aí ou fica em uma base provisória que a gente montou aqui ou os casos mais graves são encaminhados para a Universidade Federal do Mato Grosso em Cuiabá”, explica Jorge.
Além disso, a equipe coloca água e comida em cochos artificiais. Para Eduarda, “os bebedouros são uma forma eficiente de auxiliar o animal a achar água no meio dessa sequidão”.
Ela observa também que “os cochos podem salvar mais bichos do que o resgate”, porque, mesmo com assistência especializada, os animais podem acabar não resistindo.
“Sabemos que estamos fazendo um trabalho de formiguinha e que vamos ajudar indivíduos e não uma população”, diz Jorge. “Mas só de poder aliviar a dor de cada indivíduo que a gente consiga, para nós já é o que vale a pena”, conclui.
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IG
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