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Quando a má gestão inunda o Estado

Por Deputada Carla Zambelli

Quando a má gestão inunda o Estado
Quando a má gestão inunda o Estado

Redação Publicado em 04/02/2022, às 00h00 - Atualizado às 07h21


Por Deputada Carla Zambelli

Quando a má gestão inunda o Estado

O orçamento para publicidade normalmente é atacado por opositores, mas existe uma razão de existir. Campanhas informativas nas áreas se saúde, educação, meio ambiente e transporte dependem de recursos. Apenas apontar que Doria gastou para muito além do razoável em propagandas de autopromoção já seria suficiente para responsabilizá-lo pelos problemas que o Estado de São Paulo vem enfrentando. Contudo, é preciso fazer um diagnóstico de gestão, portanto, mais técnico e racional, e, ao executar essa análise, observaremos que a gestão Doria é nitidamente trôpega, cheia de improvisações e muitas “desculpas”, o que normalmente são sintomas de ausência de planejamento.

Por ter trabalhado com gestão de projetos na iniciativa privada, sempre achei estranho, e também inaceitável, a repetição de tragédias ano após ano a cada período de maior intensidade pluviométrica. Ao me preparar para exercer uma função pública, reparei que muitos dispositivos de gestão estão à disposição dos governantes e, em São Paulo, sei que não é diferente. Afirmo, portanto, e também isentando os técnicos do governo que trabalharam e continuam trabalhando muito, que a tragédia deste janeiro de 2022 foi uma escolha de governo.

Exercendo minha função parlamentar e também de cidadã de São Paulo, devo questionar a não utilização de recursos — que giram em torno de R$1 bilhão — enviados pelo Governo Federal para obras de saneamento no estado. Acionarei também mecanismos jurídicos para compreender a razão pela qual, desde 2011 até o ano passado, o governo não utilizou o valor total aprovado pela Alesp para a prevenção de enchentes. O levantamento, feito pela GloboNews, mostra que em 2015, 2016 e 2019 o valor executado foi menor do que a metade aprovada pela Assembleia Legislativa.

Fiz alertas no início da gestão Doria acerca do Plano Diretor de Drenagem de alguns municípios. Esse dispositivo deve estar associado ao Plano de Saneamento e também ao Plano Diretor de Redução de Riscos. Só para registro da importância desses planos, e de um MONITORAMENTO adequado, uma cratera foi recentemente aberta na capital paulista e os relatórios preliminares apontam que a razão foi um “vazamento de esgoto”.

Talvez não estejamos no melhor momento para encontrar culpados. Temos dezenas de famílias devastadas pela perda de seus entes por imprudência administrativa e omissão institucional. Neste momento, nossa equipe acompanha o Governo Bolsonaro nas ações de socorro às regiões atingidas, e, depois de cuidar de quem precisa, buscaremos maiores detalhes dessa tragédia.

Porém, não fazer essa reflexão e responsabilizar um governo que poderia ter investido mais em infraestrutura, auxiliado os municípios e evitado mais uma tragédia, seria mais uma omissão.

Não me entreguei para a vida pública para ser mais uma omissa: Doria escolheu a propaganda e apostou na tragédia.

Ela aconteceu.

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