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Quase 4 mil moradores de Bauru ainda vivem sem sistema de captação de esgoto

Quase 4 mil moradores de Bauru (SP) convivem diariamente com problemas de infraestrutura urbana que poderiam colocar a cidade no século passado. Um dos mais

Quase 4 mil moradores de Bauru ainda vivem sem sistema de captação de esgoto
Quase 4 mil moradores de Bauru ainda vivem sem sistema de captação de esgoto

Redação Publicado em 09/08/2017, às 00h00 - Atualizado às 13h45


Situação que afeta quase 2% da população é crítica em bairros como Jardim Niceia e Quinta da Bela Olinda. DAE admite ‘pilha’ de pedidos não atendidos e promete solução via licitação.

Quatro mil moradores de Bauru sofrem com a falta de saneamento básico

Quatro mil moradores de Bauru sofrem com a falta de saneamento básico

Quase 4 mil moradores de Bauru (SP) convivem diariamente com problemas de infraestrutura urbana que poderiam colocar a cidade no século passado. Um dos mais graves, por suas consequências para a saúde pública, é falta de coleta e tratamento de esgoto. Segundo dados oficiais, esse é o número de bauruenses que não contam com sistema de captação de esgoto.

A situação é mais grave em bairros como o Jardim Niceia e a Quinta da Bela Olinda. No primeiro, crianças brincam sentadas sobre fossas e boa parte das pessoas vive sem saneamento básico. Como as fossas não suportam a quantidade de sujeira, a água contaminada vaza a céu aberto e percorre os quintais das casas.

Na Quinta da Bela Olinda, bairro que surgiu a partir de um empreendimento imobiliário, os canos de água expostos do lado de fora das casas denunciam a falta de coleta e revelam o problema do despejo de água suja diretamente nas ruas.

“É como se a gente não estivesse no século 21, como se a gente vivesse anos-luz atrás, uma situação inaceitável. Com tantas pessoas brigando por asfalto, nós aqui da Quinta da Bela Olinda estamos suplicando o básico, que é o saneamento”, desabafa a professora Monize Ungaro da Silva.

No Jardim Niceia, crianças convivem com

No Jardim Niceia, crianças convivem com “córregos” de esgoto nas ruas de terra (Foto: Reprodução / TV TEM)

O Departamento de Água e Esgoto (DAE) alega que boa parte desse problema já poderia estar resolvida caso a autarquia tivesse executado obras já autorizadas desde 2013, como no caso do Jardim Niceia.

“Assumimos o DAE há sete meses e encontramos uma pilha grande de pedidos de extensão de rede acumulados e parados nos últimos quatro anos sem que o departamento tomasse as providências. No Jardim Niceia esse serviço estava autorizado para execução e não sei por que não foi feito. Estamos retomando com equipe própria os trechos mais emergenciais e no Niceia em duas semanas deve estar concluído”, explicou Éric Fabris, presidente do DAE.

Éric Fabris, presidente do DAE, diz que há obras autorizadas e não realizadas desde 2013 (Foto: Reprodução / TV TEM)

Éric Fabris, presidente do DAE, diz que há obras autorizadas e não realizadas desde 2013 (Foto: Reprodução / TV TEM)

Fabris ressaltou, porém, que uma solução mais ampla deste problema vai requerer a participação de empresas terceirizadas, via licitação. Isso porque, segundo ele, o DAE não pode ocupar suas equipes com obras de extensão de rede e prejudicar os trabalhos de manutenção.

Na Quinta da Bela Olinda, no entanto, a solução não tem prazo definido. Isso porque questões judiciais prejudicaram e até impediram a realização de obras.

“Lá [na Quinta da Bela Olinda] o DAE até preparou um projeto e ia iniciar as obras, mas houve uma interdição judicial porque há entendimento de que a obragação deste tipo de serviço seria do empreendedor que fez o loteamento. Tínhamos disponibilidade, mas ficamos amarrados”, explica Fabris.

Perigo para a saúde

Além do transtorno que o esgoto a céu aberto traz, como com sujeira, poças em ruas de terra e mau cheiro, a falha nesta questão essencial do saneamento básico tem consequências perigosas para a saúde pública.

A médica sanitarista Cristiane Roosevelt lembra que a adoção de fosse séptica, em si, não é um problema, pois é uma forma de a população ter esgoto, mas adverte para os perigos das fossas sem manutenção.

“O problema é se a fossa não tiver a manutenção adequada e não seguir algumas normas técnicas, como distância de quatro metros da casa, não ter tampa trincada nem limpeza feita por empresa especializada. Daí sim pode haver contato com dejetos e contaminação, o que causa doenças diarreicas. Além do problema de se atrair animais como ratos e baratos, o que também provoca doenças”, explica a médica.

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